Cidades
sustentáveis e acessíveis não dependem de carros para funcionar. Elas oferecem
estruturas para a livre escolha, cada um vai como quer, sendo prioridade os
modos ativos combinados ao transporte coletivo.
Nessa jornada
disruptiva da lógica do século 20, que priorizou veículos motorizados
individuais e detonou as cidades mundo afora, o maior desafio é: Como
desestimular o uso do automóvel?
Por mais que a
população faça a sua parte, demande ciclovias, calçadas e transporte coletivo
de qualidade, é enorme a lacuna entre a vontade politica e as melhores soluções
para uma cidade.
O que entre
aspas “ajuda” é a tecnologia que atropela essa lerdeza insustentável do poder
executivo. Recentemente uma profusão de veículos elétricos surgiram no mercado,
todos eles eficientes, mas hoje disputam o espaço daqueles que se movem a pé ou
de bicicleta.
Esses artefatos
de fato tiram motoristas de carros, mas locomovem-se em uma velocidade que
conflita com a escala humana, então fica a pergunta: Qual a solução?
O primeiro passo
já foi dado na resolução 996 de 15 de junho de 2023 do Contran, que normatiza
estes veículos e em resumo descreve:
Bikes
elétricas, tem que pedalar para o motor
ajudar, vão até 32km/h, até mil watts de potência, acelerador de assistência
até 6km/h, ficam equiparadas às bikes convencionais e podem usar ciclovias.
Equipamento
individual autopropelido,
com acelerador, vão até 32km/h, até mil watts de potência, medida entre os
eixos até 130cm e podem usar ciclovias. Aqui estão patinetes, monociclos
elétricos, skate elétricos e “bicicletas elétricas” com acelerador.
Ciclomotores (passageiro montado) e motonetas
(passageiro sentado), com acelerador, velocidade até 50km/h, potência máxima de
4mil watts e o entre eixo maior que 130cm. Estes veículos precisam placas e
requerem categoria A na CNH, ou autorização ACC e não podem rodar na ciclovia.
Agora falta o
segundo passo que é a regulamentação municipal.
Repito, estes
veículos tiram carros das ruas, mas a disputa por espaço acirrou. Por omissão
de prefeituras como aqui em São Paulo, todos que não carros ou motos,
refugiam-se em ciclovias, até os pedestres. Conclusão, o ambiente que deveria
ser de proteção aos que vão de bicicleta, está ainda mais inseguro, numa
disputa desigual, com veículos velozes e pesados, pilotados por cidadãos que
saíram de automóveis, mas trouxeram consigo o acelerador e a mentalidade de intimidar
a pessoa ao lado, usando seu carro como arma.
Educação é
importante, mas não é tudo. Falta a normatização e fiscalização de uso nas
ciclovias pelas prefeituras, velocidade máxima permitida ser bem menor que 32
km/h, mais a necessária inclusão destes veículos nas ruas da cidade.
O correto, até
pelo artigo 9 da resolução do contram, é adaptar as avenidas da cidade para que
a velocidade máxima na pista da direita não exceda 40 km/h e com isso retomar
um trabalho de acalmamento de trânsito que, no caso de São Paulo, foi
abandonado por uma opção política.
Com isso
motonetas e ciclomotores poderiam circular pelas ruas da cidade e ajudar no
processo de educação cidadã pelo compartilhamento de vias.
Reduzir a velocidade máxima nas ruas além de salvar vidas,
melhora a fluidez dos veículos, pois aumenta a velocidade média do sistema.
Assim, mais e mais motoristas seriam atraídos a deixar seus carros em casa e
moverem-se de forma mais eficiente pela cidade. O que falta além de visão e
vontade política? Inteligência de nossos gestores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário