A maioria das mulheres vive uma eterna batalha
contra a balança. Em alguns períodos, dedicam-se a dietas e exercícios e
conseguem eliminar os indesejados quilos extras. Em outros, dão-se o direito de
aproveitar mais a vida e acabam recuperando em poucos dias o peso que levaram
meses para perder. Geralmente, a motivação é estética, mas a importância da
manutenção do peso vai muito além da satisfação com a imagem refletida no
espelho.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a
obesidade como um dos principais problemas de saúde da atualidade. É
considerada obesa uma pessoa com Índice de Massa Corporal (IMC), acima de 30. O
IMC pode ser obtido dividindo o peso pela altura ao quadrado (altura x altura).
Um levantamento realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em conjunto com Ministério da
Saúde, em 2014, mostrou que o problema é ligeiramente mais incidente em
mulheres (18,2%) do que em homens (17,6%). Os principais fatores que contribuem
com este resultado são o maior sedentarismo entre as mulheres, gestação,
história familiar, casamento em idade jovem, cessação do tabagismo e níveis de
educação e urbanização baixos.
“Muitas doenças são causadas e/ou agravadas pela
obesidade em mulheres, sendo as mais importantes a diabetes mellitus
tipo 2, hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares (infarto do
miocárdio, acidente vascular cerebral e tromboses), apneia do sono, doenças
musculoesqueléticas (artroses, degeneração das articulações e hérnias),
depressão, infertilidade e alguns tipos de câncer”, alerta o
gastroenterologista e chefe do Ambulatório de Tratamento da Obesidade e
Cirurgia Bariátrica do Hospital São Camilo Santana, Ivan Vasconcellos.
Ainda segundo o especialista, a relação entre o
IMC, diabetes mellitus tipo 2 e doença coronariana é mais forte para as
mulheres do que para os homens. “Uma mulher com 1,65cm e 95 kg (IMC 35 -
obesidade), por exemplo, terá mais chances de ser acometida por doenças
crônicas do que um homem com as mesmas medidas. Comparadas a mulheres com peso
normal, as obesas têm 11 vezes mais chances de diabetes mellitus tipo 2 e
três vezes mais chances de óbito por doença cardiovascular”, analisa.
Para prevenir esses problemas, a manutenção do
peso é fundamental. “Em alguns casos, uma dieta saudável e balanceada, prática
regular de exercícios físicos, controle hormonal e de ansiedade podem ajudar as
mulheres a atingir e manter o peso ideal. É importante manter tais hábitos
continuamente, para evitar o famoso ‘efeito sanfona’, que é prejudicial ao
organismo Em outros, é preciso uma avaliação médica para indicação de cirurgia
bariátrica. O objetivo desse procedimento é reduzir a quantidade de alimentos
ingeridos e/ou absorvidos pelo organismo, bem como melhorar o metabolismo,
levando à perda de peso mais sustentada”, explica Vasconcellos.
Apesar do número de obesos ser pouco diferente
entre os gêneros, as mulheres fazem mais cirurgia bariátrica do que os homens e
representam até 80% dos procedimentos realizados. “A maioria tem entre 25 e 45
anos, é casada ou tem união estável. Entre as razões para realizar a cirurgia
bariátrica, estão a cobrança social e pessoal sobre a imagem corporal da
mulher, aumento da possibilidade de engravidar, redução das complicações da
gestação e parto e doenças e limitações causadas pela obesidade”, revela.
“Até o momento, nenhum país conseguiu demonstrar,
efetivamente, redução na incidência de obesidade. A situação é muito
preocupante, pois se acredita que a expectativa de vida deverá diminuir, caso
esse problema não seja controlado e continue a aumentar”, finaliza o
gastroenterologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Ivan
Vasconcellos.
Ivan Vasconcellos - gastroenterologista da Rede
de Hospitais São Camilo de São Paulo
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