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sexta-feira, 18 de junho de 2021

Especialista aponta os riscos de se fazer tratamento de varizes sem um profissional habilitado

Milhares de pessoas são acometidas pelo surgimento de vasinhos que surgem principalmente nas pernas que, além do incômodo, por vezes causam dores e podem desenvolver outras doenças derivadas.

De acordo com dados obtidos através da SBACV-RJ, a condição, que atinge cerca de 35,5% da população brasileira, vai além de algo esteticamente desagradável. As varizes podem ser indícios de problemas circulatórios mais sérios, podendo evoluir para doenças como trombose e úlceras, além de causar dores e inchaço.

Sem conhecimento sobre os riscos que a condição pode provocar, muitas pessoas insatisfeitas com a sua aparência acabam só levando em consideração a questão estética, e buscam por tratamentos para retirada, algumas das vezes com profissionais sem uma especialização, desconhecendo o fato de que apenas o médico especialista pode indicar o procedimento adequado, após um diagnóstico correto do grau da doença.

Segundo a médica angiologista Adriana Vasconcelos, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de
Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), os riscos de se fazer um tratamento de varizes sem um profissional habilitado vai além de um resultado insatisfatório. Muitas das vezes o maior problema é o não médico, como farmacêuticos, biomédicos, fisioterapeutas e esteticistas, porque podem dar um diagnóstico errado do caso, correndo o risco de agravamento da doença vascular com aparecimento de manchas e lesões na pele, úlceras e até trombose.

Dra. Adriana complementa que o médico angiologista ou cirurgião vascular está capacitado para fazer o diagnóstico e o tratamento. Através de uma avaliação minuciosa na consulta é que se pode decidir qual a meia elástica adequada, se há necessidade de usar flebotônicos (remédios para melhorar a circulação venosa) e traçar a melhor estratégia para o tratamento indicando de acordo com cada caso escleroterapia convencional, crioescleroterapia, laser transdérmico, escleroterapia com espuma densa, cirurgia convencional, cirurgia com endolaser ou cirurgia com radiofrequência.

Se manter sempre ativo praticando atividades físicas regulares, se hidratar, ter uma alimentação saudável e evitar permanecer muito tempo em pé parado ou sentado, são alguns hábitos que podem melhorar a sua saúde e de suas veias, finaliza a médica angiologista.

 

ECMO não é terapia para aventureiros”, alertam médicas especialistas no procedimento que salva pacientes graves de Covid

Fundadoras da ECMO Minas, duas médicas e uma enfermeira intensivistas que foram pioneiras na implantação em Belo Horizonte dessa terapia chamada de “pulmão artificial” explicam a necessidade de ter profissionais altamente qualificados para a efetividade do tratamento 


 

Uma das estrelas no combate à Covid-19 por ajudar a resolver situações de extrema gravidade, a ECMO – sigla em inglês para “Oxigenação por Membrana Extracorpórea” – ganhou fama repentina no país. Técnica conhecida como “pulmão artificial”, justamente por substituir as funções do órgão quando necessário, a ECMO é um procedimento complexo, o que explica muitos dos seus riscos.

 

Existem duas formas principais de fazer a ECMO. A forma venovenosa, que substitui a função pulmonar, e a venoarterial, que substitui a função cardiopulmonar. Uma cânula é introduzida na veia do paciente, o sangue é drenado por essa cânula e impulsionado por uma bomba até a membrana que exerce a função de "pulmão artificial". Nessa membrana, o sangue é oxigenado, retira-se gás carbônico e esse sangue é devolvido em excelentes condições ao paciente. O aparelho, no entanto, é apenas uma parte da terapia. 

 

“A ECMO não é simplesmente uma máquina. Seu principal diferencial é humano e está na equipe que atua diretamente nos cuidados com o paciente. Em um cenário ideal, atua no procedimento um time multidisciplinar e capacitado, com cirurgiões cardíacos, médicos intensivistas, fisioterapeutas, enfermeiros e acompanhamento 24 horas”, destaca a médica cardiologista e intensivista Marina Pinheiro Rocha Fantini, especialista em ECMO pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization), diretora da ECMO Minas.

 

O procedimento não pode ser indicado a qualquer paciente e o preparo de um profissional de saúde com foco na terapia pode levar cerca de três anos. “Definitivamente não é uma terapia para aventureiros”, alerta Dra. Marina, ao lado das outras duas fundadoras da ECMO Minas, a médica Ana Luiza Valle Martins e a enfermeira Izabela Cristina Fernandes Rodrigues, pioneiras por terem participado da implantação, em 2019, do primeiro centro de tratamento de ECMO em Belo Horizonte, no Hospital Mater Dei.

 

Hoje, no Brasil, existem 29 centros que se adequaram aos protocolos da ELSO, entidade responsável por padronizar os procedimentos e acompanhar as melhores práticas do uso da ECMO em todo mundo.


 

ECMO salva vidas além da pandemia


Criada nos EUA, há mais de 40 anos, a ECMO já era usada no Brasil há alguns anos no apoio a cirurgias cardíacas e no atendimento a quadros graves, em casos como pneumonia severa, aspiração de mecônio por bebês, infecções pulmonares, asma e insuficiência respiratória. 


