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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Quais são os impactos do fechamento da Junta Comercial?


Desde 23 de março, a Junta Comercial do Estado de São Paulo anunciou a suspensão de todos os seus procedimentos, inclusive os que estavam pendentes até esta data. Embora o registro na Junta Comercial possa parecer uma simples e ineficaz burocracia é preciso lembrar que o registro empresarial é a causa de uma série de efeitos jurídicos relevantes.

Além de causar um impacto direto na atividade empresarial - que depende dos serviços da Junta para efeitos de operacionalização das empresas, sendo o marco inicial do cumprimento de uma série de obrigações acessórias, até mesmo em outras áreas, que não só a de Direito Societário - o cumprimento dos atos de registro perante a este órgão é condição para outros registros, como os fiscais, previdenciários e até mesmo regulatórios, para atividades que demandam autorização governamental para a sua realização.

O ato registral é o marco de nascimento da personalidade jurídica. Isso significa que antes disso, as relações entre sócios e demais stakeholders não são de fato imputáveis à sociedade, mas sim aos sócios, em sua individualidade. A pessoa jurídica não terá “nascido” e, como consequência, não existirá um estabelecimento empresarial – ou seja, o patrimônio da empresa não estará ainda desgarrado do patrimônio dos sócios.

No mesmo sentido, enquanto a sociedade não existe em caráter jurídico, os sócios responderão ilimitadamente pelos atos e negócios que a sociedade em comum (despersonalizada) praticar. Isto é a consequência natural da falta de formação da personalidade jurídica e da não afetação patrimonial do novo ente.

Muitas empresas, aqui entendidas em sentido funcional, como a atividade organizada sobre os fatores de produção para a geração de bens ou serviços, acabarão por sequer saírem do plano volitivo de seus sócios, que, em situação já crítica, adotarão a situação mais cômoda de aguardar o restabelecimento da normalidade, atentando contra o espírito empreendedor.

O risco de um empreendedor é uma medida não extremada. Ela advém de alguns parâmetros de segurança jurídica, especialmente os que dizem respeito a limites de responsabilidade. Neste momento crítico, deixar à míngua o mínimo de segurança significa paralisar as atividades econômicas, mesmo aquelas que devam nascer nos cenários de pandemia.

Outro ponto de suma relevância que a falta de registro ocasiona é a irregularidade perante outros órgãos. Não só em relação à sociedade em fase de criação, mas também para aquelas que já existentes, precisam alterar alguns de seus status.

Por exemplo, no caso de alteração de domicílio fiscal de uma filial, com alta atividade negocial, a ausência do ato registral na Junta Comercial implicará na inaptidão para alteração do registro fiscal, o que, inevitavelmente, causará a ilegalidade tributária dos negócios gerados naquela unidade. Não se poderá emitir notas fiscais, realizar registros de obrigações auxiliares e outras imposições, que, em determinados casos, pode até vir a configurar uma conduta delitiva, com sanções pesadas, tanto pecuniárias como pessoais.

Embora nos momentos críticos seja compreensível que certas obrigações regulatórias sejam mitigadas - especialmente a de empresas de atenção a direitos essenciais - o fato é que não se poderá sequer iniciar uma operação precária pela ausência de existência da pessoa jurídica. Isto poderá causar ainda mais abalos na cadeia de fornecimento neste momento crítico, determinando um agravamento da situação econômica.

De toda sorte, o súbito fechamento completo das Juntas pode trazer desafios jurídicos tanto aos advogados quanto ao Judiciário, que em situação extrema, poderia vir a ser instado à concessão de tutela de natureza supletiva, reconhecendo ipso facto a existência da pessoa jurídica e todos os seus efeitos, a despeito da ausência do ato registral.






Jayme Petra de Mello Neto - advogado do escritório Marcos Martins Advogados e especialista em Direito cível e societário.


