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terça-feira, 22 de março de 2016

Acidentes de trabalho podem causar danos irreversíveis à visão





Lesões nos olhos causadas por acidentes ainda são as mais frequentes nos consultórios. Porém, maioria das vítimas não procura atendimento especializado

No Brasil, embora não haja pesquisas ou estatísticas que revelem com precisão o número de pessoas vítimas de acidentes oculares, segundo estimativas do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), mais de 150 mil acidentes ocupacionais oculares ocorrem anualmente. No entanto, a maioria das vítimas não procura atendimento especializado, por isso, é bem provável que esse número seja bem maior.

De acordo com o oftalmologista e diretor da Clínica Canto, Marco Canto, sobre acidentes oculares no trabalho, a maioria das visitas ao consultório oftalmológico é motivada pelas lesões nos olhos, principalmente, por corpo estranho aderido a córnea, como por exemplo, esmeril de lixadeira ou material metálico. “São também frequentes casos de traumas contusos, como batidas e bolada de futebol e corpo estranho nas pálpebras e queimaduras químicas”, conta o médico.

Os pacientes percebem o machucado nos olhos apenas após sentir os primeiros sintomas como: olho vermelho, sensibilidade à luz, irritação, dor e desconforto ocular. O médico explica que a demora ao procurar atendimento pode causar sequelas. “A não detecção precoce e o tratamento correto são capazes de causar infecções e cicatrizes que podem comprometer seriamente a visão”, alerta o Dr. Canto.

Óculos apropriados para cada atividade do trabalhador ainda é a melhor prevenção. “A empresa deve escolher e fornecer o modelo adequado para seus funcionários”, observa o especialista. Existem vários modelos e tipos de óculos: os de lente de vidros ou acrílico, haste ou elástico, filtros de proteção contra raios ultravioletas e infravermelhos. “O uso de óculos adequado, atenção e prudência durante as atividades são determinantes para diminuir a chance de um acidente”, orienta. Porém, os funcionários devem ficar atentos e não utilizar acessórios com defeitos, quebrados, lentes riscadas ou sem proteção lateral. “Além disso, a empresa deve fazer uma fiscalização, fornecer uma boa iluminação para as atividades e manutenção adequada de seus equipamentos”, ressalta.

Dr. Canto faz uma ressalva, principalmente, para os soldadores. “Esses profissionais devem usar óculos com proteção UVA e infravermelha durante todo período de suas atividades. Nunca retirá-los, pois alguns segundos sem proteção podem provocar queimaduras na córnea, devido à radiação emitida pela luz da soldagem”. A queimadura pode ser dolorosa e inicia logo após algumas horas do procedimento.
Algumas atividades como linha de montagem industrial, mecânica e construção civil também correm maior risco de acidentes, podendo até mesmo sofrer uma perfuração. “O uso dos óculos de maneira disciplinada pode prevenir acidentes sérios que, muitas vezes, causam cegueira irreversível”, salienta Dr. Canto.

DPOC será a 3ª maior causa de morte em 2020 no mundo, segundo OMS





 Falta de diagnóstico propicia o avanço da doença e compromete qualidade de vida

Com o progresso tecnológico e a maior emissão de gases tóxicos, a saúde da população sofre com diferentes tipos de doenças. Entre elas, a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), responsável por dificultar progressivamente o fluxo de ar para os pulmões e que foi, nos últimos 10 anos, a 5ª maior causa de internações no Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o próprio Sistema, e será a 3ª maior causa de morte em 2020 no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A DPOC usualmente inicia pela bronquite crônica, caracterizada por tosse e catarro. Progressivamente irá se desenvolver enfisema, que é a destruição das paredes dos alvéolos.

A doença é causada pela inspiração de partículas nocivas encontradas em fumaças como a do cigarro, químicos, madeira e poluição. Com isso, a enfermidade demora anos para se manifestar, fazendo com que seus pacientes apresentem sintomas a partir dos 40 anos.  

"Em seu estágio inicial a DPOC causa falta de ar apenas durante esforço físico, e por isso o paciente vive anos sem perceber a presença da doença", afirma o Dr. José Jardim, Pneumologista, e Professor-Livre Docente da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP.

Apesar do grande número de pacientes, apenas 12% deles são diagnosticados com a doença, dos quais apenas 18% são devidamente tratados, segundo a Associação Brasileira de Portadores de DPOC (ABP DPOC). O diagnóstico da DPOC é realizado por meio da espirometria, um exame que mede o volume de ar e a rapidez que uma pessoa pode inspirar e expirar. Quando constatada a doença, é necessário definir em qual dos 4 estágios a doença se encontra.

Em seu primeiro estágio, chamado de GRAU LEVE, o paciente apresenta uma limitação leve no fluxo de ar, seguido de tosse e expectoração, porém a doença não afeta sua rotina. 
No próximo estágio, GRAU MODERADO, pode-se observar o aumento da falta de ar durante a realização de esforço físico, além da frequência da tosse e expectoração, sendo geralmente a fase em que o paciente procura um especialista.

O GRAU GRAVE segue como uma continuação do anterior, com progressiva diminuição da função pulmonar e aparecimento de surtos de infecção pulmonar, chamada de exacerbação. Já no último estágio, GRAU MUITO GRAVE, o paciente apresenta menos de 50% da função esperada do pulmão, dificuldade extrema em respirar, inclusive durante tarefas diárias fadiga e exacerbações mais frequente.