No caso da Covid, é indicada a pacientes que tiveram o pulmão acometido pela doença de forma muito grave e que apenas as medidas habituais de CTI são insuficientes para o órgão funcionar normalmente. Os pulmões são os órgãos mais atingidos pelo vírus e o equipamento dá suporte à função pulmonar enquanto a doença é enfrentada, no momento em que a própria ventilação mecânica já não produz o efeito desejado. Quando os profissionais de saúde conseguem recuperar as funções normais do pulmão do paciente, o procedimento pode ser encerrado.

 

Mini-bios


Dra. Marina Pinheiro Rocha Fantini - cardiologista e diretora da ECMO Minas. Cardiologista pediátrica, cardiointensivista e especialista em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization). É professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), dirige a ECMO Minas e coordena os departamentos de Cardiologia Pediátrica e ECMO da Rede Mater Dei de Saúde, além do Centro ELSO de ECMO 814.


 

 

Dra Ana Luiza Valle Martins - médica intensivista e diretora clínica da ECMO Minas. Médica clínica, intensivista e Research Fellow Hospital Erasme Bruxelas-Bélgica, doutoranda do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization), é diretora clínica da ECMO Minas e atua nas UTIs do Hospital Mater Dei e do Hospital Eduardo de Menezes (Rede Fhemig). 

 


 

Izabela Cristina Fernandes Rodrigues - enfermeira especialista em ECMO e coordenadora de Enfermagem da ECMO Minas. Enfermeira intensivista, possui especialização em Auditoria na Área da Saúde pela rede de ensino Albert Einstein e em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization). É enfermeira referência em ECMO da equipe de enfermeiros da Rede Mater Dei de Saúde, responsável pelos treinamentos e formação destes profissionais.

 

 


ECMO Minas 

www.ecmominas.com.br


Maioria dos pacientes que sobrevivem à forma grave da COVID-19 apresenta sintomas prolongados da doença


Em seminário on-line organizado pela FAPESP, pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos divulgaram resultados preliminares de estudos sobre a saúde mental e a qualidade de vida desses sobreviventes seis meses após alta hospitalar (foto: Engin Akyurt/Pixabay)

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·      A maioria dos pacientes que sobrevivem à forma grave da COVID-19 tende a apresentar sintomas prolongados ou sequelas da doença, condição que tem sido chamada de COVID longa ou subaguda. É o que apontam dados preliminares de estudos que estão monitorando fatores como saúde mental, qualidade de vida, reabilitação física, financeira e cognitiva dessas pessoas.

“Há mais de um ano sofremos as consequências da pandemia de COVID-19 e, com o tempo, fomos percebendo que, para além de problemas relacionados à transmissão, infecção e mortes, a COVID-19 pode trazer também consequências de longo prazo para pacientes. Como essas implicações ainda não estão completamente entendidas pelos cientistas, é muito importante estimular a troca de conhecimento e de experiências entre pesquisadores de todo o mundo", disse Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, na abertura do seminário on-line “Long and post-acute COVID-19”, realizado no início de junho. O evento integra a série FAPESP COVID-19 Research Webinars, organizada com apoio do Global Research Council (GRC).

No evento, cientistas do Brasil e dos Estados Unidos apresentaram resultados preliminares de estudos que estão desenvolvendo a respeito do impacto prolongado da COVID-19.

No Brasil, 882 pacientes que estiveram internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP) estão tendo aspectos da vida pós-COVID monitorados por pesquisadores a fim de aprofundar o entendimento sobre a presença de sintomas da doença seis meses após a alta hospitalar. Todos os participantes do estudo tiveram a forma grave da doença, sendo que dois terços precisaram de atendimento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Com seis meses de análise, os pesquisadores observaram que é alta a ocorrência de sintomas após a alta hospitalar. Do total de pesquisados, 89,3% apresentaram sintomas persistentes, como cansaço, dores pelo corpo e dispneia. Além disso, 58,7% relataram pelo menos um sintoma emocional ou cognitivo, como perda de memória (42%), insônia (33%), concentração prejudicada (31%), ansiedade (28%) e depressão (22%).

“Esses sintomas estão todos inter-relacionados. Em outras palavras, o que verificamos é que uma pessoa que reclama de perda de memória também relata insônia, ansiedade e depressão. É importante destacar que esses resultados foram ajustados em relação aos sintomas apresentados antes de as pessoas terem COVID-19”, afirmou Geraldo Busatto, coordenador do Laboratório de Neuroimagem em Psiquiatria (LIM21) do HC-FM-USP e coordenador do estudo.

Busatto explica que, durante o estudo, foram realizadas entrevistas estruturadas com os pacientes, o que permitiu aos pesquisadores categorizar diagnósticos de transtornos psiquiátricos. “Há uma variedade de transtornos entre esses pacientes e um índice similar de estresse pós-traumático (13,65%) em relação aos dados disponíveis sobre a população em geral. No entanto, encontramos índices altos de alucinações (8,71%) e delírios (6,35%)”, ressaltou.

Também foi pedido que os participantes realizassem tarefas cognitivas. “Em comparação com a média brasileira, esses pacientes tiveram um resultado pior, isso especialmente entre os que tinham entre 60 e 75 anos. Já nos testes que analisaram fluência verbal, não houve diferença entre os pacientes e a população brasileira em geral. Isso mostra que, provavelmente, o déficit causado pela COVID-19 não é uniforme, algumas áreas da cognição devem apresentar mais déficits que outras”, disse Busatto.

