A
Educação Não Violenta ensina as crianças a serem mais comunicativas e abertas,
além de lidar com ansiedade, estresse e frustraçõesPixabay
A ansiedade já é
considerada o mal do nosso século e, por causa disso, se tornou um tema
recorrente quando falamos sobre saúde mental não só na vida pessoal, mas também
no ambiente escolar e profissional. A pesquisa da Organização Panamericana de
Saúde (OPAS), realizada em 2021, aponta que cerca de 30% das pessoas nas
Américas têm quadro de transtorno mental e os sintomas de ansiedade e depressão
entre crianças e adolescentes dobraram após o início da pandemia de Covid-19.
Fica claro que uma
nova forma de educar crianças e adolescentes é urgente para que eles sejam mais
comunicativos, abertos e tenham inteligência emocional para administrar
situações de estresse, frustração e mudanças.
É o que prega a
Educação Não Violenta (CNV), conhecida também como Comunicação Voltada para a
Paz. A técnica, criada e desenvolvida pelo psicólogo americano Marshall
Rosenberg, ensina as pessoas a serem mais conscientes e perceptivas com relação
ao outro e ao momento presente da conversa, por meio da observação de
comportamentos, da escuta ativa e profunda. Dessa forma, as interações podem
ocorrer com mais respeito, atenção e empatia, o que reflete no desenvolvimento
emocional.
Um exemplo prático: em
vez de causar impactos negativos e que podem ser traumáticos ao chamarmos de lenta
uma criança que desenvolve uma ação de maneira devagar, podemos perguntar se as
instruções foram entendidas e se há alguma dificuldade na compreensão da
instrução ou no processo de execução, explicar nossas expectativas e ainda
alinhar um objetivo em comum. O diálogo permite que uma ponte seja construída
com o outro e cria espaço para que qualquer conflito seja resolvido com calma.
Em momentos de crise,
é possível ver além e identificar gatilhos que geram comportamentos de
conflito. As crianças se sentem confortáveis para demonstrar suas insatisfações
e podem aprender a lidar e ter mais controle de suas emoções.
Confira algumas
dicas de Susan Clemesha, diretora acadêmica da Rede Sphere International School, sobre como mudar
alguns hábitos simples em casa e na escola para ensinar usando a Educação Não
Violenta.
Check-in diários
É importante para as
crianças falarem sobre suas emoções, entrar em contato com elas e se sentirem
confortáveis para compartilhar seus sentimentos e experiências com os adultos.
Check-ins diários entre alunos e professores antes de iniciar a rotina do dia
escolar são um bom jeito de fazer isso. Em casa, os pais também podem fazer o
mesmo antes de dormir ou durante as refeições.
Brincar de
faz-de-conta
As brincadeiras e
atividades de faz-de-conta também são boas oportunidades para fortalecer o
vínculo com as crianças, percebendo como cada aluno reage a determinados
contextos.
Faça perguntas para as
crianças
Muitas vezes os
adultos subestimam as crianças, mas é importante que os adultos questionem antes
de assumirem um posicionamento. Perguntas simples, como "Mas por que você
está dizendo isso? O que você está sentindo? Me conte como aconteceu. Por que
você está chorando?", podem ser valiosas para o desenvolvimento do
autoconhecimento. No final, a própria criança pode perceber que não há motivo
para se frustrar ou apontar o que está errado, por exemplo.
Mindfulness não é só
para adultos
Em um mundo de
informações rápidas, constantes mudanças e acesso a diversos canais e
plataformas, todos nós ficamos sobrecarregados. Os hábitos diários de
mindfulness são uma maneira de trazer mais intencionalidade e atenção às ações
dos estudantes. A ideia é que consigam focar no que estão fazendo no tempo
presente, prevenindo a ansiedade.
Sphere International School