A DPOC está intimamente ligada a perda na qualidade de vida das pessoas. "Com o avanço da doença o paciente passa a ter dificuldade de realizar tarefas cotidianas como tomar banho, se vestir, e até mesmo repousar", afirma o especialista. É comum que o paciente muito grave tenha de ser suplementado com oxigênio contínuo.

Tabagismo
Apesar de ser provocado por diferentes tipos de fumaça, o principal agente causador da DPOC continua sendo o cigarro. A fumaça do cigarro não compromete apenas o fumante, mas também aqueles que estão ao seu redor. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a fumaça liberada pela ponta do cigarro contém 3 vezes mais nicotina e monóxido de carbono, e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça inalada pelo fumante.

Tratamento
Apesar de não ter cura, é possível preservar a qualidade de vida do paciente por meio de um tratamento individual com diferentes especialistas, como pneumologista, fisioterapeuta e nutricionista. No entanto é de extrema importância a interrupção do tabagismo, e procurar evitar a inalação de poeira e poluentes.

"O tratamento medicamentoso é aconselhado de acordo com o grau apresentado pelo paciente. Na fase inicial são utilizados broncodilatadores, que relaxam a musculatura ao redor do aparelho respiratório, facilitando a respiração", completa Dr. Jardim.

Durante o processo infeccioso, o uso de medicamentos anti-infecciosos como o moxifloxacino (Avalox®, da Bayer) oferece, para 70% dos pacientes, uma melhora do quadro em até três dias. Além disso, pesquisas revelam que os pacientes mais graves que utilizaram o medicamento intermitentemente por um ano, apresentaram uma diminuição de infecções em 45% e um crescimento no intervalo entre as crises.

Bayer

OMS alerta para mortes provocadas pela má qualidade ambiental







Em recente relatório divulgado em 15 de março em sua página na internet, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a poluição do ar como um dos maiores riscos ambientais para a saúde, estando vinculada a mortes prematuras por doenças do coração, câncer do pulmão e outras doenças respiratórias.

Segundo dados divulgados pela organização, em 2012, 12,6 milhões de pessoas morreram por residirem e trabalharem em ambientes pouco saudáveis, o que constitui quase um quarto do total de mortes. Fatores de risco ambientais, como a poluição do ar, da água e do solo, a exposição a produtos químicos, as mudanças climáticas e a radiação ultravioleta contribuem para mais de 100 doenças ou traumatismos.

O relatório “Ambientes saudáveis e prevenção de doenças” indica que a contaminação do ar é a que mais afeta a saúde considerando que é a que envolve maiores riscos para a sociedade. Divulga a informação que, em dez anos, as mortes por doenças não transmissíveis que podem ser atribuídas à contaminação do ar aumentaram para 8,2 milhões.

Nessa linha, a OMS confirma conclusões de estudos sobre a poluição do ar e saúde no Estado de São Paulo. De acordo com estudo do Instituto de Saúde e Sustentabilidade divulgado no segundo semestre de 2015, somente no Estado de São Paulo morreram em 2011 mais de 15.000 pessoas, o que representa o dobro do número de óbitos por acidentes de trânsito. O mesmo estudo aponta que a má qualidade do ar atinge a todos indistintamente, diminuindo a expectativa de vida em 1,5 ano.

A principal fonte de poluição do ar nos grandes centros urbanos é a emissão de gases produzida pela utilização de combustíveis fósseis, principalmente o óleo diesel, que gera gases nocivos à saúde como o monóxido de carbono (CO), o dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e material particulado que causam inúmeras doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer do pulmão entre outras.

O relatório do OMS indica ainda que os mais afetados pela má qualidade do ar são as crianças e os idosos. Em particular, as crianças menores de 5 anos e os adultos de 50 a 75 anos. A cada ano poderiam ser evitadas as mortes de 1,7 milhões de menores de cinco anos e de 4,9 milhões de adultos com a melhoria da gestão do meio ambiente.

A organização alerta que as zonas urbanas de países em desenvolvimento, como o Brasil, não estão enfrentando o problema como deveriam, pois há estratégias de eficácia comprovada para melhorar o meio ambiente e prevenir doenças. Por exemplo, se forem utilizadas tecnologias e combustíveis limpos para preparar alimentos, para a calefação e a iluminação, se reduziriam as infecções respiratórias agudas, as doenças pulmonares crônicas, as doenças cardiovasculares e as queimaduras. Com a melhoria do acesso à água potável e um saneamento adequado e incentivo à higiene das mãos, diminuem as doenças diarreicas.

Quanto à poluição do ar, apontada pelo relatório como um dos problemas mais graves, uma das medidas mais efetivas e de curto prazo para enfrentar o caso está na diminuição da utilização dos combustíveis fósseis como alternativa energética. Estes combustíveis não renováveis e altamente poluentes são predominantes na movimentação da frota de veículos e a sua substituição gradativa por fontes renováveis como a bioenergia gerada a partir de biomassas como o álcool e o biodiesel poderiam salvar milhares de vidas.

O Estado deve assumir que a poluição do ar, é prioritariamente, um problema de saúde pública, de preservação da vida. Há necessidade de medidas mais concretas e imediatas para salvar as pessoas de morte prematura como afirma o relatório da OMS.  A substituição dos combustíveis fósseis nos transportes reduziria enormemente a poluição urbana do ar.

No Brasil, a produção de óleo atende as necessidades atuais, podendo ser ampliada caso haja necessidade, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (ABIOVE). Então, o que falta é a tomada de decisão, iniciativa de âmbito político estratégico que objetiva diminuir a mortandade causada pela contaminação do ar.



Reinaldo Dias - professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas, Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política. É especialista em Ciências Ambientais.  O professor está disponível para entrevistas.

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