Qualidade de vida pós-COVID

Outro estudo que também está sendo realizado no Brasil e que envolve mais de 55 centros de pesquisa pretende investigar as consequências de longo prazo da COVID-19 na qualidade de vida de cerca de mil indivíduos adultos que foram hospitalizados.

“Os dados preliminares mostram que seis meses após a alta hospitalar a mortalidade é alta (6,9%), e a re-hospitalização, comum (16%). Entre os pacientes que fizeram uso de ventilação mecânica, esses dados são maiores: 24% morreram seis meses depois da alta hospitalar, contra 2% dos que não precisaram de ventilação mecânica. Em relação à re-hospitalização, ela foi de 40% contra 10% em relação à ventilação mecânica. São diferenças estatísticas significativas, mesmo após o ajuste de covariantes como idade e comorbidades", contou Regis Goulart Rosa, médico intensivista do Hospital Moinho de Vento em Porto Alegre (RS) e um dos coordenadores do estudo.

Foi observada ainda perda de funções físicas importantes para a realização de atividades do dia a dia. “Houve piora acentuada nos primeiros três meses, apresentando relativa melhora até o sexto. No entanto, entre os pacientes que utilizaram ventilação mecânica, mesmo após seis meses de alta, eles ainda não tinham atingido os mesmos patamares de antes da COVID-19”, afirmou Rosa.

Um estudo semelhante, realizado com pacientes norte-americanos, vai monitorar por seis meses 1.500 sobreviventes da COVID-19. O intuito é acompanhar variações na saúde cardiopulmonar e mental, bem como questões socioeconômicas.

Os dados de 253 pacientes coletados um mês após a alta hospitalar mostram que 54,9% apresentavam algum sintoma cardiopulmonar. Entre os pesquisados, 15,9% continuavam a precisar de suplementação de oxigênio em suas residências. Ainda de acordo com a pesquisa, os pacientes também apresentavam sintomas como tosse (23%), falta de ar antes de dormir (13,4%), batimentos cardíacos irregulares ou acelerados (19,1%) e dor no peito, cansaço ou angina (11,3%).

"Uma descoberta preocupante está no fato de que muitos dos pacientes que apresentam alguma dessas dificuldades retornam para suas casas sem nenhum auxílio para lidar com esses novos problemas. Isso se soma ao aspecto destacado na pesquisa de que 53% dos respondentes tiveram suas finanças drenadas após a hospitalização. Além disso, 38% tiveram que pedir ajuda para que parentes cuidassem deles e 20% tiveram que mudar de trabalho. Há um impacto socioeconômico da COVID-19 e também da COVID longa”, disse Catherine Hough, que coordena o estudo realizado na Oregon Health & Science University.

A recuperação da COVID-19 pode ser lenta para muitos pacientes. O estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que 85% dos pacientes ainda não tinham se restabelecido completamente um mês depois da alta hospitalar. Do total, 65% apresentavam alguma incapacidade e 63% tinham algum problema cognitivo significativo. “Ao analisar os mesmos dados três meses após a alta dos pacientes, observamos pouca mudança em relação a esses sintomas: 75% dos pacientes ainda não tinham se restabelecido completamente, 60% apresentavam alguma incapacidade e 54% apresentavam algum problema cognitivo significativo.”

Hough ressaltou que os estudos sobre a COVID longa precisam considerar doenças e outros problemas de saúde que já estavam presentes antes da infecção pelo SARS-CoV-2. O vírus, segundo a pesquisadora, “pode ser um amplificador de problemas anteriores”.

Quebra-cabeça

Os mecanismos imunológicos que levam a essa variação de sintomas e sequelas pós-COVID também estão sendo pesquisados. “Há uma variação grande na forma como o sistema imunológico humano monta uma defesa contra o coronavírus, por isso temos essa multiplicidade de prognósticos: assintomático, leve, moderada, ou COVID-19 severa. Da mesma forma, sabemos que, enquanto algumas pessoas vão apresentar apenas a versão aguda da doença, outras terão uma versão mais prolongada, com sintomas e sequelas que poderão perdurar por meses”, explicou Carolina Lucas, pesquisadora do laboratório Akiko Iwasaki, na Yale School of Medicine nos Estados Unidos.

Em um estudo publicado na revista Nature, Lucas identificou quatro assinaturas imunológicas preditoras, que seriam capazes de distinguir e prever a trajetória da doença em cada paciente ao investigar parâmetros imunológicos e clínicos de 113 pacientes, entre casos moderados (fora da UTI) e casos graves (na UTI), ao longo de até 53 dias após o aparecimento de sintomas.

O grupo de pesquisadores observou que, entre os pacientes com doença moderada que se recuperaram, havia ainda uma maior abundância das proteínas envolvidas na cura e no reparo do tecido. No entanto, naqueles com a forma agravada da doença, as citocinas eram mais misturadas, aparecendo em combinações que são incomuns para infecção viral. Mais pessoas morreram nesse grupo.

Há ainda uma questão de timing. Os resultados das análises indicaram que os pacientes em estado grave não conseguiram controlar a carga viral ao longo do tempo e apresentavam níveis mais elevados de interferon, uma classe de proteínas produzidas por células de defesa para combater patógenos.

Outro aspecto identificado pelos pesquisadores está na correlação entre a carga viral e as quantidades de citocinas envolvidas nas funções antivirais, independentemente da gravidade da doença.

A íntegra do webinário pode ser acessada em: https://covid19.fapesp.br/covid-19-longa-e-sub-aguda/545.

