Você já tentou meditar e não conseguiu, e acha que isso aconteceu por que é uma pessoa ansiosa? Então, calma, não é bem assim. Muita gente procura por Meditação pelas mais variadas necessidades, mas, vai por mim, hoje em dia um dos principais motivos é a ansiedade, sem dúvida. Tanto as pessoas mais chegadas às terapias alternativas quanto aqueles que não são afins a esses caminhos certamente tentaram encontrar na prática meditativa uma solução definitiva ou ao menos uma forma de reduzir os impactos desse estresse emocional, por conta de transtornos no trabalho, nos estudos e relacionamentos. Mas, afinal de contas, o que Meditação tem a ver com ansiedade? Como alguém que pratica há mais de dez anos, e que já passou por tratamentos médicos para esse problema antes, é que venho aqui trazer a minha contribuição para você.
Ansiosos também meditam
Para começo de conversa, ninguém precisa se sentar
para meditar no momento em que a ansiedade surge. Isso é praticamente
impossível. Também não se trata de ter que passar obrigatoriamente dez, vinte
ou trinta minutos meditando. Então, os ansiosos podem encontrar brechas em
algum momento do dia para meditarem, mesmo por períodos curtos, e sequer
precisam ficar sentados ou parados, se isso for incômodo, pois há várias
posturas, isso sem contar que elas não são obrigatórias. Na verdade, a ideia de
que a Meditação é um sistema imutável e rigoroso é falsa. Isso parte de um
entendimento errado, onde se confundem os recursos para se alcançar o estado
meditativo com uma espécie de “jeito certo” de se fazer a coisa. No meu livro,
“Tudo o que você precisa aprender para começar a meditar”, esclareço dúvidas
como essa, e cuidei de explicar isso ao leitor, mostrando vários recursos e
como eles podem ser adaptados a diferentes necessidades de tempo, espaço,
problemas de concentração e outros. Uma escolha correta dos recursos e um
entendimento simples acerca do tempo e do ambiente onde meditar ajudam qualquer
pessoa a ter êxito na prática, inclusive as ansiosas e impacientes. Dito isso,
o próximo ponto importante a saber é que a Meditação se relaciona com a
ansiedade a curto e a longo prazo.
Não se arranca a ansiedade e joga pela janela
Muita gente acha que pode fazer exatamente isso,
tirar a ansiedade de si, como se fosse uma coisa, jogar fora, e voltar a ser
quem sempre foi. Contudo, o que a experiência tem mostrado é que não é bem
assim. Os nossos desequilíbrios são transformados, harmonizados, jamais
expulsos. Meditação leva a relaxar e, segundo pesquisas já na década de
setenta, por um cardiologista americano, Dr. H. Benson, o sistema cardíaco
responde positivamente ao relaxamento. O que também pesquisas posteriores
demonstraram. Então, no nível imediato, a Meditação reduz sim a ansiedade, uma
vez que a prática atinge o nosso organismo, o que é percebido na mudança da
respiração enquanto se pratica, bem como no bem-estar que se sente, ainda que
seja uma técnica de mais ou menos cinco minutos. Esse é o impacto imediato,
porém, como disse, é o começo de uma transformação...
Uma consequência, e não uma causa
Algo muito interessante em Meditação é o fato de
ser uma transformação conduzida com leveza, e de um jeito diferente, onde não
há raciocínio exatamente. Nossa clareza mental vai aumentando na medida em que
meditamos com alguma constância e, por isso, vamos vendo aos poucos como
funciona nosso processo mental, como nos relacionamos com o que sentimos e,
assim, acabamos entendendo mais a cada dia a nós mesmos. Passamos nossas vidas
achando que a ansiedade é uma causa, no entanto ela é uma consequência. Estamos
o tempo todo construindo e fortalecendo o ambiente onde a ansiedade
inevitavelmente acontece. Não tem como ser diferente. Mas que ambiente é esse?
É o ambiente das nossas relações, as relações que temos com o que sentimos,
pensamos, com as imagens que fazemos de nós e dos outros. Quando a ansiedade é
aceita e nós começamos a mudar o modo como nos relacionamos com o nosso mundo
interior, então o ambiente vai se transformando também. Aos poucos ele não é
mais “adequado” ao surgimento da ansiedade, e ela vai murchando, aparecendo
apenas aqui e ali, ficando sem importância. Essa é a dimensão do longo prazo.
Porém, a ansiedade não desaparece, ela se transforma em outra coisa, a sua energia
vai se convertendo em autoconfiança, criatividade. Nisso, você se reequilibra,
entende o que é harmonia espontânea, e inevitavelmente se descobre ao longo do
processo de forma saudável. Afinal, saúde também é consequência, consequência
da paz interior. Boa meditação a todos!
Luís A. Delgado -i ganhador do prêmio "Personalidade 2015" na categoria Arte Literária pela Academia de Artes de Cabo Frio-RJ – ARTPOP, e agraciado com o prêmio Clarice Lispector de Literatura na categoria "Melhores Romancistas" pela Editora Comunicação em 2015. Atualmente é sócio correspondente na Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras e Mestre em Reiki e Karuna Reiki, possuindo o mais alto título que um profissional do Reiki possa ter. Luís é autor da série de livretos "Janelas da Alma", disponíveis na Amazon, onde aborda temas relacionados a autoconhecimento, meditação, espiritualidade.
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