Consulta pública
ajudará a decidir se terapia para prevenir AVC isquêmico em pessoas com
fibrilação atrial será incorporada ao Sistema Único de Saúde
Quando o coração bate fora de ritmo
diz-se que a pessoa apresenta uma arritmia cardíaca. É diferente da aceleração
do coração de quando praticamos exercícios, vivemos experiências estimulantes
ou sentimos medo, por exemplo. Arritmias são relativamente frequentes, podendo
se manifestar de várias maneiras, com causas e consequências diferentes. Dentre
elas, a mais comum é a fibrilação atrial (FA).
A fibrilação atrial atinge de 1,5
milhão a 2 milhões de brasileiros1 e está associada a fatores como
hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca e infarto do miocárdio. Embora
possa ocasionar palpitações, dores no peito, tontura e falta de ar, muitas
vezes a FA passa despercebida por não apresentar sintomas2. Metade
dos pacientes sequer sabe que tem a doença3. De acordo com pesquisa
do Ibope Conecta, 63% dos brasileiros nunca ouviram falar em fibrilação atrial,
enquanto 99% já ouviram falar em trombose5.
Segundo o cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, tecnicamente, a doença
provoca desorganização na atividade elétrica das cavidades do coração chamadas
de átrios, fazendo com que elas “fibrilem”, ou seja, se contraiam de uma forma
desordenada. “Este descontrole pode prejudicar o bombeamento de sangue para o
restante do corpo e provocar consequências como a formação de pequenos coágulos
no coração, chamados de trombos. O problema é que estes coágulos podem se
deslocar do coração até o cérebro e causar um AVC”, explica o especialista.
A doença pode aumentar em cinco vezes
o risco de acidente vascular cerebral (AVC)3 de tipo isquêmico,
popularmente conhecido como derrame, um problema de saúde pública que pode
proporcionar sequelas incapacitantes. “Estudos
mostram que os pacientes com fibrilação atrial e também portadores de outras
doenças (como hipertensão, diabetes etc) têm, ao longo de um ano, cerca de 10%
de chance de ter AVC. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento
anticoagulante adequado são fundamentais para o bem-estar do paciente e evitar
complicações”, explica o Dr. Saraiva. Outra preocupação é que o AVC
causado pela fibrilação atrial é um dos mais graves e pode provocar mais
incapacitação e morte do que outros tipos de AVC1.
Para impedir a formação de coágulos e
evitar acidentes vasculares cerebrais, pacientes com fibrilação atrial utilizam
medicamentos anticoagulantes, aqueles que popularmente afinam o sangue.
Atualmente, o único tratamento disponível para as pessoas atendidas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) é a varfarina. Usada há 50 anos, exige exames
feitos em laboratório para o ajuste da dose, em curtos períodos de tempo, de
forma contínua. Mesmo com esse controle, cerca de metade dos pacientes não
conseguem se manter bem tratados com a varfarina, e para essas pessoas, não
existe outra opção de tratamento no SUS.
Existem tratamentos mais modernos
disponíveis como uma nova classe de anticoagulantes orais, da qual faz parte a
dabigatrana, indicada para a prevenção de AVC isquêmico e embolia sistêmica em
pacientes com fibrilação atrial. O medicamento é de dose fixa e conta um agente
reversor, o idarucizumabe, que age revertendo o efeito do anticoagulante do
medicamento em poucos minutos. O seu efeito é momentâneo, para pacientes que
apresentam sangramentos incontroláveis ou passarão por cirurgias de emergência6.
“É muito importante contar com o agente reversor, pois a preocupação com
eventuais sangramentos em situações de emergência compromete a adesão dos
pacientes”, diz o Dr. Saraiva.
A Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias (Conitec) abriu uma consulta pública sobre a incorporação e
disponibilização pelo SUS da dabigatrana para os pacientes com fibrilação
atrial que não conseguem se controlar bem com a varfarina até o dia 21/01/2019.
Pacientes, cuidadores, familiares, amigos, profissionais de saúde e interessados
no tema podem se manifestar, pela internet, sobre a recomendação da Conitec de
que o tratamento não seja oferecido aos pacientes. Consulta pública é um
processo democrático para construção conjunta de políticas públicas entre
governo e sociedade, e qualquer pessoa pode participar opinando se o
medicamento deve ou não ser incorporado ao Sistema Único de Saúde. Basta
acessar o site http://conitec.gov.br/consultas-publicas,
localizar a consulta pública nº 82 e preencher o formulário.
Para esclarecer as dúvidas da
população sobre fibrilação atrial e aumentar a conscientização da importância
da prevenção, a Boehringer Ingelheim criou a campanha “O Som do Coração”, com
apoio da Rede Brasil AVC e da AMAVC (Associação Mineira do AVC). As informações
estão disponíveis no site www.somdocoracao.com.br.
Boehringer Ingelheim
Referências:
1. Pollack C. V. et al. Idarucizumab
for dabigatran reversal. NEJM. 2015 June 22 (Epub ahead of print). Available at
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1502000
2. Calkins H. et al.
Uninterrupted Dabigatran versus Warfarin for Ablation in Atrial Fibrillation.
NEJM. 2017. DOI: 10.1056/NEJMoa1701005
3. Go AS, Hylek EM, Phillips KA, et
al. Prevalence of diagnosed atrial fibrillation in adults: national
implications for rhythm management and stroke prevention: the Anticoagulation
and Risk Factors in Atrial Fibrillation (ATRIA) Study. JAMA. 2001 May 9; 285;
(18); 2370-5.
4. Fibrilação Atrial causa
AVC/Derrame, Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas. Disponível em http://www.sobrac.org/publico-geral/?p=4389.
Último acesso em 19 de setembro de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário