A pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) resultou em brasileiros mais ansiosos e com distúrbios de sono e alimentação. É o que concluiu uma pesquisa feita em parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de Valência, na Espanha. O levantamento “Hábitos saudáveis e estilo de vida durante a pandemia de Covid-19", foi realizado com 22 mil pessoas abordando como o isolamento/distanciamento social afetou a saúde de brasileiros e espanhóis. A análise apontou que 44% dos brasileiros modificaram hábitos alimentares, 50% relataram alterações no sono e 51% mudança nos níveis de estresse.
De acordo com a médica
neurologista Ester London, responsável pelo Laboratório do Sono do Hospital
VITA, em Curitiba, o sono é o momento de consolidação da memória e do controle
da temperatura corporal. “Diversos hormônios são influenciados pelo sono, como
a insulina, que controla a glicose no sangue, a leptina, responsável pela
saciedade, a grelina, responsável por estimular o apetite, e a somatotrofina,
que age no crescimento”, destaca Dra. Ester.
Por isso, neste momento de pandemia, mais do que
nunca, é preciso manter o ritmo circadiano, isto ajuda a melhorar a imunidade,
alerta a neurologista. Ela explica que o ritmo
ou ciclo circadiano designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual
se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, sendo influenciado
principalmente pela variação de luz, temperatura, marés e ventos entre o dia e a noite. “São os ciclos diários de funções
corporais que mantém a pessoa saudável. Estão presentes em vários órgãos do
corpo humano, inclusive no cérebro”, ressalta a médica.
Uma
dessincronização do ritmo biológico leva a um prejuízo em relação ao sistema
imune, abrindo uma brecha para a ocorrência de problemas de saúde. “Por isso, é
necessário manter o funcionamento adequado do ciclo circadiano. São atitudes
simples, como manter os horários de sono – criar o hábito de dormir e acordar
nos mesmos horários”, complementa a especialista.
Dra.
Ester salienta que mesmo neste momento em que a rotina diária está alterada -
home office, aulas suspensas, em que a pessoa passa mais tempo em casa, é
necessário manter-se regrado nos horários de dormir, de acordar e das
refeições. Além disso, é extremamente importante e necessário pegar o sol da
manhã. A médica conta que a luz é um dos principais sincronizadores, daí a
necessidade de acordar com a claridade e dormir no escuro absoluto.
Deve-se
dormir de oito a dez horas no máximo, mais do que isso é desaconselhável pelos
especialistas em sono. O mesmo ocorre para as refeições, devem ser realizadas
com frequência, em horários pré-determinados e com antecedência da hora de ir
dormir. Essas dicas ajudam a sincronizar o relógio biológico e a ter
qualidade de sono e, indiretamente, a fortalecer o sistema imunológico. Além disso, “a privação
ou sono irregular leva a danos secundários, ou seja, dormir pouco aumenta os
riscos de diabetes, estresse, hipertensão, obesidade, entre outros problemas
que afetam a saúde e qualidade de vida dos indivíduos”, alerta Dra. Ester.
*Higiene
do sono*
Dra.
Ester London destaca a necessidade de manter alguns hábitos que melhoram a
qualidade do sono. São eles:
–
Deitar e levantar no mesmo horário todos os dias;
–
Desligar os eletrônicos (celular, tablet, computador) pelo menos uma hora antes
da hora de dormir;
–
Ler um livro e/ou escutar uma música suave para relaxar;
–
À noite, deve-se optar por refeições leves;
–
A temperatura do quarto deve ser suave (no máximo, 22 º C);
–
Usar um pijama confortável;
–
Roupa de cama limpa também ajuda a dormir bem;
–
Evitar ingerir bebida alcoólica ou com cafeína à noite;
–
O sono é induzido pelo relaxamento e a falta de luz, então deve-se relaxar e
deixar o quarto escuro para seu cérebro liberar a melatonina;
–
Se acordar durante a noite e não voltar a dormir, pegue um livro para ler, isso
ajuda.
–
Evitar atividades físicas perto da hora de dormir (preferir os alongamentos e
relaxamentos), mas não deixar de praticar exercícios físicos regularmente, ao
menos três vezes na semana. “A atividade física aeróbica é um hábito que
contribui para melhorar a qualidade do sono”, ressalta a neurologista.
Hospital VITA