Especialista em
estudos da mente humana, Fabiano de Abreu constrói mais uma teoria educacional
que revela a rebeldia da criança
Não é difícil encontrar pais
que acreditam que acharam o padrão de sucesso para criar os filhos. O
problema é que muitas dessas estratégias são baseadas nas vivências e na
opinião pessoal dos pais, sem levar em consideração que crianças também possuem
personalidade, quereres e em alguns casos até opinião.
Mas e quando os pais também não têm condutas coerentes? E se os filhos possuem
um grau de compreensão tão elevado que já não obedecem só por obedecer? Como
evitar conflitos e encontrar uma educação equilibrada?
O filósofo, jornalista,
psicanlista e escritor Fabiano de Abreu aponta que educar dentro do próprio princípio sem a busca de uma lógica
e um entendimento amplo sobre as razões do filho pode acarretar problemas de
mal comportamento e incompreensão. “Para educar alguém precisamos educar a nós
mesmos. Muitos pais esquecem que os comportamentos dos filhos são o reflexo dos
próprios comportamentos, funcionamos muito como espelhos, uma base”, explica.
Levando em consideração essa
lógica, uma criança rebelde não deixará de ser rebelde apenas por ser
repreendida. O progenitor ou quem estiver encarregado da sua educação deve
tentar entender o motivo da rebeldia e conseguir remediar de forma racional.
Deve ainda, desbravar caminhos para que a própria criança possa compreender e,
por vontade própria, tentar mudar o seu comportamento, defende o especialista.
Lidando com filhos acima da média
Não são apenas crianças
rebeldes que tendem a ser problemáticas quando o assunto é educar. Aprender a
lidar com uma criança acima da média também pode ter seus poréns. Um exemplo é
a criança com um cognitivo avançado devido à sua alta inteligência numa idade
que não tem experiência ainda para ter consciência do seu comportamento.
Fabiano elucida que esse tipo
de filho vive uma dualidade: experiência vs inteligência com o cognitivo
baseado nesta inteligência. “Portanto, o seu comportamento pode ser entendido
de uma forma diferente e assim, o adulto não sabe lidar com esta educação”,
aponta.
Outro fato é que crianças
inteligentes tendem a mentir, o que não necessariamente é um padrão de
comportamento mau. “A mentira faz parte do mundo infantil, por conta da
fantasia, do pensamento mágico. Usar a inteligência para mentir manipulando, os
que a amam para obter o resultado final a seu favor é completamente natural.
Deve existir, contudo, alguém que identifique os excessos e saiba delimitar,
cortar e impor limites para proteger essas crianças delas mesmas”, defende
Fabiano.
Possuir uma inteligência mais
avançada também pode fazer com que pais negligenciem a criação dos filhos. “Ser
inteligente não significa que a criança não precise ser guiada, amada e
educada. Não devemos acreditar que se a criança é inteligente, o tempo junto
com a sua inteligência a fará se auto educar ou ela, sozinha, encontrará uma
forma para ter um bom futuro. Traumas ou uma má educação na infância
refletem-se nos problemas desta criança quando se tornar adulto”, alerta.
Fabiano defende que a
inteligência pode sim ser responsável pela auto educação e percepção do que é
melhor para si, mas nunca sem supervisão e limites impostos. A criança tem que
sentir que o mundo não gira em torno dela, que há mais para além da sua
existência e que para cada escolha ou ato há uma consequência. “Ensinar a saber
lidar com as perdas e com os ganhos, saber dosear a excitação e a frustração é
um dos principais papéis dos pais”, defende.
O adulto, ao educar, não se
deve deixar cegar. A inteligência emocional é uma presença constante entre pais
e filhos, para o bem e para o mal e, muitas vezes, os pais não enxergam
verdadeiramente as situações que têm perante si, garante o filósofo. “O
emocional pode atrapalhar com toda a certeza, e por vezes é preciso criar um
pouco de distância para compreender as problemáticas. Temos que contribuir para
que o seu futuro seja bom, recheado de bastantes conquistas sempre vinculadas
ao uso pleno da sua inteligência e capacidades”, recomenda.
Para entender melhor:
Cognitivo: é uma
expressão relacionada ao processo de aquisição de conhecimento. O processo
cognitivo envolve diversos fatores e nuances dentro do conhecimento e das
percepções através da arquitetura da mente — memória primitiva, o inconsciente,
o sobre inconsciente, o pré consciente e o consciente. A experiência é parte
relevante no desenvolvimento do cognitivo.
Inteligência: É
genética e se configura com características muito próprias desde o nascimento.
Uma pessoa de grande inteligência tende a ser um intelectual e intelectual é
quem tem e busca conhecimento de determinados temas.
Intelecto: pode ser
trabalhado e desenvolvido dentro do conhecimento adquirido e da experiência.
Crianças inteligentes cometem ações surpreendentes
para os outros e normais para elas mesmas
Primeiramente vamos entender o
verdadeiro significado das palavras para mergulhar na profundidade dos
conceitos onde encontramos o lar do conhecimento, da consciência e da razão.
Cognitivo é uma
expressão relacionada ao processo de aquisição de conhecimento. O processo
cognitivo envolve diversos fatores e nuances dentro do conhecimento e das
percepções através da arquitetura da mente. Falamos de
memória primitiva, o inconsciente, o sobre inconsciente, o pré consciente e o
consciente. Pensamentos, linguagem, percepção, memória, raciocínio entre muitos
outros fatores como comportamento, personalidade e etc., que fazem parte do
desenvolvimento intelectual. A experiência é parte relevante no desenvolvimento
do cognitivo.
