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sexta-feira, 27 de março de 2020

Serviços essenciais reabrem no SerrAzul



Farmácia, padaria, conveniência, Banco 24h, além de drive thru e sanitários, estão funcionando a partir de 30/03, das 9h às 21h


SerrAzul reabre parcialmente, dia 30 de março, das 9h às 21h. Localizado na altura do KM 70 da Rodovia dos Bandeirantes, na rota de entrada e saída do município de Itupeva, no interior de São Paulo, o empreendimento é caminho de milhares de viajantes e caminhoneiros que passam diariamente pela rodovia. 

Na data, voltam a operar os serviços de farmácia, Banco 24h, além dos sanitários. Os serviços de padaria e conveniências do Frango Assado também estarão disponíveis. McDonald´s, Jerônimo e Madero funcionam em esquema  de drive thru. 

“Estamos retomando aos poucos o funcionamento do SerrAzul, sempre de maneira segura, tanto para os nossos funcionários quanto para os clientes” explica Alexandre Caiado, administrador do empreendimento. 


Essas medidas poderão sofrer alterações, de acordo com o cenário e as determinações do poder público
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Educação à distância e o futuro


A sala de aula é um ambiente de ensino-aprendizagem eficiente e tem sido ao longo dos séculos o local mais importante para o desenvolvimento educacional. A sala de aula pode ser chamada de “primeiro ambiente de aprendizagem”. Essa denominação decorre de que, com o surgimento das tecnologias da comunicação, da informação, da computação, da telefonia móvel, da Internet e, agora, da inteligência artificial, surge um “segundo ambiente de aprendizagem”, que está permitindo a explosão, com eficiência, das ferramentas de educação à distância.

A existência desses dois ambientes recomenda entender o processo de ensino-aprendizagem em pelos menos três momentos: antes da aula, durante a aula e após a aula. Nesse novo contexto, o agente mais importante do processo educacional é o estudante. O pesquisador, o professor, o produtor de conteúdos e os instrutores continuam com seu relevante papel e serão sempre indispensáveis. Entretanto, as ferramentas e os recursos à disposição do estudante são tantos e de tal ordem sofisticados que as possibilidades de estudo e aprendizagem se multiplicam e se diversificam.

No segundo ambiente, o professor e o produtor de conteúdos continuam com sua tarefa de preparar as aulas e as orientações no momento “antes da aula”. O que muda é o formato, o material e o estilo de explicação. Os meios não se limitam a textos e imagens em papel, mas se estendem a vídeos, filmes e um elenco de instrumentos tecnológicos de exposição de texto, som, imagem, interações, conexões e intercâmbio. Os materiais e as fontes de conteúdo não se limitam mais a apenas o que está em si mesmos, mas fazem interface com uma rede de links, referências e remissões.

Quando o momento “antes da aula” é bem desenvolvido e de qualidade, o momento “durante a aula” muda, é decidido a executado pelo estudante, torna-se diversificado, logo, mais bem-aproveitado. O mais importante com a revolução das tecnologias sofisticadas está na educação à distância (EaD), ou seja, o formato em que o estudante pode estar em um lugar e o professor em outro, podem estar disponíveis em horários diferentes e sem a dependência de horário e local físico fixo.

A EaD não é uma panaceia para todos os males da educação, mas é uma solução disruptiva, a mais importante produzida nos últimos séculos, pelo elenco extenso e sofisticado de soluções para o processo de ensinar e aprender, em especial a já citada eliminação da necessidade de contato físico entre aluno e professor. O resultado mais expressivo é a possibilidade de uma mesma aula, expositiva, gravada e disponibilizada em meios eletrônicos e ambientes virtuais, poder ser assistida por milhões de alunos, vista, repetida e multiplicada quase indefinidamente.

O que a EaD faz é eliminar barreiras e restrições ao processo de ensinar e aprender, como a já mencionada distância entre professor e aluno, e mais: a EaD não abandona nem dispensa o contato físico e o relacionamento entre estudantes, especialmente na aquisição de habilidades que dependem de aulas práticas em máquinas e laboratórios. A EaD incorpora os elementos da aula presencial, não concorre com eles nem desfaz de sua imensa importância, e se soma aos métodos a atividades da sala de aula.

Talvez o aspecto mais essencial neste cenário novo seja entender que a EaD não destrói o que funcionou até hoje centrado na sala de aula, mas acrescenta um leque de possibilidades e métodos tão grande que amplia as opções de escolha para ensinar e aprender. E quanto mais a tecnologia vai criando novos recursos e novas ferramentas, mais as opções do EaD crescem e se expandem. Não se trata de isso “ou” aquilo, mas de isso “e” aquilo. A EaD veio para ficar. 