Pandemia desbanca unicórnios e abre espaço para startups camelos


O vento já não era favorável para os unicórnios – startups que atingem valor superior a US$ 2 bilhão – muito antes da pandemia do novo coronavírus. Chamadas por muitos especialistas de incineradoras de dinheiro, a grande maioria delas se quer deu lucro. Na busca desenfreada por crescimento rápido, a maioria se atropela ao colocar dinheiro demais em uma única ideia, o que tem deixado os investidores em alerta. Nesse contexto, quem está ganhando espaço são as startups camelos, aquelas capazes de sobreviver mesmo em ambientes inóspitos.

A mudança de cenário no segmento de startups não é nova. Em 2017, nasceu o movimento Zebras United, um manifesto elaborado pelas empreendedoras norte-americanas Mara Zepeda, Aniyua Williams, Astrid Scholz e Jennifer Brandel. As zebras criticam os valores de "crescer rápido e sair de cena", defendendo startups mais sustentáveis e que tenham forte impacto social. O animal foi escolhido pelo fato de ser "preto e branco", marcando a realidade e transparência, o que contrasta totalmente com os seres mitológicos bilionários.
Mas, há de se convir que 2020 tem sido um ano de grande ruptura. A fragilidade da vida, o isolamento social e a quebra da economia tem levado setores inteiros a repensarem seus negócios. Com as startups não seria diferente. A farra do dinheiro fácil nas rodadas de investimentos parece ter chegado definitivamente ao fim. Agora, para sobreviver, é preciso ser resistente ao ambiente árido e sem fontes de recursos abundantes.

Foi então que o investidor Alex Lazarow, em sua coluna no Portal Entrepreneur, defendeu que o modelo de unicórnios apregoado pelo Vale do Silício não faz sentido fora de suas fronteiras, onde o ecossistema é muito menos favorável. O especialista aponta que fora dali, o mascote mais apropriado são os camelos, já que eles "se adaptam a vários climas, sobrevivem sem comida ou água por meses e, quando chegar a hora certa, podem correr rapidamente por períodos prolongados". Assim como no caso das zebras, pesa o fato de os camelos serem animais reais e não fictícios. Eles são capazes de sobreviver nos lugares mais difíceis da Terra, lutando diariamente por sua sobrevivência.

Lazarow compartilha importantes lições a serem aprendidas com as startups camelos, que ganham relevância ainda mais notória no contexto atual. Uma delas é sobre o perigo de produtos e serviços gratuitos. "Em mercados mais difíceis e menos desenvolvidos que o Vale do Silício, não é simples oferecer gratuidades em prol do crescimento rápido. As empresas precisam gerar receitas para serem sustentáveis. "Para atrair clientes, os inovadores precisam oferecer uma solução que valha a pena pagar e serão recompensados se o fizerem". Afinal, a razão de ser de uma empresa do regime capitalista será sempre a geração de riquezas.

Outro alerta é quanto ao gerenciamento de custos. Para ele, os inovadores precisam equilibrar a curva de despesas com a de receitas. Novas contratações – que normalmente são os maiores custos dessas empresas – devem estar condicionadas ao aumento das receitas. Assim como o marketing precisa ser escalado em um ritmo adequado ao crescimento da empresa. Da mesma forma, o investidor aponta para a necessidade de só captar recursos extremamente necessários. "O capital de risco é uma ferramenta poderosa, mas não funciona para todos os tipos de empreendedores". E completa: "camelos tendem a ser mais criteriosos em relação a tomar ou não investimentos externos, de quem e em que termos".

Por fim, o mais importante, em especial em um momento como o qual estamos enfrentando, é manter o foco no longo prazo. "Nem sempre a corrida é sobre quem chega ao mercado primeiro. É sobre quem sobrevive por mais tempo", afirma. A maturidade continua fazendo a diferença. A cultura de adaptabilidade e resiliência de uma empresa fazem muita diferença quando são colocadas em situações de apuros. "Os camelos crescem em jorros controlados, optando por acelerar e investir no crescimento quando a oportunidade exigir". Que empresas de todos os portes e segmentos sejam mais camelos para encarar esse desafiador 2020!





Marília Cardoso - sócia-fundadora da PALAS, consultoria pioneira na implementação da ISO 56.002, de gestão da inovação.


Quarentena muda hábitos de vida de futuros servidores, que buscam redobrar a produtividade nos estudos


Concurseiros devem buscar amparo e suporte em canais especializados em concursos públicos, segundo especialista. Momento também é ideal para quem quer começar a estudar


As mudanças de hábito de vida causada pelo novo coronavírus podem tornar a rotina de estudos dos futuros servidores menos produtiva. Ficar em casa tem sido a principal arma para combater a doença, porém, novos problemas podem aparecer durante a preparação de muitos concurseiros.

Como muitos exames serão divulgados ao mesmo tempo após a pandemia, aproveitar o tempo para otimizar a preparação e manter o foco dentro de casa têm feito com que muitos estudantes fiquem ansiosos ou angustiados. Então, o que fazer para lidar com a situação e se preparar para a maratona de provas?

Para o Coordenador Geral do AlfaCon Concursos, Filipe Ávila, a primeira coisa que o concurseiro deve saber é qual a carreira que ele pretende seguir, e se dedicar a passar em concursos relacionados a ela. “Tendo em mente a área escolhida, fica mais fácil analisar quais conteúdos são os mais requisitados nos exames. Isso otimiza o tempo de estudo do aluno”, explica. Segundo ele, é prejudicial para o aluno destinar seu tempo estudando para duas áreas diferentes, como policial e administrativo, por exemplo.

Após isso, o coordenador aconselha que o estudante concentre seu tempo para aprender 60% dos conteúdos que são igualmente cobrados em exames de uma mesma área. Independentemente dos anos em que são realizados, certos assuntos são frequentes nas provas. Para isso, o candidato pode analisar os editais de concursos antigos e conhecer quais temas ele deve dedicar maior esforço.

Outro fator importante é a mudança de hábito de vida das pessoas em meio à pandemia. Para quem estava acostumado a estudar em uma sala de aula, em uma roda de amigos ou em lugares públicos, estar sozinho dentro de casa e sem alguém para dar suporte pode aumentar o risco de desenvolver uma série de problemas de saúde, entre eles a ansiedade e a depressão.

Ávila reconhece que o contexto pode proporcionar um crescente número de estudantes que se sentem desolados, e orienta que eles devem buscar ajuda em canais especializados em preparação para concursos públicos. “Há cada vez mais lives e eventos sendo realizados nas redes sociais e no YouTube por cursos preparatórios para tirar dúvidas, explicar técnicas de estudo e, muito mais importante do que isso, para compartilhar e dividir momentos de felicidade e angústia com os estudantes”, diz.


Momento é ideal para quem quer começar

Para os que pretendem iniciar os estudos, Ávila alerta que alguns pontos devem ser lembrados na preparação para os concursos públicos. O primeiro é avaliar a qualidade do material didático que o candidato está tendo acesso. Muitas vezes o que está disponível na internet não condiz com o que está em voga hoje, principalmente em disciplinas que envolvem leis, como Direito Penal e Direito Administrativo, por exemplo. A recomendação é comparar o conteúdo dos materiais com os temas presentes nos editais dos concursos pretendidos.
Outro problema relacionado ao material didático que o aluno precisa estar atento é a insuficiência do conteúdo. Materiais incompletos prejudicam o candidato, que terá de passar mais tempo pesquisando formas de complementar a matéria.

O segundo item é o planejamento, tanto de estudos quanto financeiro. Com a maior parte da população em casa, transformar essa situação em vantagem pode fazer diferença nos estudos. Para o coordenador, o concurseiro deve aproveitar esse momento que está em casa, com maior tranquilidade, para estudar confortavelmente e de acordo com seu tempo, sem precisar se preocupar em estar ou sair do trabalho.

Pessoas que perderam a renda durante a crise devem continuar firmes nos estudos, já que após o período haverá uma grande quantidade de concursos sendo divulgados. “Investir em um curso ou em materiais é algo que dará retorno a médio e longo prazos, por isso o candidato deve reorganizar suas finanças levando em conta suas metas e sonhos de vida”, finaliza.





AlfaCon


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