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Desenvolvimento tecnológico concentra-se em sistemas de suporte à vida humana no espaço para tornar a viagem ao Planeta Vermelho possível em breve
É uma era emocionante para a exploração espacial e
um dos próximos marcos no horizonte será levar os humanos a Marte. A viagem ao
Planeta Vermelho é diferente de uma missão à Lua em muitos aspectos, a começar
por ser uma jornada muito mais longa. A distância média da Terra à Lua
(considerando sua rotação em órbita) é de cerca de 383 mil quilômetros,
enquanto a distância até Marte é de 225 milhões de quilômetros.
Isso significa que uma missão da NASA até Marte
deve levar cerca de um ano de viagem, com um ano adicional dedicado a avaliar
se podemos viver naquele planeta. Em 2018, a NASA (agência espacial americana)
apontou a tendência de avanço tecnológico desde a missão Apollo original como
um sinal que favorece uma missão tripulada a Marte, bem-sucedida, em um futuro
não muito distante. O planeta pode estar 200 vezes mais distante do que a Lua,
mas podemos estar milhares de vezes mais preparados, tecnologicamente, para
conseguir isso.
Inovações nos sistemas de
suporte à vida dos astronautas são fundamentais
Para compreender a tecnologia que permitirá que os
humanos respirem em Marte no futuro, é importante aprender sobre os sistemas de
suporte à vida que já são utilizados na Estação Espacial Internacional (ISS).
A ISS usa um sistema de controles ambientais
espaciais e sistemas de suporte à vida (ECLSS)
que converte dióxido de carbono (CO2) em oxigênio. Mas o sistema atual, chamado
de Conjunto de Remoção de Dióxido de Carbono (CDRA), tem
limitações em comparação com as necessidades que uma missão ao Planeta Vermelho
apresenta.
O processo atual de extração de oxigênio do CO2, ou
reação de Sabatier, pode ser usado para a ISS relativamente próxima e recuperar
50% do oxigênio. No entanto, essa porcentagem representaria em quantidade
significativa de oxigênio que teria de ser transportado Marte para que os
astronautas pudessem respirar.
“Adicionar uma tecnologia como a pirólise de metano
permite a recuperação de 100% do oxigênio do CO2 e diminui a massa necessária
para uma missão a Marte”, explica Phoebe Henson, engenheira sênior de sistemas
de suporte à vida, pesquisa e desenvolvimento espacial humano da Honeywell.
“Não queremos que a missão tenha um custo
proibitivo”, diz ela, referindo-se ao custo por quilograma de qualquer coisa
lançada ao espaço. Embora este valor tenha
diminuído para voos em órbita baixa, cada quilograma que você pode deixar
para trás em viagens excepcionalmente longas conta ainda mais.
O trabalho de Henson na Honeywell concentra-se em
sistemas de suporte de vida espacial, especificamente um sistema de remoção de
CO2 conhecido como tecnologia de remoção de dióxido de carbono por sistema de
líquido iônico (CDRILS). Ele usa “um líquido iônico regenerável para capturar o
CO2 da atmosfera de uma espaçonave”, diz Henson. CDRILS combinado com um reator
Sabatier e a tecnologia de Pirólise de Metano criam um sistema de suporte de
vida em circuito completamente fechado que é capaz de recuperar 100% do
oxigênio do CO2.
Henson explica que a durabilidade dos principais
componentes do CDRILS permite que seja fornecido em um pacote muito menor – o
que é bom para futuros astronautas em missão a Marte. Além de grandes reduções
de volume e massa, o componente também requer menos energia do que o sistema de
remoção de CO2 utilizado na Estação Espacial Internacional, representando uma
grande atualização em outra área importante ao exigir menos equipamentos para
armazenamento e pouca manutenção.
“O tempo do astronauta é valioso. Para uma missão a
Marte, não podemos permitir que eles passem todo o seu tempo trabalhando para
manter uma tecnologia”, disse ela. “A missão deles deve ser explorar o planeta
para que consigamos ter informações científicas valiosas, que eles consigam ter
tempo para configurar equipamentos para missões futuras e assim por diante.” A
maior confiabilidade do sistema também tem o objetivo de garantir segurança
contínua, por um período muito mais longo.
Missões Preliminares Ajudarão
a Preparar Para o Futuro
Henson explica que um dos desafios de uma missão a
Marte é a latência na comunicação entre a Terra e o planeta, em contraste com a
comunicação quase direta entre a ISS e o Controle da Missão em Houston. Segundo
a NASA, o atraso na comunicação entre o Controle da Missão e Marte variará de 4
a 24 minutos.
“Os sensores precisam ser extremamente confiáveis.
Quando formos a Marte, se houver um problema, não podemos esperar que o
Controle da Missão, na Terra, resolva esse problema”, diz ela. “Portanto, não
se trata apenas dos sensores, mas também do sistema de controle e de ter
astronautas treinados em todos os cenários possíveis, incluindo aqueles em que
tudo pode dar errado. Tudo precisará ser muito mais autossuficiente”, afirma.
Falando em testes em andamento, as próximas missões
Artemis II (órbita tripulada ao redor da Lua) e Artemis III (missão tripulada
na Lua) da NASA testarão capacidades para exploração do espaço profundo. A
parceria contínua da Honeywell com agência na exploração espacial inclui o
envolvimento em vários aspectos
do lançamento Artemis I, que enviou a nave espacial não tripulada Orion ao
redor da Lua para provar capacidades para missões futuras.
“A NASA está a usar a Lua como uma espécie de
trampolim para Marte”, diz Henson. “Teremos alguma latência de comunicação, não
muito grande, mas acho que estar mais longe nos ajudará a construir a
capacidade de sermos mais autossuficientes com muito menos risco do que uma
missão a Marte. Também nos dará a oportunidade de testar capacidades como a
potencial utilização de recursos marcianos ou lunares, a fim de criar coisas
valiosas para a missão, como combustível”, completa. “Sabemos que as primeiras
empresas capazes de criar combustível na Lua ou em Marte criarão muito valor
para a NASA e para as empresas comerciais que vão para o espaço”.
No que diz respeito a inspirar
a próxima geração de inovadores, Henson disse: “Espero que quando as crianças
souberem que vamos voltar à Lua, em preparação para a missão a Marte, fiquem
tão maravilhadas como eu fiquei quando soube da ISS pela primeira vez."
Quer saber mais sobre o que torna a missão a Marte única? Confira este
episódio do podcast The Future Is… com Amanda Childers, Cientista Líder de
P&D, cujo trabalho se concentra.

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