Segundo
especialista, estabelecer uma meta muito ousada para perda de peso, visando
muitas vezes apenas a questão estética, só traz frustrações e pode adiar
mudança de hábitos saudáveis por mais tempo
Num país em que quase 27% da população adulta é
considerada obesa e mais de 60% está com sobrepeso, conforme dados de 2020 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não é de se admirar que
a principal e mais frequente promessa de ano novo seja emagrecer.
O gastrocirurgião Adilon Cardoso Filho (CRM GO 9616) entende como natural
essa vontade maior das pessoas no começo do ano em querer iniciar o “projeto
emagrecimento”, afinal é uma época em que a grande maioria das pessoas busca
fazer diferente e renovar seus planos. Mas o que chama atenção e preocupa o
médico é que, na maioria das vezes, essa empolgação não dura nem até o mês de
fevereiro. Para o especialista, o principal fator para essa rápida desistência
do “projeto emagrecimento” é justamente uma meta estabelecida no calor da
empolgação da “virada de ano”.
“Para emagrecer você precisa estabelecer metas sim, mas metas críveis,
alcançáveis e adequadas a sua rotina de vida. O grande problema é que muita
gente estabelece objetivos de emagrecimento inalcançáveis, pelo menos no curto
e médio prazo, visando especialmente questões estéticas e não o ganho para
saúde. Quando a pessoa percebe que não consegue atingir tal meta que
estabeleceu, ela se frustra e acha que não conseguirá nunca o objetivo e o
plano de emagrecer mais uma vez é adiado”, explica o médico.
Mas adiar essa mudança não é bom negócio e, inevitavelmente, irá trazer graves
consequências para o corpo, consequências estas que a depender do quadro de
saúde da pessoa, podem ser irreversíveis, conforme explica Adilon Cardoso
Filho. “O excesso de peso e a obesidade, como já sabemos, são fatores de risco
altos para uma série de doenças, como por exemplo, hipertensão, disfunções
cardiovasculares, diabetes, artrose, artrite, refluxo esofágico e tumores de
intestino. Todos esses males podem se tornar crônicos e, além de reduzir em
muito a qualidade de vida das pessoas, irão também reduzir em muito a
expectativa de vida”, diz o médico.
Privações X objetivos
Adilon Cardoso Filho lembra que o paciente que busca um tratamento de
emagrecimento precisa, antes de mais nada, estar ciente do “preço que irá
pagar” em termos de privações, de mudança de estilo para que lá na frente não
se frustre e abandone o processo. “Sabendo claramente do que deverá abrir mão
para atingir seu objetivo, este paciente terá mais disposição de seguir em
frente com os sacrifícios que serão necessários, bem como poderá também
estabelecer, junto com os profissionais de saúde que o acompanham, uma meta
realmente alcançável”, salienta o médico.
Mas emagrecer não é uma questão de força de vontade e disciplina para se manter
uma prática regular de exercícios físicos e consumo de alimentação saudável? De
acordo com o médico Adilon Cardoso Filho, para muita gente que há anos vem
lutando contra a obesidade, essas duas práticas, definitivamente, não são o
bastante. “Ter uma rotina regular de atividade física e uma alimentação
balanceada é essencial em qualquer processo de emagrecimento, mas em virtude de
questão genéticas, condição psicológica, de exigências da rotina pessoal do
paciente ou de doenças pré-existentes, pode ser preciso que se entre com um
tratamento medicamentoso ou cirúrgico, que irá ajudar trazer resultados mais
efetivos para esse paciente”, explica o especialista.
Muitos caminhos
No entanto, o médico esclarece que mesmo sendo um processo difícil, o que
se tem hoje não é apenas um caminho, mas várias alternativas para se chegar ao
objetivo do emagrecimento. “Você tem hoje uma série de tratamentos
medicamentosos, cirúrgicos e clínicos que podem ser trabalhados conjuntamente.
Sem falar no atendimento multidisciplinar, que é preciso na maioria das vezes.
Hoje profissionais como, endocrinologista, gastos-cirurgiões, nutricionistas e
psicólogos trabalham o tratamento de emagrecimento de forma coordenada e cada
um, em sua área, ataca o obstáculo ou obstáculos que podem atrapalhar o sucesso
do paciente em seu projeto de emagrecimento", afirma.
Portanto, conforme resume o médico Adilon Cardoso Filho, além de estabelecer
uma meta alcançável, saber claramente do que se deverá abrir mão para alcançar
o objetivo, entender os males que o excesso de peso e obesidade irão trazer;
outro pilar indispensável para um processo de emagrecimento feito de forma
saudável eu bem sucedido é buscar assistência especializada. “Pode parecer
clichê, mas não existem fórmulas mágicas ou exercícios físicos que façam
milagres. Emagrecimento é uma meta que não se alcança sozinho. Ao seu lado é
preciso ter profissionais muito bem habilitados, seja desde alguém que elabore
um programa de atividades físicas, uma dieta, passando por um médico que irá
entender as dificuldades que seu organismo tenha e traçar o tratamento
adequado, até à atenção psíquica que também precisa ser trabalhada, antes e
depois do tratamento”, conclui o médico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário