Com uma nova onda
de calor chegando aliada ao tempo seco, comum nesta época do ano, as alergias
respiratórias ganham força. Asma e rinite estão entre as mais prevalentes. A
redução da umidade do ar, que geralmente fica abaixo dos 30% nessa época do
ano, aliada a condições de menor dispersão atmosférica de gases e de materiais
particulados, irritam as vias aéreas, predispondo a quadros infecciosos. No
Brasil, o padrão de sazonalidade varia entre as regiões, sendo mais marcado
naquelas com estações climáticas mais bem definidas, como no Sul, Sudeste e Centro
Oeste.
A Dra. Maria
Cândida Rizzo, membro do Departamento Científico de Rinite da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI),
explica abaixo quais as doenças mais recorrentes nessa época do ano, os
tratamentos disponíveis e como prevenir as alergias de inverno.
Quais
doenças são mais recorrentes nesses períodos?
A gripe é o
exemplo típico da maior transmissibilidade nos meses de inverno, e por isso as
campanhas de vacinação se iniciam nos meses de outono. Além do vírus influenza,
todos os outros vírus de transmissão respiratórias incluem-se neste contexto,
como os rinovírus, adenovírus, coronavírus, bocavírus, metapneumovirus e
outros.
Qual a
faixa etária mais suscetível a essas doenças?
São os as crianças
e os idosos. Na criança há uma imaturidade imunológica proporcional à faixa
etária e no idoso as respostas tendem a ser mais lentas e, muitas vezes,
insuficientes. Isso tem se aplicado à maioria dos agentes infecciosos virais e
bacterianos com exceção do novo coronavírus, onde se observou um menor número
de agravos em crianças saudáveis. A explicação advém do fato de que a criança
apresenta uma boa resposta imunológica inata (que já está pronta desde o
nascimento), importante na defesa ao coronavírus. Quanto aos
imunodeficientes (primários ou secundários a tratamentos), trata-se de um grupo
extremamente vulnerável a complicações clínicas quando infectados, por falta de
defesas imunológicas.
E
doenças respiratórias alérgicas, quais podemos ressaltar?
Ressalto a rinite
e asma. A rinite alérgica é mais comum após os 2 anos de idade e atinge cerca
de 26% das crianças brasileiras. Em adolescentes, esse percentual vai a
30%, de acordo com dados do ISAAC (Estudo Internacional de Asma e Alergias na
Infância), aplicados em vários estados brasileiros.
Os
sintomas da Rinite são caracterizados por coceira frequente no nariz e/ou nos olhos, espirros
seguidos, principalmente pela manhã e à noite, coriza (nariz escorrendo)
frequente e obstrução nasal, mesmo na ausência de resfriados.
Ressalto também a asma,
que acomete cerca de 10% da população brasileira e é a causa de morte de
aproximadamente duas mil pessoas por ano. É uma doença inflamatória crônica das
vias respiratórias que pode ser causada ou intensificada por diversos fatores
como ácaros da poeira, mofo, polens, infecção respiratória por vírus, excesso
de peso, rinite, refluxo gastroesofágico, medicamentos e predisposição
genética. Da criança até o adulto jovem, as alergias são fatores importantes
como causadores de crises de asma.
É
possível prevenir essas doenças respiratórias de Inverno?
A forma mais
eficaz de prevenção é estar com a carteira vacinal atualizada. Também podemos
prevenir das infecções tentando evitar ambientes mal ventilados e com muitas
pessoas.
Outra recomendação
importante é o controle de doenças crônicas, respiratórias ou não. Como exemplo
a asma e a rinite, que tendem a apresentar maior agravo nas épocas frias do ano
e se não estiverem sob controle, os vírus e bactérias certamente causarão um
maior processo inflamatório, levando, muitas vezes, a quadros respiratórios
graves.
Outras doenças crônicas como a hipertensão arterial e o diabetes também devem estar controladas para evitar o agravamento dos processos infecciosos respiratórios. Durante a epidemia no novo Coronavírus, este fato foi evidenciado e muitas mortes ocorreram nestes pacientes com comorbidades, em especial os não controlados.
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