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sexta-feira, 28 de junho de 2024

Julho Verde - Diagnóstico de câncer de boca e laringe é comum no Brasil e demanda atuação de especialistas de diferentes áreas

Com 15.100 novos casos previstos para 2024, o câncer de cavidade oral (região da boca) é o quinto mais comum nos homens do país. O câncer de laringe aparece em oitavo na população masculina. Em comum, o fato de 8 entre 10 casos serem diagnosticados em fase avançada. Nas mulheres, o câncer de cabeça e pescoço mais comum é o de tireoide. Com a campanha "Informação que Muda Histórias", em seu segundo ano consecutivo, o Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP) ressalta o papel de uma equipe especializada da prevenção primária ao tratamento e reabilitação dos pacientes

 

O Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), em alusão à campanha Julho Verde, mês de conscientização sobre a doença, traz o tema “Informação que Muda Histórias”, com a proposta de conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância da atuação de profissionais de diferentes áreas envolvidas no cuidado multidisciplinar ao paciente. Por conta das altas taxas de diagnóstico tardio, é comum que o tratamento seja mais agressivo e, potencialmente, mais associado a sequelas e desconfortos. Nesse sentido, a atuação – além de oncologistas clínicos, cirurgiões de cabeça e pescoço e radio-oncologistas – de especialistas das áreas de Odontologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Endocrinologia, Estomatologia, Enfermagem, Otorrinolaringologia e Psicologia, é fundamental para a melhor qualidade de vida do paciente. 

Ao mesmo tempo que dá visibilidade para as especificidades da atuação decisiva dos diferentes especialistas, a campanha visa ser um instrumento de alerta para a importância do diagnóstico precoce. “Embora saibamos quais são as principais causas de câncer de cabeça e pescoço, a doença segue sendo muito comum em todo o mundo. E por falta de conhecimento sobre os principais sinais e sintomas, é também comum que os tumores sejam descobertos mais tarde. Aí entra em ação a equipe multidisciplinar, especializada. Com a campanha, queremos dar visibilidade para estes profissionais, ao mesmo tempo que vamos apontar como evitar que a doença evolua para um quadro mais agressivo. Buscar e compartilhar conhecimento é o princípio da transformação”, destaca o oncologista clínico e presidente do GBCP, Thiago Bueno de Oliveira. 

Para a prevenção, por exemplo, a atuação do dentista é essencial. Ao examinar seu paciente, o dentista pode identificar sinais de alertar para um potencial diagnóstico precoce de câncer e, assim, encaminhá-lo para um oncologista, que, por meio de biópsia, confirmará, ou não, a existência de um câncer e já iniciar o tratamento. “Com isso, podemos reduzir as taxas de diagnóstico tardio. Para tanto, precisamos também incentivar a educação continuada dos profissionais sobre câncer de cabeça e pescoço”, ressalta a oncologista clínica e diretora do GBCP, Aline Lauda Chaves. 

Quando o tumor de cabeça e pescoço se encontra em estágio mais avançado, o tratamento se torna mais complexo e aumenta a demanda, por exemplo, por fonoaudiólogos, pois o paciente pode apresentar quadros mais severos de disfagia (dificuldade de engolir) ou então, caso necessite de laringectomia (retirada parcial ou completa da laringe), por exemplo, precisa passar por reabilitação para o uso de prótese fonatória. 

Outro exemplo, a Fisioterapia, considerando o amplo espectro de tumores na região de cabeça e pescoço, pode atuar em aspectos de dor, perda de força muscular, limitação de amplitude de movimento e funcionalidade do ombro homolateral, edemas e linfedemas de face, paralisia facial, trismo, entre outros. 

Ao longo de todo o mês de julho, o GBCP, por meio de ampla campanha de Comunicação na imprensa, mídia digital e redes sociais, incluindo lives, série especial de vídeos, newsletter e campanhas presenciais em escolas e Unidades Básicas de Saúde, alertará para os principais sinais e sintomas, exames a serem realizados e ressaltará a atuação de cada perfil de profissionais, explicando as especificidades de cada área para o melhor controle da doença. 

Todo o material, incluindo as peças em diferentes formatos, está disponível para download gratuito no site do GBCP. Ao divulgar, é solicitado que sejam sempre utilizadas as hashtags #EuMudoHistórias e #JulhoVerdeGBCP2024. Além do kit de divulgação, a campanha contará com duas lives especiais, a começar na segunda (1), às 19h, com a Live “A importância da formação acadêmica na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço: o papel das Ligas Acadêmicas”. A Live será transmitida pelo canal no YouTube do GBCP - https://www.youtube.com/watch?v=kHSERLazleI

8 ENTRE 10 CASOS SÃO DESCOBERTOS EM FASE AVANÇADA - Ao contrário do que ocorre em outros órgãos, quando o câncer acomete a região de cabeça e pescoço a doença é visível. Apesar disso, os sinais não são percebidos na maioria dos casos. No Brasil, 8 entre 10 casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade oral, são descobertos já em fase avançada. Como consequência, o diagnóstico tardio resulta em menor chance de controle da doença, pior qualidade de vida para o paciente, maiores taxas de morbidade e mortalidade, maior risco de mutilação em razão da necessidade de cirurgias mais extensas, maior complexidade de outras modalidades de tratamento e maior demanda por reconstrução facial, assim como mais desafios na reabilitação do paciente. 

Os diferentes tumores localizados na região de cabeça e pescoço acometem a cavidade oral (boca, lábios, língua, gengiva, assoalho da boca e palato), seios da face (maxilares, frontais, etmoidais e esfenoidais), faringe (nasofaringe (atrás da cavidade nasal), orofaringe (onde se encontra a amígdala e a base da língua) e hipofaringe (porção final da faringe, junto ao início do esôfago), além da laringe (supraglote, glote e subglote), glândulas salivares e glândula tireoide. 


