Neurocirurgião da Unicamp e do Hospital Albert
Einstein explica os motivos e principais pontos de atenção da doença
De acordo com dados recentes da
Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, o AVC (Acidente Vascular Cerebral),
junto às doenças cardiovasculares, voltou a ser a causa mais comum de mortes no
Brasil após o recuo da pandemia de covid-19. Somente nos quatro primeiros meses
de 2022, foram registradas 35 mil mortes por AVC no país.
O AVC é uma das principais causas de morte não somente no Brasil, mas no mundo todo. “Pode estar relacionado a outras doenças, como hipertensão, doenças cardiovasculares, obesidade e doenças metabólicas, sedentarismo, colesterol e triglicérides alterados, diabetes, além do tabagismo e do alcoolismo, por exemplo”, afirma o Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein. “Além disto, fatores genéticos também contribuem e, mesmo com cuidados, pessoas com histórico entre familiares de primeiro grau também podem ter tendência”, conclui o especialista.
Fatores comuns como o envelhecimento, por outro lado, também podem influenciar no desencadeamento de um Acidente Vascular Cerebral. De acordo com o Ministério da Saúde, pessoas com mais de 55 anos possuem maior propensão a desenvolver a doença.
O tratamento precoce, como ressalta o Dr. Marcelo Valadares, é essencial. “Quanto antes os sintomas forem identificados, maiores as chances que a pessoa não venha a falecer ou que tenha sequelas menores. O paciente que apresenta qualquer um dos sintomas de AVC deve ser levado imediatamente ao atendimento médico”, reforça.
O médico ressalta que os sintomas começam a se
manifestar principalmente na área atingida pelo cérebro. Entre os principais
sinais de AVC, estão: fortes dores de cabeça fortes, repentinas e acompanhadas
de vômitos; fraqueza ou dormência em membros como pernas, braços ou na face,
que geralmente afetam um dos lados do corpo; perda da visão ou dificuldade
súbita para enxergar; dificuldades na fala e, por fim, a paralisia.
Qual é a diferença entre o AVC isquêmico e o hemorrágico?
O neurocirurgião da Unicamp e do Hospital Albert Einstein explica que existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O mais comum, segundo dados do Ministério da Saúde, é o isquêmico, representando 85% dos casos registrados; o hemorrágico, que tem uma incidência menor pode, entretanto, causar mortes com mais frequência.
“De forma geral, o AVC ocorre quando os vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando uma paralisia nesta região. No isquêmico, que é o mais comum, a obstrução devido a uma trombose ou embolia de uma artéria impede a passagem de oxigênio para as células cerebrais. Já no caso do hemorrágico, o tipo mais grave de AVC, acontece o rompimento do vaso cerebral, provocando uma hemorragia”, explica o Dr. Marcelo Valadares.
Embora seja grave, nem todo AVC é cirúrgico. “Existem também tratamentos clínicos. Cada caso é identificado individualmente. Com o uso de medicação, mudanças no estilo de vida e recomendação de atividades físicas, existe também possibilidade de prevenir o AVC. Manter os exames de rotina em dia também é essencial, principalmente quando existem casos na família em parentes de primeiro grau”, afirma o neurocirurgião.
Dr. Marcelo Valadares - médico neurocirurgião e
pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da
Unicamp e do Hospital Albert Einstein. A
Neurocirurgia Funcional é a sua principal área de atuação, sendo que o
neurocirurgião trabalha em São Paulo e em Campinas. Seu enfoque de trabalho é
voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento,
cirurgias menos invasivas de coluna (cirurgia endoscópica da coluna), além de
procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológica cerebral e outros
tipos de dor. O especialista também é fundador e diretor do Grupo de Tratamento
de Dor de Campinas, que possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos.
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