Oficializada
pela entidade como “estresse crônico de trabalho que não foi
administrado com sucesso”, a classificação faz parte da relação da doença com o
ambiente de trabalho e traz uma interpretação direta e indireta da
responsabilidade da empresa sobre a saúde integral dos funcionários
Desde 1º de janeiro deste ano a Síndrome de Burnout está na Classificação
Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), a CID
11. A síndrome precisa ser vista com maior atenção e as empresas precisam ficar
atentas para esse risco.
De acordo com o que afirma a entidade, agora o Burnout para a ser oficializado como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com
sucesso”. No texto anterior, ela era considera ainda como um problema
na saúde mental e um quadro psiquiátrico.
Essa nova classificação se deu na conferência da organização em 2019, contudo,
o documento passou a vigorar agora, em 2022. Lembrando que para alterar o
documento, a OMS analisa estatísticas e tendências da saúde. Ele é o
reconhecimento de doenças e problemas de saúde no mundo de acordo com as mesmas
definições e códigos. Além da Síndrome de Burnout, o CID 11 também inclui na
lista de doenças o estresse pós-traumático, distúrbio em games e resistência
antimicrobiana.
Mas o que isso impacta no mundo do trabalho? Segundo Dr. Ricardo Pacheco, diretor
presidente da Oncare Saúde e presidente da Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho
(ABRESST), as corporações precisarão estar mais atentas com a saúde dos seus
colaboradores. “Além do cuidado com o ser humano, que deve ser integral e
integrado, a empresa precisa estar atenta a seu time, evitando que
problemas evoluam e, principalmente, criando estratégias para impedir que
a síndrome atinja os seus profissionais. Do contrário, além de ver
talentos afastados e doentes, perderá produtividade e qualidade”, alerta o
médico e gestor em saúde.
O especialista lembra que uma gestão voltada para a saúde dos colaboradores
precisa prevenir e identificar os sinais de que a doença está presente. “É
comum que o profissional com o Burnout tenha um histórico de boa performance
que se reverte diante de uma alteração no ambiente, como uma mudança na
condução ou de demandas. A gestão tem que estar atenta e aberta a buscar ajuda
para identificar e tratar os trabalhadores doentes”, afirma o diretor
presidente da OnCare Saúde.
Empresas
brasileiras devem ligar o sinal de alerta
O
sinal de alerta para o Burnout precisa ser acionado na maioria das empresas. É
o que diz o Índice de Bem-estar Corporativo do Zenklub
no ano passado. O documento mostra que o índice geral de bem-estar no mercado
brasileiro recebeu a nota de 49,25, numa escala de 0 a 100, as empresas
brasileiras ficaram abaixo o índice ideal de 78. O levantamento teve mais
de 1.600 respostas de funcionários de 335 empresas. Entre os fatores que
afetaram negativamente o bem-estar geral, o Burnout aparece como o maior
alerta, com os profissionais relatando sintomas de esgotamento.
Outros
dois fatores aparecem como avisos para um trabalho mais preventivo. Em segundo
lugar, o alto volume de demanda e controle sobre o trabalho tira a autonomia e
pode levar a um quadro de Burnout. E em terceiro, o fator de adição ao trabalho
mostra o sentimento de sobrecarga em alta entre os profissionais.
A
Síndrome de Burnout depois da classificação da OMS
O documento da entidade classificou, como vimos, a síndrome como
um “fenômeno ligado ao trabalho" e descreve seus sintomas como sendo
a sensação de esgotamento, o cinismo ou sentimentos negativos relacionados a
seu trabalho e a eficácia profissional reduzida.
De acordo com o médico Ricardo Pacheco, a OMS deixa claro que o Burnout é uma
doença relacionada ao trabalho, e não ao trabalhador, e pode trazer sérios
problemas para a empresa. “O estresse mal administrado se torna um problema
crônico relacionado ao local de trabalho e problemas de gestão da empresa. Sem
contar que o reconhecimento pela OMS terá um efeito em processos trabalhistas
relacionados ao tema, já que o trabalhador poderá recorrer à Justiça por causa
de esgotamento e a empresa pode ser responsabilizada e até pagar
indenização. Na verdade, a implicação de responsabilidade já acontece, mas
pode ser difícil de conseguir”.
Ele lembra que com a classificação da organização, com o diagnóstico médico
está caracterizada a responsabilidade da empresa. “Na Justiça, a
responsabilização da empresa será avaliado a partir do laudo médico comprovando
o Burnout junto com o histórico do profissional e uma avaliação do ambiente de
trabalho, inclusive coletando relatos de testemunhas. Em geral, serão coletadas
provas de uma degradação emocional e fatores causadores da síndrome, como
assédio moral, metas fora da realidade ou cobranças agressivas”, alerta o
diretor presidente da OnCare Saúde.
Investir
na saúde mental dos trabalhadores é essencial
Em
pesquisa da Kenoby com profissionais de recursos humanos, 93% deles
disseram que as empresas ainda ignoran as questões de saúde mental. Entre os
entrevistados, 53,4% não sabiam dizer se a empresa pretende investir em saúde
mental. Outros 35% responderam que o investimento virá em menos de um
ano.
O
médico Ricardo Pacheco acredita que a mudança na classificação
do Burnout deve elevar a discussão sobre saúde mental. “As empresas precisam
criar ambientes mais sustentáveis de estresse e demanda, um fator essencial é
nutrir a segurança psicológica. Colocada como fator número um para ter
equipes de alta performance, a segurança psicológica também é a tranquilidade
de que as pessoas podem compartilhar ideias, errar e aprender sem sofrer
punições por isso. Contar com uma empresa especializada na saúde do trabalhador
é um caminho eficiente para prevenir, identificar e tratar o Burnout a tempo de
não trazer maiores consequências para o trabalhador e para a empresa”, conclui
o médico, diretor presidente da OnCare Saúde.
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