QUAIS SÃO OS SINAIS? 

Os principais sinais de alerta para câncer de cabeça e pescoço são: 

- Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais comum)
- Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)
- Nódulo persistente ou espessamento na bochecha
- Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou revestimento da boca
- Irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada na garganta
- Dificuldade para mastigar ou engolir
- Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua
- Dormência da língua ou outra área da boca
- Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe ou incomode
- Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou mandíbula
- Mudanças na voz
- Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço
- Perda de peso
- Mau hálito persistente

Vale ressaltar que a existência de qualquer dos sinais e sintomas pode sugerir a existência de câncer, cabendo ao médico avaliar a necessidade de se pedir outros exames para confirmar ou não o diagnóstico. Muitos desses sinais e sintomas podem ser causados por outros tipos de câncer ou por doenças benignas. É importante consultar o médico ou o dentista se qualquer desses sintomas persistir por mais de duas semanas. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as chances de sucesso:

A DOENÇA NO BRASIL E NO MUNDO 

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC/OMS) aponta que são esperados mais de 1,5 milhão de novos casos de câncer de cabeça e pescoço no mundo em 2024, sendo assim o quinto câncer mais prevalente. Considerando todos os tipos de tumores que acometem a região de cabeça e pescoço, são mais de 460 mil mortes anuais.  

No Brasil, os tipos mais comuns de câncer de cabeça e pescoço nos homens são os de cavidade oral e laringe nos homens e de tireoide, nas mulheres. As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para cada ano do próximo triênio (2023-2025) apontam para 41 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço. Na lista dos dez tipos mais comuns em homens e mulheres no país, os tumores na região mais comuns são cavidade oral e laringe (homens) e tireoide (mulheres).

HOMENS

MULHERES

Próstata

71.730

Mama

73.610

Colorretal

21.970

Colorretal

23.660

Pulmão

18.020

Colo do útero

17.010

Estômago

13.340

Pulmão

14.540

Cavidade Oral

10.900

Tireoide

14.160

Esôfago

8.200

Estômago

8.140

Bexiga

7.870

Corpo do útero (endométrio)

7.840

Laringe

6.570

Ovário

7.310

Linfoma não Hodgkin 

6.420

Pâncreas

5.690

Leucemia

6.390

Linfoma não Hodgkin


5.620




OS FATORES DE RISCO SÃO CONHECIDO E A DOENÇA É EVITÁVEL

Diferente de muitos tipos de câncer, em que as principais etiologias (causas) não são conhecidas, os principais fatores de risco para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço são bem estabelecidos: não fumar, evitar consumo de bebidas alcoólicas e se prevenir contra o vírus HPV, medida para a qual há vacinas na rede pública e privada de saúde, para imunização de meninos e meninas. Há, portanto, um fator comum nos tumores de Cabeça e Pescoço: na maioria das vezes são evitáveis.

Para ser mais exato, cerca de 40% dos casos poderiam ser evitados. Não fumar, não consumir em excesso bebidas alcoólicas, estar vacinado contra o Papilomavírus Humano - HPV e fazer a higiene bucal corretamente. Este é o caminho da prevenção. Mudar esta realidade, desta a campanha, depende de cada um de nós.

Desde janeiro de 2017, o Ministério da Saúde oferece a proteção de meninos contra o vírus HPV. Essa medida se soma à imunização que já ocorria desde 2014 nas meninas. As vacinas contra HPV protegem contra os dois subtipos do vírus mais associados com câncer. Esses HPVs oncogênicos – 16 e 18 - são também prevalentes em tumores de cabeça e pescoço, principalmente de orofaringe. 

“A contribuição de todos nesta causa é muito importante. Juntos, podemos amplificar e construir uma base de informação sólida que quebre o desconhecido e gere transformação. Queremos que a informação correta e atualizada sobre o câncer de cabeça e pescoço chegue a todos os profissionais de saúde e para a população em geral”, reforça o presidente do GBCP, Thiago Bueno. 


POR QUE DIAGNOSTICAR PRECOCEMENTE É TÃO IMPORTANTE? 

Dados sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), apontam que em apenas 26% dos casos o câncer de cavidade oral é diagnosticado com a lesão ainda restrita ao local. Por conta da alta prevalência de diagnóstico tardio, a taxa de cura (o paciente estar vivo cinco anos após o diagnóstico) é de 69%. 

Os dados mostram que 87,5% dos pacientes estão vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial, localizado apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos a taxa de sobrevida em cinco anos cai para 69,5%. Com doença à distância (metástase) a taxa é de 37,8%. 

A triagem para o diagnóstico do câncer de cavidade oral começa na saúde primária, pelo exame clínico (visual) durante consulta ou durante atendimento com o dentista. A confirmação deste diagnóstico depende da biópsia. Esse procedimento, na maioria das vezes, pode ser feito de forma ambulatorial, com anestesia local, por um profissional treinado. A análise do material retirado em biópsia é feita pelo médico patologista, responsável por definir o subtipo e grau de agressividade. 

Alguns exames de imagem, como a tomografia computadorizada, também auxiliam no diagnóstico, e, principalmente, ajudam a avaliar a extensão do tumor. O exame clínico associado à biópsia, com o estudo da lesão por tomografia (nos casos indicados) permite ao cirurgião definir o tratamento adequado. As lesões muito iniciais podem ser avaliadas sem a necessidade de exame de imagem num primeiro momento.  

 


GBCP - Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço
https://www.gbcp.org.br/


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