Com 15.100 novos
casos previstos para 2024, o câncer de cavidade oral (região da boca) é o
quinto mais comum nos homens do país. O câncer de laringe aparece em oitavo na
população masculina. Em comum, o fato de 8 entre 10 casos serem diagnosticados
em fase avançada. Nas mulheres, o câncer de cabeça e pescoço mais comum é o de
tireoide. Com a campanha "Informação que Muda Histórias", em seu
segundo ano consecutivo, o Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço
(GBCP) ressalta o papel de uma equipe especializada da prevenção primária ao
tratamento e reabilitação dos pacientes
O Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço
(GBCP), em alusão à campanha Julho Verde, mês de conscientização sobre a
doença, traz o tema “Informação que Muda Histórias”, com a proposta
de conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância da atuação de
profissionais de diferentes áreas envolvidas no cuidado multidisciplinar ao
paciente. Por conta das altas taxas de diagnóstico tardio, é comum que o
tratamento seja mais agressivo e, potencialmente, mais associado a sequelas e
desconfortos. Nesse sentido, a atuação – além de oncologistas clínicos, cirurgiões
de cabeça e pescoço e radio-oncologistas – de especialistas das áreas de
Odontologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Endocrinologia,
Estomatologia, Enfermagem, Otorrinolaringologia e Psicologia, é fundamental
para a melhor qualidade de vida do paciente.
Ao mesmo tempo que dá visibilidade para as
especificidades da atuação decisiva dos diferentes especialistas, a campanha
visa ser um instrumento de alerta para a importância do diagnóstico precoce.
“Embora saibamos quais são as principais causas de câncer de cabeça e pescoço,
a doença segue sendo muito comum em todo o mundo. E por falta de conhecimento
sobre os principais sinais e sintomas, é também comum que os tumores sejam
descobertos mais tarde. Aí entra em ação a equipe multidisciplinar, especializada.
Com a campanha, queremos dar visibilidade para estes profissionais, ao mesmo
tempo que vamos apontar como evitar que a doença evolua para um quadro mais
agressivo. Buscar e compartilhar conhecimento é o princípio da transformação”,
destaca o oncologista clínico e presidente do GBCP, Thiago Bueno de
Oliveira.
Para a prevenção, por exemplo, a atuação do
dentista é essencial. Ao examinar seu paciente, o dentista pode identificar
sinais de alertar para um potencial diagnóstico precoce de câncer e, assim,
encaminhá-lo para um oncologista, que, por meio de biópsia, confirmará, ou não,
a existência de um câncer e já iniciar o tratamento. “Com isso, podemos reduzir
as taxas de diagnóstico tardio. Para tanto, precisamos também incentivar a
educação continuada dos profissionais sobre câncer de cabeça e pescoço”,
ressalta a oncologista clínica e diretora do GBCP, Aline Lauda Chaves.
Quando o tumor de cabeça e pescoço se encontra em
estágio mais avançado, o tratamento se torna mais complexo e aumenta a demanda,
por exemplo, por fonoaudiólogos, pois o paciente pode apresentar quadros mais
severos de disfagia (dificuldade de engolir) ou então, caso necessite de
laringectomia (retirada parcial ou completa da laringe), por exemplo, precisa
passar por reabilitação para o uso de prótese fonatória.
Outro exemplo, a Fisioterapia, considerando o amplo
espectro de tumores na região de cabeça e pescoço, pode atuar em aspectos de
dor, perda de força muscular, limitação de amplitude de movimento e
funcionalidade do ombro homolateral, edemas e linfedemas de face, paralisia
facial, trismo, entre outros.
Ao longo de todo o mês de julho, o GBCP, por meio
de ampla campanha de Comunicação na imprensa, mídia digital e redes sociais,
incluindo lives, série especial de vídeos, newsletter e campanhas presenciais
em escolas e Unidades Básicas de Saúde, alertará para os principais sinais e
sintomas, exames a serem realizados e ressaltará a atuação de cada perfil de
profissionais, explicando as especificidades de cada área para o melhor
controle da doença.