A inteligência é genética e é diferente de intelecto. O intelecto pode ser trabalhado e desenvolvido dentro do conhecimento adquirido e
da experiência. A inteligência é algo que possuímos com características muito
próprias desde que nascemos. Uma pessoa de grande inteligência tende a ser um
intelectual e intelectual é quem tem e busca conhecimento de determinados
temas.
Agora que sabemos o
significado das palavras podemos nos aprofundar mais ainda neste linha de
conhecimento. Por vezes, ter noções mais corretas e fiéis de certas características
e comportamentos ajuda os pais a lidar com os seus filhos de uma outra forma,
entendendo algumas das problemáticas nos seus sentidos mais amplos e ao mesmo
tempo compreender que o que parece nem sempre o é.
“Para educar alguém precisamos educar a nós mesmos”
Eu sempre digo que para educar
alguém precisamos educar a nós mesmos. Muitos pais educam os seus filhos dentro
do próprio princípio sem a busca de uma lógica e um entendimento amplo sobre as
razões do filho. Não esqueçamos que muitas das vezes os comportamentos dos
nossos filhos são o reflexo dos nossos próprios comportamentos, funcionamos
muito como espelho, somos a base.
Uma criança rebelde não
deixará de ser rebelde apenas por a repreendermos. O progenitor ou quem estiver
encarregado da sua educação deve tentar entender o motivo da rebeldia e
conseguir remediar de forma racional. Deve desbravar caminho para que a própria
criança possa compreender e, por vontade própria, dentro do convencimento
tentar mudar o seu comportamento.
Uma criança inteligente, de
alto QI, tem o cognitivo mais desenvolvido que muitas outras crianças do seu
ciclo, diferenciando-se assim do comportamento natural das demais e desta forma
se sentir incompreendida. Observamos muitas vezes que este tipo de criança é quase
um camaleão mesmo que inconscientemente. Ela adapta-se quase instantaneamente
ao local e à pessoa com quem se encontra de forma a se integrar. Consegue ser
criança mas também ser mais adulta se a ocasião assim o pedir. Mudam os
assuntos, a forma de estar e comportar, a forma de falar e de ocupar o espaço.
Não deixa de ser também uma manipulação constante e da qual elas não têm
verdadeira consciência.
Uma criança com um cognitivo
avançado devido à sua alta inteligência numa idade que não tem experiência ainda
para ter consciência do seu comportamento, vive uma dualidade: experiência vs
inteligência com o cognitivo baseado nesta inteligência. Portanto, o seu
comportamento pode ser entendido de uma forma diferente e assim, o adulto não
saber lidar com esta educação.
Crianças inteligentes tendem a
mentir, mas também não podemos confundir a mentira crua com manipulação. A
mentira ou mentirinha, pode ser uma forma de manipular para conquistar de forma
inteligente. Nesta situação os adultos têm a capacidade de distinguir pois a
criança ainda não tem a experiência necessária para que possa fazer uma melhor
manipulação e cairmos nela. Mentir não é necessariamente um padrão de
comportamento mau.
A mentira faz parte do mundo
infantil, por conta da fantasia, do pensamento mágico.
Usar a inteligência para
mentir manipulando, os que a amam para obter o resultado final a seu favor é
completamente natural. Deve existir, contudo, alguém que identifique os excesso
e saiba delimitar, cortar e impor limites para proteger essa criança dela
mesma.
Comportamento rebelde pode ser
um aviso de uma falta que precisa ser suprida. A rebeldia é o resultado da
independência programada da criança até mesmo como resposta de querer ser como
o adulto e acreditar que este posicionamento o iguala.
Ser inteligente não significa
que a criança não precise de ser guiada, amada e educada.
Não devemos acreditar que se a
criança é inteligente o tempo junto com a sua inteligência a fará se auto
educar ou ela, sozinha, encontrará uma forma para ter um bom futuro. Traumas ou
uma má educação na infância refletem-se nos problemas desta criança quando se
tornar adulto.
Se queremos o melhor para os
nossos filhos ou os nossos educandos, devemos ter inteligência para saber lidar
com eles e ajuda-los para que possam ser adultos plenos e grandes
profissionais. Ter o resultado que pretendemos começa a partir da educação dada
desde a infância.
A inteligência pode sim ser
responsável pela auto educação e percepção do que é melhor para si mas nunca
sem supervisão e limites impostos. A criança tem que sentir que o mundo não
gira em torno dela, que há mais para além da sua existência e que para cada
escolha ou ato há uma consequência. Ensina a saber lidar com as perdas e com os
ganhos, saber dosear a excitação e a frustração é um dos principais papéis dos
pais. O adulto ao educar não se deve deixar cegar. A inteligência emocional é
uma presença constante entre pais e filhos, para o bem e para o mal e, muitas
vezes, os pais não enxergam verdadeiramente as situações que têm perante si. O
emocional pode atrapalhar com toda a certeza, e por vezes é preciso criar um
pouco de distância para compreender as problemáticas. Temos que contribuir para
que o seu futuro seja bom, recheado de bastantes conquistas sempre vinculadas
ao uso pleno da sua inteligência e capacidades.
Fabiano de
Abreu Rodrigues - jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta, personal
branding e psicanalista luso-brasileiro.