Pesquisa do IBOPE Conecta aponta que grávidas conhecem a
importância do cardápio saudável, mas rotina atribulada dificulta a adoção de
práticas adequadas
Manter
uma alimentação equilibrada é a principal preocupação das novas mães durante a gestação
quando convidadas a pensar em sua própria saúde, mas grande parte delas não
consegue garantir uma nutrição adequada nesse período. Essa é uma das
conclusões da pesquisa "Como
vai a alimentação das gestantes brasileiras? A mãe moderna e o desafio da
nutrição equilibrada", um novo levantamento realizado pelo
IBOPE Conecta, a pedido de Pfizer e Nestlé, a partir de 500 entrevistas on-line
com gestantes de todas as regiões do País.
Mais
de uma a cada três entrevistadas diz que, mesmo estando grávida, apresenta
dificuldades para manter uma alimentação saudável, porque seu "dia a dia é
corrido demais". Essa proporção se acentua no estado de São Paulo, onde
35,4% das mulheres compartilham deste problema, e se mostra ainda mais
expressiva no Norte, local em que metade das gestantes aponta esse mesmo
obstáculo. A definição de dieta equilibrada foi apresentada a essas mulheres
como um cardápio balanceado que inclui frutas, vegetais, legumes, nozes e grãos
integrais, além de fontes de proteínas e carboidratos, conforme as diretrizes
da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar
da dificuldade que enfrentam com o cardápio saudável, 73% das gestantes
entrevistadas dizem que a alimentação equilibrada é sua principal preocupação
no âmbito da saúde, especialmente em São Paulo, onde essa porcentagem
ultrapassa os 80%. Quando se analisa a amostra total, o cuidado com a saúde
mental, para alívio do estresse e da ansiedade, aparece em segundo lugar, com
14%, seguido pela busca por um sono reparador, item escolhido por 9% das
entrevistadas, e da prática de exercícios físicos, com apenas 3% (esse
porcentual sobe para quase 7% no Nordeste).
"A
pesquisa nos mostra que o estilo de vida da mulher moderna pode dificultar a
adoção de uma alimentação equilibrada. Mas há uma outra questão: nem sempre um
cardápio saudável é o suficiente para suprir todas as necessidades nutricionais
em um momento de intensa atividade fisiológica como a gravidez. No caso do
ácido fólico, por exemplo, a quantidade que a alimentação pode oferecer costuma
ser insuficiente", afirma o diretor médico da Pfizer, Eurico Correia. De
fato, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu modelo de cuidado
pré-natal¹, recomenda a adoção da suplementação oral diária de ferro e ácido
fólico, como forma de diminuir o risco de anemia nas mães, infecção pós-parto,
baixo peso ao nascer para o bebê e parto prematuro, entre outros problemas.
Apesar
das recomendações internacionais, 84% das gestantes entrevistadas acreditam que
manter uma alimentação equilibrada é o suficiente para ingerir todas as
vitaminas e minerais necessários na gravidez. E apenas cerca de metade da
amostra (56%) afirma fazer uso de multivitamínicos por recomendação médica,
porcentual que cai para cerca de 41% no Sul. Na outra ponta, 12% do total de
respondentes não ingere nenhum tipo de suplemento nutricional porque acredita
que sua alimentação é equilibrada o bastante para suprir todas as necessidades
nutricionais. Esse mesmo comportamento se aplica a uma em cada cinco gestantes
ouvidas no Centro-Oeste.
Mitos populares
Se
a importância da suplementação não é plenamente conhecida pelas gestantes
brasileiras, a crença em mitos desprovidos de comprovações científicas também
chama a atenção. Mais de 43% da amostra total, por exemplo, ou acredita que a
mulher pode e deve consumir cerveja preta durante a gravidez e a amamentação
para aumentar a produção de leite materno ou simplesmente não sabe dizer se
essa crença é mesmo verdadeira. No Norte, esse porcentual ultrapassa os 59%.
"A
suposta ação da cerveja preta é uma crença bastante famosa no imaginário
popular, mas não há nenhuma evidência científica que fundamente essa relação.
Na verdade, não existe uma quantidade segura de álcool para o consumo durante a
gravidez. Trata-se, sim, de uma substância que pode trazer consequências graves
para o bebê, como parto prematuro, aborto, deficiências no feto e até mesmo a
síndrome alcoólica fetal", afirma Correia.
Diretora
das áreas médica, científica e regulatória de Nutrição Infantil da Nestlé, a
nutricionista Tamara Lazarini afirma que outro mito preocupante evidenciado
pela pesquisa é a velha crença de que a gestante deveria "comer por
dois". Entre todas as entrevistadas, as respondentes do estado de São
Paulo são as que mais acreditam nessa relação, considerada verdadeira por 32%
das mulheres dessa localidade. Mas essa média cai para 22% quando se considera
a amostra total da pesquisa, como indica a tabela abaixo:
Como você classificaria as sentenças
abaixo?
|
Verdade
|
Mito
|
Não sei
|
A mulher
pode e deve consumir cerveja preta durante a gravidez e durante a
amamentação, para estimular a produção de leite materno. |
18%
|
56%
|
25%
|
A mulher
deve "comer por dois" durante a gravidez. |
22%
|
73%
|
5%
|
É melhor
evitar o consumo de peixe cru, comum na culinária japonesa, durante a
gravidez. |
62%
|
18%
|
21%
|
O consumo
de café deve ser moderado durante a gestação. |
78%
|
9%
|
13%
|
Comer
canjica durante a gravidez ajuda a ter leite depois para amamentar o bebê. |
32%
|
37%
|
31%
|
"Na
verdade, as necessidades calóricas são individuais. E, em geral, a quantidade
de calorias que a gestante ingere só deve ser aumentada após o primeiro
trimestre de gestação. Mas estamos falando de um aumento de apenas 300 calorias
na dieta em relação a uma mulher que não está grávida. Em vez de comer por
dois, a gestante deveria, ao contrário, se atentar para o ganho excessivo de
peso. Para uma mulher que apresentava um peso saudável quando engravidou, esse
acréscimo durante a gestação deveria ficar entre 11,5 kg e 16 kg",
esclarece a nutricionista.
Percepções sobre alimentação saudável
Quando
perguntadas sobre as mudanças positivas que a gravidez desencadeou em seus
hábitos alimentares, 77% das entrevistadas afirmam que passaram a incluir mais
frutas e verduras na alimentação na comparação com o padrão alimentar anterior
à gestação – e esse porcentual chega a 83% em São Paulo. No Centro-Oeste e no
Nordeste a redução do consumo de açúcar também se destaca: a maioria das
entrevistadas diz ter adotado essa medida.
A
importância dos alimentos frescos aparece novamente quando as entrevistadas
apontam quais itens deveriam fazer parte da dieta habitual da gestante para uma
alimentação equilibrada, de modo que 91% delas destacam a necessidade de
frutas, verduras e legumes. Ainda assim, uma parte considerável da amostra, ou
quase uma a cada cinco gestantes entrevistadas, identifica o peito de peru, que
na verdade é um produto embutido, como um alimento saudável. Essa percepção se
acentua ainda mais nas entrevistadas da classe A, grupo em que essa porcentagem
passa de 25%.
Em
relação às carnes processadas, o mecanismo de defumação, os conservantes e o
excesso de sal presente nesses alimentos podem estar associados a tumores de
estômago e de intestino, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA)².
"E há outras questões que chamam a atenção nesse tema. Os dados mostram
também que a menor parte das gestantes identificou as nozes e castanhas como
alimentos saudáveis. Porém, elas são ricas em ômega-3, um componente importante
para o desenvolvimento do cérebro do bebê", afirma Tamara. A importância
dos ovos também é subestimada, especialmente na classe A, grupo em que apenas
30% das gestantes valorizam esse alimento.
Quais são os alimentos que fazem
parte de uma alimentação equilibrada e deveriam estar presentes na dieta
habitual da gestante? Escolha até 3 alternativas:
|
Amostra total
|
Frutas,
verduras e legumes |
91%
|
Carnes
magras |
71%
|
Nozes e
castanhas |
39%
|
Ovos |
39%
|
Peito de
Peru |
19%
|
Barrinhas
de cereal |
12%
|
Bolacha de
água e sal |
8%
|
Suco de
caixinha |
5%
|
"Esses dados nos mostram que, por mais
que a nutrição seja um assunto muito discutido atualmente, ainda existe um
forte trabalho de educação sobre essa temática que precisa ser realizado no
Brasil, especialmente quando estamos tratando de um momento tão singular como a
gravidez. Afinal, sabemos que uma gestante bem nutrida pode proporcionar as
condições ideais para o desenvolvimento de seu filho. Mas o benefício da alimentação
balanceada nessa fase é duplo, pois ele também se estende para a própria saúde
materna, uma vez que o cardápio saudável ajuda a reduzir os riscos de diabetes
gestacional, hipertensão e outros problemas associados a essa fase",
conclui Correia.
Pfizer
Referências:
- WHO. Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais para uma experiência positiva na gravidez. Acesso em 2018, em: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/250800/WHO-RHR-16.12-por.pdf;jsessionid=A81BF205046A177237416CFE4C05CA1D?sequence=2
- Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Carnes processadas. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/prevencao-fatores-de-risco/alimentacao/carnes_processadas. Último acesso em 29 de novembro de 2018.
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