Muitas vezes o mais fácil pode não ser o mais adequado; o Dr. Ariel Lipman, diretor da Sig Residência Terapêutica, explica como ter paciência para lidar com a frustração e fala sobre os benefícios de tratamentos longínquos a momentâneos
Normalmente, em uma situação que
envolve um contratempo, o anseio pela resolução é extremo, ainda mais quando o
assunto é saúde. As pessoas procuram resolver o problema pautadas no imediatismo,
mas, muitas vezes, a solução pode levar um tempo e é por isso que a virtude da
paciência é mais que necessária: não é atoa que pacientes assim se chamam.
Com a expectativa de uma rápida
melhora, muitos indivíduos optam por tratamentos imediatos ao invés de
contínuos, fato que ocorre na área de saúde estética, física e até mesmo
mental. De acordo com pesquisa feita pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e
Qualidade (ICTQ), 79% dos brasileiros admitem tomar medicamentos sem prescrição
médica, o que mostra que, de fato, as pessoas buscam sempre tratar um problema
de saúde de maneira rápida.
O Dr. Ariel Lipman,
médico especialista em psiquiatria e diretor da SIG Residência Terapêutica
esclarece que o desejo pelo instantâneo pode vir a ser um agente dificultador
na melhora dos problemas, sejam eles quais forem. “O entusiasmo por resultados
súbitos retarda resultados de fato saudáveis. Assim é, pois na maioria dos
casos, a resolução, por exemplo, da depressão, demanda tempo e paciência”.
Ademais, ele acrescenta que muitas vezes a impaciência ou ansiedade fazem parte
dos seus sintomas - “Aqui é importante diferenciar quadros que são patológicos
de pessoas que ficam impacientes com os problemas normais da vida”.
Em muitos casos, a escolha por tratamentos
de curto prazo pode ser ruim para o paciente, já que o procedimento rápido
geralmente não é tão efetivo quanto os que demandam mais tempo. O especialista
orienta que, no processo de escolha da resolução do problema em questão, é
essencial que o paciente pense adiante. “Entre casos de transtornos mentais, é
comum eu me deparar com pacientes que, no passado, optaram pela escolha de
procedimentos breves. Estes me procuram justamente por estarem frustrados com a
falta de retornos de fato eficientes” cita o especialista.
É importante controlar a ansiedade
durante um tratamento, principalmente com a falta da resposta esperada e é aí
que entra a confiança no médico escolhido. “A natureza é composta de ciclos, e
nós, por fazermos parte dela, não somos diferentes - ao tratar de transtornos,
é necessário ter em mente que fases existem, e não podem, de forma alguma, ser
atropeladas, independentemente da urgência”, explica o doutor.
Mas como driblar ansiedade, medos,
desconfortos e desenvolver paciência para lidar com essas dificuldades da
melhor forma? “Não existe ‘fórmula mágica’. As pessoas são diferentes, algumas
são mais calmas e pacientes que outras, porém, é possível ‘treinar’ a nossa
ansiedade e paciência”, explica o Dr. Ariel, que listou algumas dicas:
Invista em
autoconhecimento
Ao se conhecer, o paciente consegue
perceber seus gostos, defeitos e limitações. É necessário se ouvir para se
reconhecer, com o objetivo de se entender a si mesmo. “Descobrir o que
significam seus sentimentos pode fazer com que você evite episódios de
impaciência, pois entender a si próprio promove maior autocontrole, fato que
permite maior racionalidade para tomar decisões”, aconselha o Dr. Ariel.
Organização é
primordial
Com a finalidade de auxiliar no foco e
no funcionamento da resolução do problema, organize-se. “A organização é
importante até para compreender o processo como um todo. Sobre isso, pode-se
dizer que estar estruturado já é meio caminho andado”, esclarece o psiquiatra.
Organize suas finanças e desenvolva etapas para resolver seus principais
problemas e tomar decisões mais apropriadas.
Aceitação é
importante
Como lidar com a frustração? O doutor
explica que, infelizmente, as medicações e psicoterapia não agem magicamente,
resolvendo os sintomas do dia para o outro. é natural levar tempo para que os
processos comecem a dar resultados. O segredo, segundo ele, é desenvolver a
discrição entre as expectativas já que muitas vezes os resultados não saem
conforme o esperado.
Por isso, o doutor comenta que: “É
importante procurar bons profissionais, que sejam capazes de orientar o
paciente de forma correta, não apenas sobre o tempo de melhora após o início do
tratamento, como também ajustar as expectativas em relação ao resultado final”.
Busque apoio
“Na alegria e na tristeza, perceba com
quem você pode contar” diz o doutor. Além de amigos e familiares, reconheça
agentes materiais que ajudem, como livros, séries, ou até mesmo alguma coisa
que você goste de comer para se confortar em momentos de angústia e lazer.
De qualquer forma, nesse tópico é
relevante expor o verdadeiro papel de um apoio: apoiar. “Nunca se jogue sobre
eles, já que são apenas muletas. Para andar, você terá que ir sozinho”, explica
o especialista.
Equilíbrio é a
chave
Muitas vezes os indivíduos optam pela
escolha do mais acessível em múltiplas facetas: em relação ao dinheiro, tempo,
e também desgaste físico e emocional. Saiba que não é justo com si mesmo: “Cada
caso é um caso, e cada realidade é diferente. De qualquer forma, se puder,
priorize tratamentos eficazes, que normalmente são mais complicados, aos mais
fáceis. É mil vezes melhor, e na maioria dos casos até mais barato pensando a
longo prazo, prevenir do que remediar”, conclui.
Sig
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