José Pio Martins - economista, é reitor da Universidade Positivo.



A inteligência artificial contra a Covid-19: o que os eventos podem nos ensinar sobre o futuro?



 Pesquisadores da USP testam ferramentas de mineração de dados para prever a evolução da pandemia, método já foi explorado em aplicações nas áreas de agronegócio e educação


Enquanto o novo coronavírus continua se espalhando pelo mundo, assistimos à proliferação de uma série de gráficos mostrando a evolução da Covid-19 e curvas ilustrando o que poderá acontecer no futuro. Além de assustador, o cenário traz uma série de desafios adicionais para os cientistas da computação: como extrair conhecimentos úteis a partir dessa quantidade gigantesca de informações que circulam na internet sobre a pandemia, aproveitando os recursos tecnológicos que temos à disposição?

Esse é um desafio que já vem sendo enfrentado pelos pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Eles têm obtido bons resultados utilizando técnicas de inteligência artificial aplicadas à mineração de dados nas áreas de agronegócio e educação, por exemplo. Para isso, desenvolvem desde 2014 uma ferramenta chamada Websensors, que usa inteligência artificial para analisar eventos extraídos de textos de notícias, tais como informações sobre o que aconteceu, como, quando, onde e quem está envolvido.

Agora, estão empenhados em coletar eventos mencionando o novo coronavírus ou a doença Covid-19. A meta é usar essas informações como conhecimento complementar para ser incorporado em modelos de previsão já existentes. Um exemplo é a previsão da curva de contaminação da pandemia, que pode ser ajustada considerando eventos sobre esse assunto. Além disso, esse conhecimento adicional será importante para apoiar especialistas na identificação futura de iniciativas bem-sucedidas e mal-sucedidas no combate ao vírus, o que terá grande utilidade nas próximas epidemias que enfrentaremos.

“Quando olhamos para a evolução futura da curva de contaminação de uma doença e levamos em conta apenas dados sobre contágios que aconteceram no passado, temos uma visão limitada do problema. Se for possível enriquecer essa visão, adicionando à previsão informações extraídas de fontes confiáveis, acreditamos que poderemos incrementar nosso olhar e, quem sabe, construir modelos preditivos mais próximos da realidade”, explica Solange Rezende, que coordena o projeto junto com o professor Ricardo Marcacini, ambos do Laboratório de Inteligência Computacional do ICMC. A iniciativa conta, ainda, com a participação de dois doutorandos, quatro mestrandos e três pesquisadores colaboradores, como Rafael Geraldeli Rossi, ex-aluno do ICMC que é professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.


Web, um poderoso sensor – Vamos imaginar que você encontrasse um viajante do tempo hoje que lhe perguntasse: qual a maneira mais rápida e confiável de compreender o que está acontecendo no mundo em tempo real? É provável que sua resposta fosse: entre na internet. Sim, de fato, é pela web que temos acesso a fontes de informações confiáveis e seguras de todo o mundo, em várias línguas. É por isso que muitos pesquisadores começaram a usar as informações da web da mesma maneira que já utilizamos sensores para medir, por exemplo, a temperatura, a umidade, a quantidade de chuva, a velocidade e a direção dos ventos em um lugar. São os dados captados por esses sensores ao longo do tempo – a variação da temperatura, umidade, chuva e vento – que possibilitaram aos cientistas construírem os modelos para prever o clima no futuro.

Ora, pense que as informações que circulam na web também podem funcionar como esses sensores e ajudar não apenas um viajante do tempo a compreender nossa realidade, mas também permitir que os pesquisadores desenvolvam novos modelos de previsão de futuro. “Isso acontece porque os computadores conseguem processar uma grande quantidade de informações e encontrar padrões no que aconteceu no passado e que poderá se repetir no futuro”, explica Marcacini.

No caso da Covid-19, os links da web são captados por meio de uma plataforma internacional chamada GDELT. A seguir, os pesquisadores do ICMC coletam as notícias que se referem especificamente à doença ou ao coronavírus, desde que sejam provenientes de fontes confiáveis, e fazem um pré-processamento. Nessa etapa, utilizando várias técnicas, como as de processamento de linguagem natural, os textos são transformados em um conjunto de sinais. É como se houvesse uma tradução da linguagem humana para uma linguagem que as máquinas conseguem compreender.

Na sequência, esses sinais são inseridos no circuito de uma rede neural. Tal como no cérebro humano, em que os sinais que captamos por meio dos nossos sentidos vão sendo processados, a rede neural analisa as características extraídas dos textos coletados e dá um peso diferente a cada uma, de acordo com a maior ou menor frequência em que a característica surge na coletânea. É comparável ao trabalho que nossos neurônios realizam depois que os olhos captam várias imagens diferentes e vamos identificar o que há em comum entre elas. Mas, lembre-se de que, nesse caso, estamos falando de encontrar padrões em uma gigantesca quantidade de textos, um trabalho impossível de ser realizado manualmente e que pode resultar em valiosos conhecimentos, como já demonstrado em vários estudos.

Em todo o globo, de 19 a 24 de março, a plataforma criada pelo grupo de pesquisadores do ICMC (http://websensors.net.br/projects/covid19) capturou um total de 26.713 eventos georreferenciados extraídos de notícias que citam a Covid-19 ou o coronavírus. Esse processo de coleta é contínuo. Unindo essas informações aos dados de contaminação oficiais (coletados pelo Data Repository by Johns Hopkins CSSE), os cientistas elaboraram um modelo de previsão da curva de contaminação para os próximos sete dias (veja a seguir, em amarelo). Note que essa curva é mais acentuada do que a observada nos modelos epidemiológicos que consideram apenas os dados de contaminação (em verde). “Acrescentando os eventos, de fato há um ajuste para cima, com a previsão de mais casos, embora a gente precise fazer a ressalva de que ainda temos poucos dados no Brasil para validar estatisticamente essa análise preditiva”, pondera Ricardo.


Aplicação na agricultura – Desde 2014, os pesquisadores do ICMC têm trabalhado para desenvolver o conhecimento e a tecnologia denominada Websensors que, hoje, está sendo utilizada no projeto da Covid-19. Ao longo dos anos, vários estudos foram realizados com o apoio das principais agências de fomento à pesquisa do país, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Solange afirma que um dos desafios que mobilizam a equipe é explicar o comportamento passado e predizer o comportamento futuro da produtividade em agricultura e agropecuária no Brasil. Segundo ela, essa será uma das frentes de atuação do novo Centro de Pesquisa em Engenharia em Inteligência Artificial. Com recursos que virão da IBM, da FAPESP e da USP, o novo Centro terá um de seus núcleos no ICMC.

O grupo já tem um repositório impressionante: uma base histórica de 18 anos de milhões de notícias. A ideia é, em parceria com a EMBRAPA, construir um modelo computacional para utilizar o conhecimento implícito que há nessa base e, a partir da identificação de padrões, explicar o comportamento passado e predizer o comportamento futuro.

“A análise da produtividade no domínio de agronegócios tradicionalmente é realizada com base em imagens aéreas, informações climáticas e séries temporais históricas. Com o uso de websensors, poderemos adicionar um novo componente e disponibilizar as análises em uma plataforma web, que poderá ser acessada por outros pesquisadores interessados”, destaca Marcacini. A professora Solange ressalta que, embora o Brasil tenha relativo destaque internacional em relação à agricultura e agropecuária, ainda há pouca inovação tecnológica relacionada a grandes bancos de dados (big data) aplicada em agronegócios.


Combate à evasão – A educação é outra área em que os pesquisadores do ICMC já desenvolveram aplicações premiadas usando conhecimentos e tecnologias sobre mineração de eventos. Em 2018, os pesquisadores criaram uma plataforma para analisar informações históricas sobre o comportamento virtual de estudantes com o objetivo de evitar o abandono dos cursos a distância.

A partir de uma análise personalizada, de acordo com as características de cada curso, e do encontro de padrões de comportamento, a plataforma separa os alunos em grupos de acordo com diferentes riscos de evasão (baixo, médio, alto e crítico). Assim, periodicamente, os gestores são notificados sobre a atuação dos estudantes. O projeto foi desenvolvido quando Marcacini era professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em parceria com a professora Solange, e conquistou o segundo lugar no 1º Workshop de Inovação da Diretoria de Educação a Distância da CAPES.

Outra aplicação foi desenvolvida com o objetivo de identificar pareceristas, pesquisadores, especialistas e consultores para avaliar projetos, artigos, dissertações e teses ou problemas de empresas interessadas na contratação de profissionais especializados. A solução foi criada para permitir que as instituições identifiquem especialistas competentes para lidar com um determinado problema. O projeto conquistou a quarta colocação na exposição de aplicações institucionais da base Lattes, organizada pelo CNPq e pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos em setembro de 2018.






Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP



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