Médicos revelam preocupação com "boom" de prescrição hormonal
que vem alimentando um mercado milionário e chamam atenção para o exercício
ilegal da endocrinologia
Solicitar
exames de dosagem hormonal em pacientes saudáveis para justificar a indicação
de hormônios com fins estéticos – antienvelhecimento, ganho de massa muscular,
redução da celulite, perda de peso e aumento de libido –, se tornou uma perigosa
realidade no país. Muitas vezes são os próprios pacientes que buscam e se
deixam seduzir pela chamada “modulação hormonal” ou o implante do “chip da
beleza”, prática condenada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM), devido aos efeitos adversos que isso pode gerar.
O
tema foi debatido por alguns dos principais especialistas do país, durante o
Simpósio de Gônadas, dentro da programação do EndoSul 17 – Congresso de
Endocrinologia e Metabologia da Região Sul, organizado pela SBEM - Regional
Paraná.
Mas
o que norteou os debates foi a preocupação com “boom” de prescrição hormonal
que vem alimentando um mercado milionário. “Vivemos um momento muito
preocupante, com o exercício ilegal da endocrinologia, no que se refere aos
tratamentos chamados de modulação hormonal. Eles não apenas fogem à ética
profissional, mas representam também um risco à saúde pública, razão pela qual
criamos a Comissão de Ética e de Defesa Profissional para tratar e penalizar
estes casos, que são uma verdadeira aberração”, afirmou a presidente da
SBEM-PR, endocrinologista Silmara Leite.
A
endocrinologista Dolores Pardini, vice-presidente do Departamento de
Endocrinologia Feminina da SBEM e chefe do Ambulatório de Menopausa da UNIFESP
lembrou que a reposição hormonal é recomendada para mulheres que entram na
menopausa e que apresenta sintomas. A especialista
atacou
a quantidade de exames que têm sido solicitados em pacientes saudáveis, para
justificar a reposição indiscriminada. “Isso é uma banalização da terapia
hormonal, que tanto a SBEM quanto o Conselho Federal de Medicina são
enfaticamente contrários. É preciso ter comedimento para fazer a reposição
quando o hormônio está em falta, pelos riscos pode trazer”, afirmou a
especialista.
Dentre
os perigos que o uso indiscriminado de hormônios pode trazer à saúde
estão o aumento do risco cardiovascular, a elevação da resistência à insulina,
que pode desencadear um diabetes melitus, além de eventos cardiovasculares,
principalmente se for uma pessoa obesa, com colesterol elevado e tiver alguma
predisposição para hipertensão arterial.
Alheio
aos riscos, muitos pacientes chegam ao consultório buscando a reposição
hormonal, com base em informações encontradas na internet. “Pessoas que buscam
hormônios para obter benefícios estéticos têm que ser orientados a não fazê-lo.
Os benefícios podem parecer sedutores, mas trazem uma série de malefícios,
desde uma simples acne até alterações mais graves no fígado e no coração”,
explicou o endocrinologista Alexandre Holh, vice-presidente da SBEM. “Saímos de
uma situação em que o paciente não tem doença diagnosticada e simplesmente vai
para uma doença criada porque o uso do hormônio foi inadequado”, alertou o
especialista.
A
falta da testosterona pode ter várias causas, como obesidade, diabetes, uso de
medicamentos, doenças específicas e até tumores do sistema endócrino. Por isso
é fundamental uma investigação adequada, para tratar não somente a falta do
hormônio, mas também a causa desta falta. “O endocrinologista é o médico mais adequado
para avaliar esse quadro e indicar o tratamento seguro. Então alertamos ao
paciente para que procure em sua região médicos sérios”, finaliza Holh.
A
SBEM-PR e o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) incentivam os
pacientes a consultarem a lista atualizada dos endocrinologistas do estado na
página www.sbempr.org.br.
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná | SBEM-PR
E-mail: sbempr@endocrino.org.br
Av. República Argentina, 369, cj. 1101, 11º andar,
Água Verde, Curitiba/PR CEP: 80240-210
Fone: (41) 3343-5338
www.sbempr.org.br| www.facebook.com/sbemparana
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