 

 

Maria Fernanda Ziegler

 Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/maioria-dos-pacientes-que-sobrevivem-a-forma-grave-da-covid-19-apresenta-sintomas-prolongados-da-doenca/36134/

Dia do Orgulho Autista é oportunidade para a visibilidade de pessoas com TEA


O Transtorno do Espectro Autista (TEA) atinge cerca de 2 milhões de brasileiros e 70 milhões de pessoas em todo o mundo; em Betim, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o CENSA se tornou referência nacional no atendimento a pessoas com TEA


Esclarecer a sociedade sobre as características das pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e promover a neurodiversidade, ou seja, o reconhecimento de que o funcionamento cerebral de algumas pessoas é diferente do que é considerado típico na sociedade: esses são alguns dos focos do Dia do Orgulho Autista, data celebrada no dia 18 de junho em todo o mundo e, que desde o ano da sua criação, em 2005, tem a intenção de demonstrar para a população que o autismo não é uma doença, mas uma condição com características específicas que trazem desafios, não só para o indivíduo mas também para seus familiares e a comunidade. Por esse motivo, o CENSA Betim, instituição com 56 anos de trabalhos nessa área e que tem entre seus educandos, mais de 60 pessoas nesta condição, destaca a importância da data.

De acordo com a mestre em psicologia e diretora do CENSA Betim, Natália Costa, é muito importante celebrar e conscientizar a sociedade acerca da luta pelos direitos daqueles que possuem diagnóstico de TEA. “O dia 18 de junho é um marco para mostrar as barreiras e dificuldades enfrentadas pelos autistas e suas famílias na sociedade. Isso, porque muitas pessoas já ouviram falar, mas poucas sabem que o autismo é um transtorno do desenvolvimento que, de acordo com a severidade das características de cada indivíduo, pode ser diagnosticado em 3 níveis diferentes. O autismo possui causas multifatoriais, incluindo predisposição genética e fatores ambientais. Por isso, ele se torna tão importante de ser diagnosticado precocemente, para iniciar a estimulação precoce, oferendo condições adequadas ao pleno desenvolvimento do indivíduo”, comenta a gestora da instituição especializada no atendimento e suporte às pessoas com autismo associado à deficiência intelectual.

Segundo Natália Costa, mesmo com a massificação da data desde o ano de 2005, ainda existe uma questão muito séria, que é a do preconceito e consequentemente da discriminação com relação à pessoa com TEA.. “É necessário informar a sociedade acerca do TEA, que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros e 70 milhões de pessoas em todo o mundo, asseverando que o indivíduo não se restringe a um diagnóstico. Sendo assim o diagnóstico não é um destino, mas sim um dos pontos de partida para se estabelecer um plano de intervenção, principalmente quando se apresenta com outras comorbidades como a deficiência intelectual e a epilepsia. Neste contexto, o CENSA Betim ,é referência nacional no assunto, com equipe transdisciplinar especializada nos cuidados e pessoas com autismo grave associado a outros tipos de deficiências, transtornos e síndromes. Atualmente o CENSA atende cerca de 100 educandos, sendo que 60% com diagnóstico de autismo”, comenta.


Compromisso

Em relação ao trabalho que o CENSA Betim vem realizando há tantos anos em prol dessas pessoas, Natália Costa afirma que a instituição mantém sempre em evidência o compromisso de promover a plena participação de todas as pessoas com autismo na sociedade, garantindo o apoio necessário para que elas possam exercer seus direitos e liberdades fundamentais. "O trabalho do CENSA com a pessoa com autismo é norteado pelos cuidados básicos e educação socializadora, atendimento com equipe transdisciplinar e estabelecimento de uma rotina funcional com vistas à aquisição de um repertório comportamental que possibilite maior independência e inclusão social. Trabalhamos também com as famílias, no sentindo de instrumentaliza-las a lidar com episódios e intercorrências comuns, tais como: crises de agitação psicomotora, comportamentos auto lesivos e outras situações que possam gerar dano à pessoa com autismo", salienta.


Cuidados pervasivos

Para a mestre em psicologia e diretora do CENSA Betim, a atenção dispensada para uma pessoa adulta com diagnóstico de autismo e deficiência intelectual de moderada a severa, significa, na maioria dos casos, cuidados pervasivos, ou seja, tem que ter um maior número de profissionais envolvidos durante 24 horas por dia e ao longo de toda a vida do indivíduo. "Os desafios são muitos. Talvez, o maior deles é estabelecer um plano de atendimento efetivo para aquela pessoa que teve um diagnóstico tardio, pouca ou nenhuma intervenção na infância e na adolescência. Outro aspecto que que é muito desafiador, é lidar com pessoas com outros diagnósticos e comorbidades associadas ao autismo, como deficiência intelectual severa, epilepsia de difícil controle e comportamentos disruptivos Por isso, o acompanhamento de uma equipe transdisciplinar constante, tanto para o indivíduo, quanto para a família da pessoa com autismo, no intuito de oferecer condições favoráveis para uma melhor qualidade de vida, é indispensável", concluiu Natália Costa.

 


CENSA Betim

Rodovia Fernão Dias, Km 494 – S/N Betim – MG

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Marcas compostas por alguns nomes exigem autorização prévia

Segundo a Lei da Propriedade Industrial, é preciso o consentimento do titular, seus herdeiros ou sucessores para obter o registro


O uso de nomes próprios ou artísticos, como marcas, é muito frequente, principalmente, entre produtos femininos, como cosméticos, vestuário e calçados. Algumas marcas como ANA HICKMANNLALÁ RUDGE e BOCA ROSA tem forte poder de atração do consumidor, pela qualidade dos produtos que assinalam e, também, porque passam credibilidade em relação ao nome.

Mas a adoção desses nomes, como marcas, pode ser feita de forma indiscriminada?

Segundo a advogada Roberta Minuzzo, especialista em Propriedade Intelectual e sócia fundadora da DMK, empresa atuante no registro de marcas e patentes, de acordo com o inciso XV, do artigo 124, da Lei nº 9.279/1996 (Lei da Propriedade Industrial), não estão sujeitos ao registro de marca os nomes civis ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros. “Além desse dispositivo, a legislação ainda veda o registro de marca de pseudônimos ou apelidos notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, previsto no inciso XVI do mesmo artigo”, complementa.

Entretanto, ainda de acordo com a advogada, a regra comporta a exceção, ou seja, tais marcas poderão ser objeto de registro, se houver o consentimento do titular, seus herdeiros ou sucessores. Dra. Roberta cita o exemplo do nome Juliette, em referência à vencedora da última edição do reality show Big Brother Brasil, que já é objeto de diversos pedidos de registros de marcas, para diferentes produtos e serviços. “Se uma empresa quisesse levar à registro uma marca contendo nome civil ou artístico de famosos, por exemplo, estaria obrigada, por lei, a buscar a autorização da devida titular, sob pena de infringir direitos alheios”, destaca.

Por outro lado, ela afirma que, não raras vezes, artistas e pessoas famosas “emprestam” seus nomes para estampar marcas e redes de franquias, sob diferentes condições, dentre elas, o recebimento de royalties.

E se alguém decidir registrar o próprio nome como marca? A advogada esclarece que, na análise do examinador do INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, ele observará a possibilidade daquela marca ser alvo de confusão ou associação com qualquer outro nome anteriormente registrado ou em processo de registro e, seguramente, se isso fosse possível, ele fundamentaria a sua decisão, com base nos incisos XV e XVI, do artigo 124, da Lei nº 9.279/1996.

Para finalizar, a advogada esclarece que não se pode falar em diferença de marcas de produto e de nome, mas, sim, marca de produto e de serviço. Isso porque, independentemente de uma marca composta por nome civil ou artístico, ela irá distinguir um produto ou serviço, de acordo com a classificação internacional de marcas.

 


Roberta Minuzzo - advogada, especialista em Propriedade Intelectual, associada à ABAPI – Associação Brasileira dos Agentes da Propriedade Industrial, sócia fundadora da DMARK MONTEIRO, LLC e DMK GESTÃO DE MARCAS E PATENTES. Para mais informações, acesse – https://dmk.group/ ou mande e-mail para roberta@dmk.group. Acompanhe as postagens pelo instagram @dmk.group

 

Comércio conversacional: a revolução no atendimento ao cliente

A democratização da tecnologia e a inserção das empresas no mundo digital é uma forte tendência mundial. Impulsionado pela pandemia e, principalmente pelo novo comportamento do consumidor – altamente exigente por uma maior velocidade e personalização no atendimento aliado à sua experiência de compra – este cenário vem se transformando ainda mais graças aos investimentos no comércio conversacional, que permite uma aliança perfeita entre o contato automatizado e personalizado na relação com o cliente.

Com o crescimento e popularização das plataformas e aplicativos de conversação, como WhatsApp, Messenger, Viber eTelegram, muitas empresas começaram a enxergar nelas estratégias eficientes para manter e abranger a comunicação com seus clientes. Em um momento crítico de isolamento social, onde nos vimos confinados em nossos lares, este movimento se tornou algo não apenas importante, mas fundamental para a continuidade dos negócios. Agora mais do que nunca, é necessário estar onde os usuários estão: no universo online.

De acordo com o relatório CX Trends 2021, 84% dos consumidores experimentaram essas interações conversacionais por meio de novos canais de comunicação com as marcas no último ano. Somente o WhatsApp, por exemplo, apresentou um crescimento de 118%. Por mais que esse seja o meio mais utilizado, existem novos canais sendo implementados que prometem chacoalhar esse mercado.

Dentre eles, o Rich Communication Service (RCS) é uma das mais promissoras evoluções do mercado de mensageria. Seu sistema de envio de textos é muito mais completo, trazendo novas features para o SMS, que irão enriquecer a experiência do usuário, tornando-a muito mais interativa e personalizada.

Contudo, seja qual for o canal escolhido, a comunicação entre as partes, hoje, deve ser mais rápida, fluida e quase que instantânea. Esse é um fator determinante, que torna uma marca mais conhecida e acessível em detrimento de seus concorrentes. O comércio conversacional cria uma ponte entre a empresa e o cliente, possibilitando que eles sejam atendidos com a mesma qualidade e proximidade se compararmos ao presencial.

Para as empresas que estão iniciando sua jornada digital, os chatbots são excelentes opções para alcançar um atendimento massivo quando aliados à inteligência artificial. Mas lembre-se: não se trata de uma inserção rápida. O robô é praticamente uma criança e, exige tempo para que seja treinado e capacitado adequadamente. Através do aprendizado prático e das interações constantes, a ferramenta entenderá seu modo de atuação com base nas soluções ofertadas durante o histórico de atendimento.

