Como o autocuidado ajuda mães a superar pressões sociais e reforçar a confiança em suas escolhas
Entender a culpa materna e como lidar com ela tornou-se um tema essencial para as mães hoje em dia. Essa culpa aparece de várias maneiras, como se sentir que não está fazendo o suficiente pelos filhos, estar trabalhando muito ou pela forma como se conecta com eles.
Para a psicóloga Rafaela Schiavo, uma das pioneiras da Psicologia Perinatal e da Parentalidade e fundadora do Instituto MaterOnline, a maioria das mães já sentiu culpa em algum momento. Mais do que isso, ela aponta que as mães, muitas vezes, sentem mais essa culpa do que os pais, por causa do que a sociedade espera delas. Mas, segundo ela, sentir culpa não é só ruim. Quando abordada de maneira construtiva, pode ajudar no crescimento pessoal e a melhorar seu relacionamento com os filhos e consigo mesma.
Para abordar mais sobre o
assunto, Rafaela Schiavo respondeu algumas perguntas comuns:
O que é a culpa materna e por
que acontece tanto?
“A culpa materna é um sentimento
que surge por conta das junções sociais, pessoais e a realidade da maternidade.
Muitas mães se sentem culpadas por não conseguirem atender a todas as demandas
e expectativas que a sociedade e elas mesmas impõem. É quase como se a culpa
fosse uma sombra que acompanha a maternidade”.
Como a culpa materna afeta a
família?
“Essa culpa não só impacta o
bem-estar emocional das mães, mas também a familiar. Faz as mães se sentirem
ansiosas e distantes, o que pode prejudicar a convivência com os filhos e o
parceiro”.
Como posso
lidar com a culpa materna?
“É preciso
pensar sobre seus sentimentos e entender o impacto deles na sua vida. Conversar
com outras mães, aceitar que ninguém é perfeito, cuidar de si mesma e, se
necessário, buscar ajuda de um profissional são maneiras de lidar com isso”.
Quando é hora de buscar ajuda
profissional?
"Se a culpa estiver
atrapalhando muito sua vida e sua felicidade, é importante falar com alguém que
possa ajudar, como um psicólogo. Um espaço de diálogo seguro com um profissional
pode abrir caminhos para a superação".
Por que é importante ter informação
e orientação?
"A orientação é
fundamental para prevenir a culpa materna. Muitas vezes, esse sentimento surge
da falta de conhecimento sobre o que é normal na maternidade. Ter informação,
desde antes de ter filhos, pode preparar as mães para os desafios”.
É normal se sentir cansada da
maternidade às vezes?
“Com certeza. Todas as mães se
sentem cansadas ou frustradas em algum momento. O importante é saber que isso
não te faz uma mãe ruim. Aceitar e conversar sobre esses sentimentos ajuda
muito".
Como a sociedade influencia a
culpa materna?
"A sociedade tem grandes
expectativas sobre as mães. Essa pressão cultural pode fazer com que muitas
mulheres se sintam culpadas por quererem trabalhar ou por outras escolhas
pessoais. Reconhecer e questionar essas expectativas é um passo importante para
se sentir melhor."
Para lidar com a culpa, a
psicóloga dá as seguintes dicas:
1) Falar com outras mães: Contar o que você está
sentindo e ouvir as histórias delas pode fazer você se sentir menos sozinha.
2) Ser gentil consigo mesma: Entender que está tudo bem em
não ser uma mãe perfeita. Porque mães perfeitas, além de não existirem,
poderiam prejudicar o desenvolvimento do filho. Não é esperado que as pessoas
tenham mães perfeitas, mas sim mães possíveis, ou suficientemente boas.
3) Cuidar de você: É muito importante
reservar um tempo para cuidar da sua mente e do seu corpo.
4) Buscar ajuda se precisar: Se a culpa estiver difícil de manejar, procurar um profissional
pode ajudar muito.
Dra. Rafaela de Almeida Schiavo - psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Desde sua formação inicial, dedica-se à saúde mental materna, sendo autora de centenas de trabalhos científicos com o objetivo de reduzir as elevadas taxas de alterações emocionais maternas no Brasil. Possui graduação em Licenciatura Plena em Psicologia e graduação em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Além disso, concluiu seu mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e doutorado em Saúde Coletiva pela mesma instituição. Realizou seu pós-doutorado na UNESP/Bauru, integrando o Programa de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenvolvimento pré-natal e na primeira infância; Psicologia Perinatal e da Parentalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário