Especialista
do Hospital Japonês Santa Cruz ressalta cuidados e prevenção da doença
Casos de Covid-19 têm
registrado alta novamente e, para quem possui comorbidades, a situação preocupa
ainda mais, em função das complicações. Pesquisa da Universidade Estadual do
Ceará (UECE) constatou que, antes da vacinação, quatro entre dez pacientes com
diabetes morreram ao se internar com Covid. O maior risco de morte se dá não
apenas em função do diabetes, mas por outros fatores de implicação que a maior
parte dos portadores da doença geralmente têm, como obesidade e hipertensão.
Os pesquisadores
estudaram os casos de Covid-19 notificados no primeiro ano da pandemia no
Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (SIVEP – Gripe). Entre todos os
internados pelo problema, 25,7% tinham o diagnóstico de diabetes, mas a
prevalência de óbito entre essas pessoas saltou para 40,8%, situação a qual
apontou que o diabetes aumenta em 15% as taxas de mortes em pessoas internadas
por Covid-19, representando aproximadamente 3 em cada 20 óbitos.
Portadores de diabetes
que não estão fazendo o controle adequado da doença têm maior risco de sofrerem
complicações graves e de serem internados nos casos de contaminação pelo
Covid-19. Essas e outras relações do coronavírus com o diabetes estão sendo
estudadas por pesquisadores em todo o mundo.
A endocrinologista do
Hospital Japonês Santa Cruz, Dra. Lilian Kanda, lembra que, além da dieta
equilibrada e a prática de atividades físicas, as pessoas com diabetes precisam
estar atentas, continuamente, aos exames e medicamentos. “O diabetes é uma
doença que pode causar complicações crônicas importantes quando não controlado.
O conhecimento sobre a doença, a adoção de todos os cuidados passados pelo
médico e o frequente acompanhamento com profissionais são fundamentais para
garantir a qualidade de vida do paciente”, ressalta.
Impactos
São amplos os impactos
do diabetes. Estudo realizado pela FEA (Faculdade de Economia e Administração)
da USP (Universidade de São Paulo) e da Unicamp (Universidade de Campinas)
estima que os custos com o diabetes no Brasil já superam R$10 bilhões para
gastos diretos com a doença e cerca de R$7,5 bilhões para gastos indiretos,
podendo chegar, em 2030, a R$27 bilhões por ano.
O diabetes está ligado a
doenças pré-existentes. Algumas situações como o excesso de peso, ingestão de
açúcar e gordura em excesso, histórico de doença cardiovascular prévia,
alcoolismo e estresse, são fatores que contribuem para o desenvolvimento e o
agravamento da doença.
No Brasil, 9,14% da
população adulta vivia com diabetes em 2021, de acordo com levantamento da
pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico). Já segundo a última edição do Atlas
Diabetes 2021, os casos cresceram 16% no mundo de 2019 para 2021, passando de
463 milhões para 537 milhões no último ano. A expectativa é chegar a 643
milhões de doentes em 2030, ou seja, um aumento de 19%.
Prevenção
Embora não seja possível
prevenir completamente o surgimento da doença, hábitos saudáveis reduzem de
forma significativa o risco de diabetes, pontua a Dra. Lilian Kanda. “Investir
na prevenção da doença é fundamental, estimulando a população a se alimentar de
forma correta, a praticar atividade física e manter os exames preventivos em
dia”, ressalta.
A médica pontua as
principais ações preventivas para inclusão na rotina:
“É importante praticar
atividade física de 150 a 300 minutos semanalmente; manter a alimentação com
redução de carboidratos, utilizando fibras, alimentos não refinados, integrais
e de baixo índice glicêmico e fazer exames de rotina para detecção precoce pois
sempre facilita o tratamento. Estilo de vida e prevenção devem caminhar
juntos”, conclui.
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