Uma outra solução mais aderente aos negócios de pequeno porte é possibilitar que este atendimento digital seja feito através de pessoas nas duas pontas da interação. Algumas marcas do varejo, por exemplo, estão levando seus vendedores para o online com muito sucesso. Promover a integração entre homem e máquina parece o melhor caminho para promover uma boa experiência no relacionamento com o cliente.

De forma geral, o mais importante é estar sempre atento às demandas e necessidades do seu consumidor e, em conjunto, buscar parceiros especializados nesse tipo de serviço para ajudá-lo na criação do seu comércio conversacional. Com ou sem pandemia, a comunicação com o seu cliente jamais voltará a ser como antes.

 


Bernardo Borzone - diretor de receitas responsável pelas áreas de Customer Success, Comercial e Marketing na Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de voz, SMS, e-mail, chatbots e RCS.

 

Pontaltech

https://www.pontaltech.com.br/

 

Emprego privado em saúde promove crescimento do setor

 Avanço não foi mais alto em função da queda de 10% do no emprego público federal em 3 meses


O total de pessoas empregadas na saúde brasileira cresceu 2,9% em três meses. É o que aponta o "Relatório de Emprego na Cadeia Produtiva da Saúde", produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). Com isso, o segmento atinge a marca de 4,5 milhões de pessoas empregadas, considerando setor público e privado com empregos diretos e indiretos. No mesmo período, o emprego na economia como um todo subiu em 1,8%.

Os números ressaltam o impacto positivo que a cadeia da saúde tem sobre o mercado de trabalho brasileiro. Para José Cechin, superintendente executivo do IESS, a pandemia do novo Coronavírus reforçou essa importância e a tendência deve se manter nos próximos anos. "No mesmo intervalo de tempo, entre janeiro e abril, o emprego total no país aumentou 1,8%. Os números reforçam a participação intensa do segmento no mercado nacional. Vale lembrar, por exemplo, que abril registrou o menor saldo positivo mensal em 2021, com 120 mil vagas de empregos com carteira assinada, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)", reflete o especialista.

Do total de 4,5 milhões de empregados na cadeia da saúde em abril desse ano, 3,6 milhões estavam no setor privado com carteira assinada, o que representa 78%, e 990 mil, ou 22%, eram empregos do setor público, considerando todas suas modalidades (estatutários, CLT, cargos comissionados, entre outros).

Novamente, a saúde suplementar puxa a alta do segmento. As regiões onde a cadeia da saúde mais cresceu foram Norte e Sul, com taxas de 6,1% e 3,1% em 3 meses, respectivamente. Na região Norte, o crescimento foi alavancado pelo setor público e, na região Sul, pelo setor privado. "Em três meses, o segmento privado teve alta de 3,7%. O resultado geral só não foi melhor porque o emprego público avançou apenas 0,3%", reforça Cechin.

No acumulado do ano, a saúde privada teve saldo positivo de aproximadamente 148 mil vagas, o que demonstra a resiliência mesmo com o avanço da crise econômica e sanitária nos primeiros meses do ano. O resultado do setor privado foi puxado pelo bom desempenho do subsetor de Prestadores, que avançaram em 113,6 mil novos postos, Fornecedores, com saldo de 30,2 mil vagas, enquanto as Operadoras registraram alta de 4 mil empregos formais.



Emprego Público


Nos entes da Federação, o baixo crescimento foi puxado pela forte queda no emprego Federal, que caiu 10,1% em três meses. O número total do setor público não foi negativo em função da criação de empregos na esfera estadual, com avanço de 2,2%, e municipal, que registrou alta de 0,8% no mesmo período.

"Mesmo com a lenta e gradual retomada do mercado de trabalho formal brasileiro, o avanço da cadeia de saúde repercute na economia como um todo, influencia a renda das famílias, sua capacidade de consumo e segurança", aponta José Cechin.

Não existe no Brasil uma base de dados que disponibiliza o total de pessoas empregadas no serviço público municipal na área de saúde. Por isso, o IESS está levantando informações do emprego na saúde nos sites de cada prefeitura. Até o momento o Instituto conseguiu dados de 292 municípios, cuja população representa 55,8% da população nacional.

O boletim pode ser acessado na íntegra em https://bit.ly/Emprego_IESS


Instituto de Estudos de Saúde Suplementar - IESS


Década do Oceano lembra importância do engajamento da sociedade para reverter ciclo de degradação

 

Divulgação - Pixabay
Fortalecer a cultura oceânica e promover inovações para o desenvolvimento sustentável são alguns dos objetivos da Década do Oceano (2021-2030)


O Dia Mundial do Oceano, comemorado no mês de junho, foi instituído durante a conferência Rio-92 para lembrar sobre a importância da conservação dos mares para a vida no planeta. Quase 30 anos depois, as ameaças ao ecossistema costeiro-marinho aumentaram, mas também cresceu a mobilização de autoridades, iniciativa privada e da sociedade civil organizada em torno do tema. Neste ano, a data é comemorada em conjunto com as primeiras ações da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021–2030), um esforço mundial coordenado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para que os países unam esforços a favor da saúde do oceano.

