Dados recentes do Ministério da Saúde revelam que mais de 52 mil jovens entre 15 a 24 anos contraíram HIV, entre 2011 e 2021. Um número muito expressivo que choca quando se compara a elevação dos casos de óbitos ocasionados pela doença dentro dessa faixa etária, nos últimos anos.
Mas quais seriam
as causas desse aumento, se os avanços tecnológicos e a evolução dos fármacos
vinham proporcionando aos pacientes soro positivos uma melhor qualidade de vida
até então?
Estudos demonstram
que a resposta está nos “excessos” cometidos por essa população. Excessos
relacionados ao elevado consumo de bebida alcóolica, drogas, cigarro, vida
desregulada, zero qualidade de vida, sexo sem camisinha e sem qualquer tipo de
prevenção. Os infectologistas chamam a atenção para essa combinação explosiva:
sexo, drogas e álcool. Bem verdade que o HIV positivo da década de 80 não é o
mesmo HIV positivo de atualmente. Dificilmente hoje se morre de Aids, ao menos
que não haja qualquer aderência ao tratamento com antiretroviral.
Porém, pela ótica
psicanalítica, nos cabe refletir sobre esses excessos juvenis. A necessidade de
pertencimento. Pertencer a um grupo. Um grupo que usa drogas, que é engajado,
um grupo que fuma, que bebe em excesso, que vira noites na rua sem dormir, um
grupo que vive em baladas e não fazer uma boa higiene do sono, ou mesmo não consegue,
pela exaustão das noitadas, se alimentar corretamente, ou praticar um exercício
físico regular.
Jovens que vivem
como se não houvesse o amanhã, e sem a preocupação com o autocuidado. Que não
fazem uma terapia para se autoconhecer ou mesmo entender porque tantos excessos
e como eliminar os gatilhos que os colocam de frente com os abusos. Não
conseguem entender que o corpo e a mente são templos sagrados e que cuidar bem
de ambos é o primeiro passo para uma vida de equilíbrio.
A falta de
informação sobre o HIV ainda é uma barreira mesmo em pleno século XXI.
Atualmente, temos milhares de pessoas no mundo vivendo com o vírus e fazendo
uso das medicações específicas ao tratamento.
Enquanto,
infelizmente, também assombra uma triste realidade em que muitas pessoas
abandonam o tratamento, refugiam-se e não se cuidam por medo de serem
descriminadas pela sociedade. O preconceito ainda existe. Sentimentos como
vergonha, culpa e medo são grandes impeditivos na busca da testagem e do
tratamento eficaz.
A consequência disto
é que o sujeito não conhece sua condição clínica, iniciando tardiamente o
processo de tratamento e, nesse período, corre o risco de seguir transmitindo o
vírus para outras pessoas.
Por isso, a
naturalização e exposição à testagem precoce é de sua importância, já que
quanto mais cedo o diagnóstico for definido, mais chances de sucesso será
evidenciado. Além claro, da conscientização de que excessos e combinações
equivocadas não contribuem para o bem estar e saúde do indivíduo.
Portanto, aos
jovens só nos cabe orientar que reavaliem o seu estilo de vida, para que possam
perceber a necessidade de mudança. Seu bem estar depende muito de sua cabeça e
de seu estado de espírito, resiliência e postura em relação ao universo ao
redor.
Os cuidados
com a saúde são essenciais. A AIDS é sexualmente transmissível e viver uma
“vida loca”, cheia de excessos, fala mais do emocional fragilizado desse ser
humano, de seus gatilhos, faltas e vazios do que de qualquer outro aspecto da
vida.
Andrea Ladislau - graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.
Instagram: @dra.andrealadislau
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