Existe uma reclamação cada vez mais
comum em consultórios de cirurgiões plásticos. Pacientes insatisfeitas com
implantes nas mamas buscam novas cirurgias pouco tempo após o primeiro
procedimento. Os motivos variam muito, indo desde resultados diferentes da
expectativa até complicações que não poderiam ficar sem uma nova operação. Mas
existe um fator comum à maioria dos casos: a primeira intervenção foi realizada
por médicos sem especialização em cirurgia plástica.
Questionadas
sobre a opção, a maioria das pacientes tem a mesma resposta. Esses
profissionais ofertam procedimentos a preços bem mais competitivos que a média
dos cirurgiões plásticos em São Paulo. Como também são médicos, mesmo sem a
especialização esperada, as pacientes se sentem seguras o suficiente para fazer
a cirurgia e acreditam estar fechando um negócio vantajoso.
Há
dois anos, a mesma situação começou a acontecer com pacientes submetidos à
bichectomia, cirurgia que retira gordura das bochechas e proporciona uma
aparência de magreza ao rosto. O procedimento havia ganhado evidência na
imprensa e, por isso, a procura aumentou. Com a procura maior, médicos sem
especialização e até dentistas passaram a ofertar a bichectomia e, mais uma
vez, são pacientes desses profissionais que procuram cirurgiões plásticos para
corrigir eventuais complicações e aperfeiçoar os resultados.
Agora,
estamos nos deparando com casos de plásticas de rejuvenescimento facial
conduzidas por ditos cirurgiões plásticos faciais. Na realidade, não são
cirurgiões plásticos, isto é, não fizeram residência de cirurgia plástica e não
possuem o respectivo título de especialista. Na verdade, são especialistas em
otorrinolaringologia ofertando procedimentos numa das áreas mais delicadas da
cirurgia plástica, em que até as menores sutilezas podem afetar a harmonia do
rosto e provocar resultados com aparência artificial.
Claro
que existem casos bem sucedidos. Mas a imagem da cirurgia plástica está sendo muito
abalada pelos casos mal sucedidos. A cada complicação, a cada resultado
insatisfatório, as pessoas comentam que fizeram uma cirurgia plástica e
acabaram descontentes. Isso ecoa pela sociedade e, não raro, surgem pacientes
que nunca fizeram uma cirurgia plástica, mas temem complicações que
dificilmente aconteceriam sob os cuidados de um cirurgião plástico devidamente
qualificado.
Operar
com um cirurgião plástico não isenta da possibilidade de complicações, porém a
escolha do profissional é o passo mais importante para uma cirurgia
bem-sucedida. São inúmeros os cuidados que um cirurgião plástico estuda e
observa ao conduzir qualquer procedimento estético. A formação nessa
especialidade requer no mínimo 11 anos de estudos, mas não é raro encontrar
profissionais que passam a vida em constante atualização. Isso é fundamental
para alcançar bons resultados, reduzir o risco de complicações e saber lidar
com elas quando necessário.
Luis Henrique Ishida, presidente da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo (SBCP-SP)
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