Um dos principais objetivos da Década é disseminar conhecimento a respeito da importância do oceano para um futuro sustentável. “Precisamos conhecer mais para tomar melhores decisões, seja como indivíduos, instituições ou governos. Um oceano acessível, conhecido e valorizado por todos depende do fortalecimento da cultura oceânica, do entendimento da influência do oceano na nossa vida e da nossa vida no oceano. É essencial que as ações valorizem o engajamento de todos os setores, incluindo as comunidades tradicionais, empresas, sociedade civil e o poder público”, afirma Ronaldo Christofoletti, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para o pesquisador, que é assessor de Comunicação para a Década do Oceano, a sociedade precisa perceber que todos estão conectados de alguma forma com o ambiente marinho. “Diariamente, todos somos influenciados pelo oceano, mesmo sem nos darmos conta. Até quem está a quilômetros de distância do litoral depende diretamente do oceano para viver. Neste instante, mais de 50% do ar que respiramos vêm dos mares. A conexão passa pela economia, já que a maior parte do comércio circula pelo mar, mas também está na alimentação, no turismo, na saúde, no bem-estar, na cultura e na tradição”, observa o pesquisador.

Para Emerson Oliveira, gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, tão importante quanto ter consciência dos problemas é a busca por soluções. “Acreditamos muito no poder da inovação e na capacidade de mudar o olhar sobre os problemas. Com a Década, temos a oportunidade de rever a forma como cuidamos do oceano e, também, de imaginar e colocar em prática formas sustentáveis de usufruir de todos os seus benefícios. A ciência tem um papel fundamental nessa busca, mas também precisamos ampliar a cooperação com diferentes atores sociais, compartilhando diferentes saberes e experiências”, analisa.

A Fundação Grupo Boticário, que ao longo de 30 anos de história destinou cerca de 25% do total de investimentos em pesquisa científica para ecossistemas marinhos e regiões costeiras, é reconhecida pela Unesco e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação como representante da sociedade civil da Década do Oceano no Brasil. Além de apoiar e promover uma série de eventos para mobilizar e inspirar a sociedade em torno da questão, a Fundação tem o oceano como foco na edição deste ano da teia de soluções, iniciativa que busca soluções inovadoras para a conservação do oceano, de forma multidisciplinar e colaborativa.

 



 

Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN)

www.fundacaogrupoboticario.org.br

 


Fundação Grupo Boticário

 

Setores econômicos afetados pela pandemia. Há saída?


A crise em função da Covid-19 tem penalizado o mundo todo, e, no Brasil, muitos setores estão amargando baixas significativas e necessitam encontrar meios urgentes para que as empresas possam seguir operando

 

 

Um ano e três meses depois do início da pandemia do coronavírus, milhões de pessoas ao redor do mundo vêm sentindo na pele – e no bolso – os impactos da Covid-19. Eventos e viagens cancelados, estabelecimentos e atividades de lazer fechando as portas, trabalho em regime de home office...um cenário de incertezas há muito não experimentado. A necessidade do isolamento e do distanciamento social para conter o avanço da doença potencializou a situação já caótica. No Brasil, a demora no enfrentamento adequado da pandemia engrossou a lista de atividades econômicas prejudicadas. 

Diante do contexto, qual a saída? Para Paulo Calheiros, advogado da Mandel Advocacia, especializado em Direito Falimentar e Recuperação e Reestruturação Empresarial, felizmente a legislação brasileira, especialmente após as alterações recentes da Lei 11.101/2.005, disponibiliza aos empresários uma gama de ferramentas para superação deste difícil momento. Para cada um dos setores mais prejudicados, e também para cada tipo e porte de empresa, passando ainda pelo nível de gravidade da crise enfrentada, diversas são as soluções a serem consideradas.

 

Setores duramente afetados

Na indústria automotiva, as notícias não têm sido das mais animadoras. Grandes montadoras instaladas no país anunciaram a suspensão de operações em suas linhas de montagem, como forma de minimizar os riscos sanitários e econômicos decorrentes do momento atual. Uma realidade que afetou duramente a cadeia de produção. Não raramente, muitos fornecedores de peças e serviços se dedicam exclusivamente a atender as plantas que estiveram paralisadas.

O fato é que a pausa na produção de veículos resulta invariavelmente em menor abastecimento de estoques futuros. Menores estoques, havendo procura, significarão aumento de preços. Algo que afeta também o mercado como um todo. Para os pequenos, o efeito é ainda mais intenso. Pausa na produção agora poderá representar desabastecimento de componentes quando as situações econômica e sanitária alcançarem a tão desejada normalidade.
 

Duramente afetadas pelas restrições de circulação, empresas de movimentação de passageiros, hotelaria e agências de turismo vivem um momento igualmente difícil. No setor hoteleiro, já há, inclusive, pedidos de recuperação judicial ajuizados, onde o desafio é elaborar um plano perante a incerteza de quando haverá segurança para retomar o volume habitual de ocupação. No caso de grandes empresas voltadas ao deslocamento de pessoas, alguns auxílios governamentais (como a renegociação de contratos de Finame) vêm possibilitando um mínimo equilíbrio de contas. 

Porém, boa parte dessa tão importante atividade para o Brasil, de dimensões continentais e atrativos turísticos em quantidade inesgotável, é operada por empresas grandes em representatividade, mas pequenas em estrutura, por vezes formadas tão somente por seus sócios e poucos funcionários. Resta, nestes casos, a renegociação com os principais parceiros comerciais, para a qual é sempre recomendável a presença de assessorias especializadas. 

Dentre os setores mais afetados pelo cenário pandêmico, a indústria de eventos, que engloba diversas atividades econômicas, como logística, gastronomia, locação, audiovisual, entre outras, merece destaque. Afinal, todos os outros tiveram alguma espécie de "respiro" com os novos protocolos e com o relaxamento das restrições. Mas a realização de eventos, que prescindem da aglomeração de pessoas, permanece proibida. 