Todo o material, incluindo as peças em diferentes
formatos, está disponível para download gratuito no site do GBCP. Ao divulgar,
é solicitado que sejam sempre utilizadas as hashtags #EuMudoHistórias e
#JulhoVerdeGBCP2024. Além do kit de divulgação, a campanha contará com duas
lives especiais, a começar na segunda (1), às 19h, com a Live “A importância da
formação acadêmica na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de cabeça e
pescoço: o papel das Ligas Acadêmicas”. A Live será transmitida pelo canal no
YouTube do GBCP - https://www.youtube.com/watch?v=kHSERLazleI.
8 ENTRE 10 CASOS SÃO DESCOBERTOS EM FASE AVANÇADA - Ao contrário do que ocorre em outros órgãos, quando o câncer acomete a região de cabeça e pescoço a doença é visível. Apesar disso, os sinais não são percebidos na maioria dos casos. No Brasil, 8 entre 10 casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade oral, são descobertos já em fase avançada. Como consequência, o diagnóstico tardio resulta em menor chance de controle da doença, pior qualidade de vida para o paciente, maiores taxas de morbidade e mortalidade, maior risco de mutilação em razão da necessidade de cirurgias mais extensas, maior complexidade de outras modalidades de tratamento e maior demanda por reconstrução facial, assim como mais desafios na reabilitação do paciente.
Os diferentes tumores localizados na região de
cabeça e pescoço acometem a cavidade oral (boca, lábios, língua, gengiva,
assoalho da boca e palato), seios da face (maxilares, frontais, etmoidais e
esfenoidais), faringe (nasofaringe (atrás da cavidade nasal), orofaringe (onde
se encontra a amígdala e a base da língua) e hipofaringe (porção final da
faringe, junto ao início do esôfago), além da laringe (supraglote, glote e
subglote), glândulas salivares e glândula tireoide.
QUAIS SÃO OS SINAIS?
Os principais sinais de alerta para câncer de
cabeça e pescoço são:
- Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais
comum)
- Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)
- Nódulo persistente ou espessamento na bochecha
- Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou
revestimento da boca
- Irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada
na garganta
- Dificuldade para mastigar ou engolir
- Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua
- Dormência da língua ou outra área da boca
- Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe
ou incomode
- Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou
mandíbula
- Mudanças na voz
- Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço
- Perda de peso
- Mau hálito persistente
Vale ressaltar que a existência de qualquer dos
sinais e sintomas pode sugerir a existência de câncer, cabendo ao médico
avaliar a necessidade de se pedir outros exames para confirmar ou não o
diagnóstico. Muitos desses sinais e sintomas podem ser causados por outros
tipos de câncer ou por doenças benignas. É importante consultar o médico ou o
dentista se qualquer desses sintomas persistir por mais de duas semanas. Quanto
mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as
chances de sucesso:
A DOENÇA NO BRASIL E NO
MUNDO
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer
(IARC/OMS) aponta que são esperados mais de 1,5 milhão de novos casos de câncer
de cabeça e pescoço no mundo em 2024, sendo assim o quinto câncer mais
prevalente. Considerando todos os tipos de tumores que acometem a região de
cabeça e pescoço, são mais de 460 mil mortes anuais.
No Brasil, os tipos mais comuns de câncer de cabeça
e pescoço nos homens são os de cavidade oral e laringe nos homens e de
tireoide, nas mulheres. As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA)
para cada ano do próximo triênio (2023-2025) apontam para 41 mil novos casos de
câncer de cabeça e pescoço. Na lista dos dez tipos mais comuns em homens e
mulheres no país, os tumores na região mais comuns são cavidade oral e laringe
(homens) e tireoide (mulheres).
