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terça-feira, 16 de maio de 2017

Bebe silencioso pode ser um sinal de apraxia da fala


Um dos marcos do desenvolvimento mais esperados pelos pais é a aquisição da fala, fundamental para o desenvolvimento global na infância. Hoje vamos falar de uma condição chamada apraxia da fala. Trata-se de um transtorno da articulação que ocorre quando há comprometimento da capacidade de programar voluntariamente a posição da musculatura dos órgãos fonoarticulatórios e a sequência dos movimentos musculares necessários para produzir fonemas e palavras.

Fazem parte dos órgãos fonoarticulatórios os lábios, a língua, o palato mole, o palato duro e dentes. Apesar da normalidade dos sistemas motores, das habilidades de compreensão e cooperação, a criança com apraxia da fala não consegue realizar a programação específica dos órgãos necessários para falar, pois há um envio incorreto de informações para o cérebro planejar e executar certos movimentos envolvidos na fala.


A apraxia da fala atinge cerca de 1 ou 2 crianças em cada 1000. O transtorno atinge mais meninos que meninas, cerca de 9 meninos para cada 1 menina afetada. O que chama a atenção é que no sexo feminino a apraxia da fala costuma ser mais severa que no masculino. 




Bebê quietinho

 
Segundo Dra. Karina Weinmann, neuropediatra e confundadora da Neurokinder, crianças com apraxia da fala podem ser descritas como bebês silenciosos que não se envolvem facilmente nos jogos vocais, nas brincadeiras de imitar os sons e que apresentam um balbucio empobrecido.


“Percebemos um atraso na emissão dos primeiros vocábulos, que estão presentes normalmente por volta dos 12 meses, podendo aparecer só após os 19 meses. Quando pensamos em combinação das primeiras palavras, como “qué mamá”, por exemplo, pode demorar ainda mais e só acontecer por volta dos 33 meses, quando o normal seria aos 24 meses”, afirma a neuropediatra. 


A criança com apraxia da fala tem a audição normal, usa expressões faciais, gestos, sons não verbais, vocábulos isolados e frases sociais com objetivo de comunicar-se. De acordo com Ana Carolina Pacheco, fonoaudióloga da NeuroKinder, não há anormalidade estrutural ou paralisia do mecanismo oral que justifique a ausência da fala.


“Além da característica de ser um bebê quietinho, com um balbucio limitado ou pouco variado, podemos destacar alguns outros sinais da apraxia da fala, como repertório reduzido de fonemas (sons); troca de palavras de forma inconsistente, como chamar a chupeta de “pu” e depois de “ba”. Quanto maior a palavra, maior será dificuldade. Outras características marcantes são a monotonia e a lentidão da fala, assim como a perda de palavras já usadas, ou seja, a criança pode ter conseguido falar uma palavra e nunca mais a pronunciou”, explica Ana Carolina.


“Embora a apraxia da fala afeta a produção dos fonemas e palavras, é importante chamar a atenção para outros sinais, como dificuldades para mandar beijos, sorrir, movimentar a língua para cima, fazer bico e soprar, por exemplo,”, diz a fonoaudióloga.


A causa específica da apraxia da fala permanece desconhecida, embora alguns estudos na área de genética já mostram que os pacientes acometidos pela apraxia da fala têm alterações em um gene chamado FOXP2, envolvido no desenvolvimento da fala e da linguagem.





Diagnóstico e tratamento:

 
O diagnóstico final só pode ser fechado a partir dos três anos de idade. Entretanto, é importante que os pais fiquem atentos aos marcos do desenvolvimento da fala para acompanhar o progresso da criança. Se houver algum tipo de atraso, o ideal é procurar um neuropediatra para avaliar e encaminhar para o fonoaudiólogo.


Ana Carolina Pacheco explica que o objetivo da terapia fonoaudiológica é ajudar o paciente a dominar o controle voluntário para programar a posição correta dos órgãos fonoarticulatórios, para produzir corretamente os fonemas e as palavras.


“A evolução do tratamento da apraxia da fala é lenta e requer muita dedicação do paciente, do profissional terapeuta e principalmente da família, já que são dados exercícios que devem ser praticados intensivamente, durante todos os dias. Cada criança irá responder de uma maneira ao tratamento. Outro ponto é que se quando há outros transtornos associados à apraxia, o resultado também é variável”, explica Ana.


“De qualquer forma, o mais importante é que a intervenção terapêutica comece o quanto antes, pois quanto mais cedo maiores as chances de melhora do quadro. Além disso, a escola tem função essencial no processo terapêutico e deve estar envolvida com o neuropediatra, o fonoaudiólogo e a família”, finaliza Dra. Karina





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