Após 42 anos do primeiro caso de aids no mundo, ainda há um longo caminho a percorrer para acabar com a transmissão do HIV e os casos de aids. Apesar dos avanços científicos, os interesses econômicos e a falta de vontade política contribuem para que esta pandemia continue sendo uma ameaça à saúde pública global
O mundo convive com a aids há 42 anos, mas eliminar a transmissão do HIV e acabar com as mortes pela doença ainda são uma realidade distante. Apesar dos avanços científicos ao longo das últimas décadas, é doloroso reconhecer que a pandemia de HIV/aids ainda não acabou.
Neste 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, a AHF, centenas de organizações sociais, instituições de saúde pública e comunidades afetadas em todo o mundo pela falta de acesso prevenção, testagem e tratamento exigem dos líderes globais ações contundentes para acabar com as desigualdades que favorecem a transmissão do HIV e as mortes por aids.
De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids), até 2,5 milhões de pessoas vivem com o vírus na América Latina e no Caribe atualmente. Em 2022, o as novas infecções em adultos podem ter chegado a 130 mil e o número de mortes relacionadas à aids, a 35 mil – vidas que poderiam ter sido salvas se tivessem tido acesso a ferramentas de prevenção, informação, diagnóstico e tratamento.
O apelo urgente aos principais líderes é para capacitar as comunidades para promover:
- Promover campanhas de informação e prevenção, sendo o preservativo
o insumo mais acessível (baixo custo), eficaz (98% de eficácia para
prevenir a transmissão do HIV e de mais de 10 infecções sexualmente
transmissíveis) e de fácil uso.
- Ampliar o acesso a testes rápidos de HIV, inclusive para
organizações civis, bem como treinar o pessoal dos serviços de saúde para
aplicar os testes rápidos respeitando os direitos, a identidade, a
confidencialidade e expressão de gênero das pessoas.
- Garantir acesso ao tratamento para todas as pessoas que vivem com
HIV e que conheçam seu diagnóstico, além de assegurar a oferta de
medicamentos mais modernos a preços mais acessíveis, priorizando a saúde
das pessoas antes dos lucros das grandes empresas farmacêuticas.
- Investir nos sistemas de saúde para manter, por meio de diversas
ferramentas, os pacientes em tratamento, possibilitando que elas se tornem
indetectáveis (quem vive com HIV e segue o tratamento reduz a quantidade
de vírus no organismo a níveis tão baixos que a carga viral não é
detectada em exames específicos, tornando-se, assim, uma pessoa incapaz de
transmitir o HIV).
- Promover políticas públicas para reduzir o estigma em torno do HIV,
fornecendo informações objetivas e confiáveis para a comunidade, o que
contribui para eliminar a rejeição e o medo em relação às pessoas que vivem
com o vírus.
- Reformar leis e implementar políticas e práticas para acabar com o
estigma e a exclusão de pessoas que vivem com HIV, grupos mais vulneráveis
e populações-chave para a cadeia de transmissão do vírus.
“Apesar do esforço da Aids Healthcare Foundation e dezenas de organizações civis em todo o mundo, ainda não fomos capazes de decretar o fim da pandemia de HIV/aids. Restam poucos anos para atingirmos a meta de que a aids deixe de ser uma ameaça para a saúde global até 2030. As desigualdades econômicas, sociais, culturais e jurídicas devem ser abordadas com urgência, pois numa pandemia elas agravam a situação para todos”, avalia Beto de Jesus, diretor da AHF Brasil.
No
Brasil, o coeficiente de mortalidade por aids caiu 25,5% nos últimos dez anos,
passando de 5,5 para 4,1 óbitos por 100 mil habitantes. Em 2022, o Ministério
da Saúde registrou 10.994 óbitos tendo o HIV ou aids como causa básica, 8,5%
menos do que os 12.019 óbitos registrados em 2012. Apesar da redução, cerca de
30 pessoas morreram de aids por dia no ano passado – a maioria (61,7%) era de
pessoas pretas e pardas.
“Os
dados reforçam a necessidade de considerar os determinantes sociais para
respostas efetivas à infecção e à doença, além de incluir populações chave e
prioritárias esquecidas pelas políticas públicas nos últimos anos”, diz o novo Boletim Epidemiológico sobre HIV/aids do
Ministério da Saúde.
Ainda
segundo o documento, estima-se que, atualmente, 1 milhão de pessoas vivam com
HIV no Brasil. Desse total, 650 mil são do sexo masculino e 350 mil do sexo
feminino. Enquanto 92% dos homens estão diagnosticados, apenas 86% das mulheres
possuem diagnóstico; 82% dos homens recebem tratamento antirretroviral, mas 79%
das mulheres estão em tratamento; e 96% dos homens estão com a carga viral
indetectável – quando o risco de transmitir o vírus é igual a zero – mas o
número fica em 94% entre as mulheres.
Neste 1º de dezembro, a AHF planejou comemorações virtuais ao vivo em seus 45 países para homenagear aqueles perderam a vida devido a causas relacionadas ao HIV e lembrar o mundo que esta pandemia não acabou. No Brasil, as atividades acontecerão em São Paulo, Recife, Porto Alegre e Manaus.
A
AHF mantém duas clínicas de atendimento gratuito com foco no diagnóstico de HIV
e outras infecções sexualmente transmissíveis: uma em São Paulo, para o público
geral (Clínica Comunitária de Saúde Sexual – Rua Pedro Américo, 52/Praça da
República; de segunda a sexta, exceto feriados, das 11h30 às 18h30) e uma no
Recife, para a população masculina (Clínica do Homem do Recife – Rua Osvaldo
Cruz, 342/Soledade; de segunda a sexta, exceto feriados, das 13h30 às 19h30)
AHF - Aids
Healthcare Foundation é a maior organização mundial contra o HIV/aids.
Atualmente presta cuidados e/ou serviços médicos para mais de 1,6 milhão de
pessoas em 45 países da África, América do Norte, América Latina e Caribe,
Ásia/Pacífico e Europa Oriental. Mais informações no SITE.
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