HOMENS |
MULHERES |
||
Próstata |
71.730 |
Mama |
73.610 |
Colorretal |
21.970 |
Colorretal |
23.660 |
Pulmão |
18.020 |
Colo do
útero |
17.010 |
Estômago |
13.340 |
Pulmão |
14.540 |
Cavidade Oral |
10.900 |
Tireoide |
14.160 |
Esôfago |
8.200 |
Estômago |
8.140 |
Bexiga |
7.870 |
Corpo do
útero (endométrio) |
7.840 |
Laringe |
6.570 |
Ovário |
7.310 |
Linfoma
não Hodgkin |
6.420 |
Pâncreas |
5.690 |
Leucemia |
6.390 |
Linfoma
não Hodgkin |
5.620 |
OS FATORES DE RISCO SÃO CONHECIDO E A DOENÇA É EVITÁVEL
Diferente de muitos tipos de câncer, em que as
principais etiologias (causas) não são conhecidas, os principais fatores de
risco para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço são bem estabelecidos:
não fumar, evitar consumo de bebidas alcoólicas e se prevenir contra o vírus
HPV, medida para a qual há vacinas na rede pública e privada de saúde, para
imunização de meninos e meninas. Há, portanto, um fator comum nos tumores de
Cabeça e Pescoço: na maioria das vezes são evitáveis.
Para ser mais exato, cerca de 40% dos casos
poderiam ser evitados. Não fumar, não consumir em excesso bebidas alcoólicas,
estar vacinado contra o Papilomavírus Humano - HPV e fazer a higiene bucal
corretamente. Este é o caminho da prevenção. Mudar esta realidade, desta a
campanha, depende de cada um de nós.
Desde janeiro de 2017, o Ministério da Saúde
oferece a proteção de meninos contra o vírus HPV. Essa medida se soma à
imunização que já ocorria desde 2014 nas meninas. As vacinas contra HPV
protegem contra os dois subtipos do vírus mais associados com câncer. Esses
HPVs oncogênicos – 16 e 18 - são também prevalentes em tumores de cabeça e
pescoço, principalmente de orofaringe.
“A contribuição de todos nesta causa é muito importante.
Juntos, podemos amplificar e construir uma base de informação sólida que quebre
o desconhecido e gere transformação. Queremos que a informação correta e
atualizada sobre o câncer de cabeça e pescoço chegue a todos os profissionais
de saúde e para a população em geral”, reforça o presidente do GBCP, Thiago
Bueno.
POR QUE DIAGNOSTICAR
PRECOCEMENTE É TÃO IMPORTANTE?
Dados sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER,
do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), apontam que em apenas
26% dos casos o câncer de cavidade oral é diagnosticado com a lesão ainda
restrita ao local. Por conta da alta prevalência de diagnóstico tardio, a taxa
de cura (o paciente estar vivo cinco anos após o diagnóstico) é de 69%.
Os dados mostram que 87,5% dos pacientes estão
vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial, localizado
apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos a taxa de
sobrevida em cinco anos cai para 69,5%. Com doença à distância (metástase) a
taxa é de 37,8%.
A triagem para o diagnóstico do câncer de cavidade
oral começa na saúde primária, pelo exame clínico (visual) durante consulta ou
durante atendimento com o dentista. A confirmação deste diagnóstico depende da
biópsia. Esse procedimento, na maioria das vezes, pode ser feito de forma
ambulatorial, com anestesia local, por um profissional treinado. A análise do
material retirado em biópsia é feita pelo médico patologista, responsável por
definir o subtipo e grau de agressividade.
Alguns exames de imagem, como a tomografia
computadorizada, também auxiliam no diagnóstico, e, principalmente, ajudam a
avaliar a extensão do tumor. O exame clínico associado à biópsia, com o estudo
da lesão por tomografia (nos casos indicados) permite ao cirurgião definir o
tratamento adequado. As lesões muito iniciais podem ser avaliadas sem a
necessidade de exame de imagem num primeiro momento.
GBCP - Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço
https://www.gbcp.org.br/
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