Casais
que dividem cuidados na criação dos filhos refletem mudanças culturais, avalia
psicóloga da Anhanguera
Sempre que sai com a esposa e a filha, o
publicitário Rogério Caporossi se depara com trocadores para uso exclusivo de
mães e filhos, o que dificulta sua tarefa, e a de outros pais, de trocar a
fralda de pequenos. Nessas situações, ao invés de procurar sua esposa para
transferir “a missão”, ele questiona os responsáveis pelo estabelecimento,
sobre um local para a tarefa. A pergunta reflete o posicionamento de um pai que
é tão responsável quanto a mãe pelos cuidados para com os filhos. “Eles (o
estabelecimento) devem resolver o problema! Sou a favor de uma lei que obrigue
os locais públicos a terem trocador com acesso irrestrito aos pais e mães”,
argumenta.
A reivindicação do publicitário é um reflexo das
mudanças culturais de uma sociedade que começa a entender que o modo de vida
mudou, se comparado ao passado recente, quando o homem era o “provedor exclusivo
da família” e a mulher era a “cuidadora do lar”, de acordo com a professora do
curso de Psicologia da Anhanguera de Campinas – unidade Taquaral, Priscila
Salgado. “A sociedade se desenvolve a partir dos valores de cada época”,
explica a psicóloga. “As pessoas têm percebido que o valor do vínculo com a
criança não depende do gênero do cuidador. Tanto os pais quanto as mães possuem
todas as condições biológicas para cuidarem de seus filhos com atenção e afeto.
A questão não é, portanto, biológica e sim cultural”, completa.
Rogério e a jornalista Gabriela Moraes Caporossi
são pais da Helena, de um ano e seis meses e, desde que soube que seria pai, o
publicitário assumiu naturalmente uma postura participativa na vida da filha. “Quando
a Helena nasceu não foi diferente. Tudo é completamente dividido e tudo é feito
por nós dois: fralda, banho, alimentação e a hora de dormir”, comenta Gabriela.
O publicitário considera o trato com a filha como
um processo natural. “Prefiro dizer que é uma evolução
e adaptação ao novo, e muito melhor, modelo de criação. Por mais trabalhoso que
seja, a troca de carinho e afinidade é incrível e compensa qualquer cansaço”.
Para Gabriela, o modelo deve aumentar e se estender
para as próximas gerações. “As mães de hoje têm de trabalhar tanto quanto os
pais. E gostam disso, se sentem bem, realizadas. Justamente, por isso, devemos
ser responsáveis por uma educação que inclua os meninos, desde pequenos, nas
tarefas da casa”, acredita.
Na opinião da professora da Anhanguera, a ida das
mulheres para o mercado de trabalho faz com que os homens se libertem da função
exclusiva de provedores financeiros e, com isso, comecem a ocupar espaço nos
cuidados da casa e dos filhos.
Rogério concorda com o ponto de vista da psicóloga
e aponta para a necessidade de uma mudança cultural para que a participação dos
pais nos cuidados com os filhos deixe de ser exceção e se torne uma prática
comum. “E, quando falo na mudança da cultura, não me refiro somente aos homens.
Não fazemos mais do que nossa obrigação”.
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