Segundo dados da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), em levantamento feito com 700 empresas de Belo Horizonte (MG) e região, uma média de 16% delas foram à falência, o que custou 5.500 empregos. Por isso, a recomendação de Calheiros é que empresas deste e de outros ramos que estejam em dificuldades ajam rápido, negociando com seus principais credores antes que a situação se torne insustentável. 

Outro segmento bastante afetado pela pandemia, o de alimentação fora do lar (AFL), vem enfrentando queda média de 48% no faturamento, segundo o advogado. Embora possuam a alternativa do atendimento por delivery ou retirada, e a possibilidade de reabertura parcial nos momentos de menor contágio, o fato é que a pandemia mudou o comportamento de parte do público destes estabelecimentos, que tem optado por alternativas como a refeição preparada em casa. Para este núcleo, a renegociação de contratos importantes, como aluguéis e fornecedores exclusivos, é uma alternativa viável. 

Na área calçadista as vendas caíram drasticamente, dada a diminuição dos deslocamentos e a restrição aos eventos sociais. Com a reabertura gradual do comércio, analistas projetam que o setor terá crescimento, devido à demanda represada e à melhoria da economia como um todo.

Um importante termômetro para a economia, a indústria de embalagens, também vem sendo afetada, principalmente pelas paradas resultantes das restrições sanitárias e falta de matérias-primas. A exemplo das fábricas de calçados, as de embalagens enfrentam o mesmo desafio: atender a demanda represada. Aumento de preços dos insumos utilizados pelo segmento, como papel, madeira e plástico, somado à falta de investimentos na cadeia preocupa os empresários do setor quanto à capacidade da indústria de atender ao mercado quando as demais atividades normalizarem. 

De acordo com Paulo Calheiros, esta nova equação do mercado de embalagens coloca os empresários em um cenário diferente. Antes, os custos de produção eram baixos, e o valor agregado do produto final, menor. Agora, ao mesmo passo, custos e valor final cresceram, mudando a perspectiva financeira das empresas. 

“Todos os ramos empresariais abordados sofreram de forma mais aguda os efeitos da pandemia. Com isso, empresas viram seu fluxo financeiro ser drasticamente alterado, foram obrigadas a rever seus quadros de colaboradores, e podem estar em atraso com obrigações diversas, seja com fornecedores, seja com o próprio governo”, observa Calheiros: “Para empresas de maior porte, a recuperação judicial pode se mostrar uma ferramenta interessante, ao garantir a estes empresários seis meses, no mínimo, de proteção contra medidas ajuizadas por seus credores, para que possam apresentar um plano de recuperação e obter a aprovação junto aos credores, visando sanar dívidas e reestruturar operações”.

 

Sim, há solução

Na opinião de Paulo Calheiros, a recuperação extrajudicial, após as recentes alterações legais, é também uma ferramenta interessante, pois é menos onerosa, mais rápida e com menor custo se comparada à recuperação judicial. Porém, para que seja viável, ele alerta, a empresa precisa contar, logo de partida, com o apoio de ao menos um terço de seus credores à sua proposta de reestruturação. 

“Para pequenas empresas, ou para dívidas mais concentradas em credores específicos, a tutela de urgência introduzida recentemente na Lei 11.101/2.005 pode se mostrar suficiente para viabilizar a renegociação de débitos e assim prover maior estabilidade às operações empresariais. E, por fim, a negociação individual com os credores, por meio das ferramentas como a mediação e a conciliação, pode ser utilizada para contornar situações específicas e transitórias, tudo de forma a propiciar um ambiente favorável à superação deste momento tão crítico”, finaliza o advogado.

 



Paulo Calheiros - Formado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005) e pós-graduado em Direito Empresarial pela mesma instituição de ensino (2010), Paulo Calheiros é especialista em Direito Falimentar e Recuperação e Reestruturação Empresarial. Desde 2007, atua na Mandel Advocacia, localizada no bairro paulistano de Higienópolis, referência nas áreas falimentar e de atividades contenciosas e consultivas. Em 2009, se tornou sócio do escritório e, além das atividades jurídicas e forenses cotidianas, passou a coordenar uma equipe de advogados. Calheiros também possui MBA em Gestão Legal pela Escola Paulista de Direito (2015) e importantes cursos de extensão dentro de sua especialidade, como Contratos e Operações Bancárias pela Fundação Getúlio Vargas (2012) e Fundamentos da Economia pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas-FIPE (2017). Em 2021, entregou defesa de tese de seu mestrado em Direito Empresarial pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales-UCES, de Buenos Aires, Argentina, referente ao curso concluído em 2019.
A atuação em mais de uma centena de processos de falência e recuperação judicial de empresas dos mais diversos ramos agregou ao advogado conhecimento bastante abrangente da área. A vasta experiência trouxe, também, importante compreensão sobre o funcionamento de muitos mercados, com destaque para metalurgia, química, agrário, varejo, automotivo e laticínios.  Estar à frente da Mandel Advocacia como CEO e sócio, cuidando da coordenação de equipe, contribuiu ainda mais para o entendimento da área que se tornou a grande especialidade de Paulo Calheiros.

www.linkedin.com/in/paulo-calheiros-adv
p.calheiros.pc@gmail.com

 

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