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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Síndrome de Burnout preocupa as empresas e passa a constar na Classificação Internacional de Doenças da OMS

Oficializada pela entidade como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”, a classificação faz parte da relação da doença com o ambiente de trabalho e traz uma interpretação direta e indireta da responsabilidade da empresa sobre a saúde integral dos funcionários 


         Desde 1º de janeiro deste ano a Síndrome de Burnout está na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), a CID 11. A síndrome precisa ser vista com maior atenção e as empresas precisam ficar atentas para esse risco. 

         De acordo com o que afirma a entidade, agora o Burnout para a ser oficializado como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. No texto anterior, ela era considera ainda como um problema na saúde mental e um quadro psiquiátrico. 

         Essa nova classificação se deu na conferência da organização em 2019, contudo, o documento passou a vigorar agora, em 2022. Lembrando que para alterar o documento, a OMS analisa estatísticas e tendências da saúde. Ele é o reconhecimento de doenças e problemas de saúde no mundo de acordo com as mesmas definições e códigos. Além da Síndrome de Burnout, o CID 11 também inclui na lista de doenças o estresse pós-traumático, distúrbio em games e resistência antimicrobiana. 

         Mas o que isso impacta no mundo do trabalho? Segundo Dr. Ricardo Pacheco, diretor presidente da Oncare Saúde e presidente da Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (ABRESST), as corporações precisarão estar mais atentas com a saúde dos seus colaboradores. “Além do cuidado com o ser humano, que deve ser integral e integrado, a empresa precisa estar atenta a seu time, evitando que problemas evoluam e, principalmente, criando estratégias para impedir que a síndrome atinja os seus profissionais. Do contrário, além de ver talentos afastados e doentes, perderá produtividade e qualidade”, alerta o médico e gestor em saúde.

         O especialista lembra que uma gestão voltada para a saúde dos colaboradores precisa prevenir e identificar os sinais de que a doença está presente. “É comum que o profissional com o Burnout tenha um histórico de boa performance que se reverte diante de uma alteração no ambiente, como uma mudança na condução ou de demandas. A gestão tem que estar atenta e aberta a buscar ajuda para identificar e tratar os trabalhadores doentes”, afirma o diretor presidente da OnCare Saúde.


Empresas brasileiras devem ligar o sinal de alerta

O sinal de alerta para o Burnout precisa ser acionado na maioria das empresas. É o que diz o Índice de Bem-estar Corporativo do Zenklub no ano passado. O documento mostra que o índice geral de bem-estar no mercado brasileiro recebeu a nota de 49,25, numa escala de 0 a 100, as empresas brasileiras ficaram abaixo o índice ideal de 78. O levantamento teve mais de 1.600 respostas de funcionários de 335 empresas. Entre os fatores que afetaram negativamente o bem-estar geral, o Burnout aparece como o maior alerta, com os profissionais relatando sintomas de esgotamento. 

Outros dois fatores aparecem como avisos para um trabalho mais preventivo. Em segundo lugar, o alto volume de demanda e controle sobre o trabalho tira a autonomia e pode levar a um quadro de Burnout. E em terceiro, o fator de adição ao trabalho mostra o sentimento de sobrecarga em alta entre os profissionais.


A Síndrome de Burnout depois da classificação da OMS

         O documento da entidade classificou, como vimos, a síndrome como um “fenômeno ligado ao trabalho" e descreve seus sintomas como sendo a sensação de esgotamento, o cinismo ou sentimentos negativos relacionados a seu trabalho e a eficácia profissional reduzida.

         De acordo com o médico Ricardo Pacheco, a OMS deixa claro que o Burnout é uma doença relacionada ao trabalho, e não ao trabalhador, e pode trazer sérios problemas para a empresa. “O estresse mal administrado se torna um problema crônico relacionado ao local de trabalho e problemas de gestão da empresa. Sem contar que o reconhecimento pela OMS terá um efeito em processos trabalhistas relacionados ao tema, já que o trabalhador poderá recorrer à Justiça por causa de esgotamento e a empresa pode ser responsabilizada e até pagar indenização. Na verdade, a implicação de responsabilidade já acontece, mas pode ser difícil de conseguir”.  

         Ele lembra que com a classificação da organização, com o diagnóstico médico está caracterizada a responsabilidade da empresa. “Na Justiça, a responsabilização da empresa será avaliado a partir do laudo médico comprovando o Burnout junto com o histórico do profissional e uma avaliação do ambiente de trabalho, inclusive coletando relatos de testemunhas. Em geral, serão coletadas provas de uma degradação emocional e fatores causadores da síndrome, como assédio moral, metas fora da realidade ou cobranças agressivas”, alerta o diretor presidente da OnCare Saúde.


Investir na saúde mental dos trabalhadores é essencial

Em pesquisa da Kenoby com profissionais de recursos humanos, 93% deles disseram que as empresas ainda ignoran as questões de saúde mental. Entre os entrevistados, 53,4% não sabiam dizer se a empresa pretende investir em saúde mental. Outros 35% responderam que o investimento virá em menos de um ano. 

O médico Ricardo Pacheco acredita que a mudança na classificação do Burnout deve elevar a discussão sobre saúde mental. “As empresas precisam criar ambientes mais sustentáveis de estresse e demanda, um fator essencial é nutrir a segurança psicológica. Colocada como fator número um para ter equipes de alta performance, a segurança psicológica também é a tranquilidade de que as pessoas podem compartilhar ideias, errar e aprender sem sofrer punições por isso. Contar com uma empresa especializada na saúde do trabalhador é um caminho eficiente para prevenir, identificar e tratar o Burnout a tempo de não trazer maiores consequências para o trabalhador e para a empresa”, conclui o médico, diretor presidente da OnCare Saúde.



Oncare Saúde - plataforma de solução integrada de saúde, que oferece assessoria e consultoria, para empresas e para população em geral.

 

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