Após um 2020
atribulado, o movimento Janeiro Branco ganha mais destaque. Especialistas dão
dicas de como manter a saúde mental neste novo período
A pandemia do novo coronavírus e todas suas consequências gerou graves impactos na saúde mental da população, os números que já eram alarmantes ficaram ainda piores. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 12 milhões de brasileiros sofrem de depressão. O número é equivalente a 5,8% da população - taxa que está acima da média global (4,4%) -, colocando o país em segundo lugar no ranking americano (atrás apenas dos Estados Unidos). A ansiedade, por sua vez, afeta quase 20 milhões de brasileiros (cerca de 9,3% da população). Isso inclui o transtorno obsessivo-compulsivo, problemas de fobia, estresse pós-traumático e até mesmo ataques de pânico.
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre maio e julho de 2020 revela que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa no período. A pesquisa mostrou também que 65% dos entrevistados têm sentimento de raiva; 63% sintomas somáticos, que podem ser sensação de dor, mal-estar gástrico, qualquer coisa orgânica resultante de um quadro de ansiedade; e 50% tiveram alteração do sono. Considerando todos esses números, a campanha Janeiro Branco, iniciada em 2014, ganha ainda mais relevância.
A intenção é convidar as pessoas a refletirem sobre a saúde mental, colocando esse tema em evidência, promovendo a conscientização sobre a importância da prevenção ao adoecimento emocional, algo que gera impactos preocupantes em nossa sociedade. A arteterapeuta Jaqueline Comazzi Lemos de Oliveira, presidente da Associação Brasil Central de Arteterapia (ABCA) e que possui um consultório no centro clínico do Órion Complex, completa sobre o período. “Momento oportuno para orientar os indivíduos a cuidarem da sua saúde psíquica e emocional, além de ações em prol da saúde mental a nível individual e coletivo, social e institucional por meio de eventos, reforçando a importância do autocuidado, assim como a criação de políticas públicas que valorizem a saúde mental, prevenção e tratamentos humanizados adequados”
Ela, que atua com a arteterapia há dez anos, percebeu que teve maior procura das mulheres no último ano em razão das múltiplas tarefas que exercem e explicou sobre a atuação da sua área. “O indivíduo quando tem conflitos e traumas, medos e angústias, muitas vezes não consegue se expressar pela linguagem verbal (terapia da fala), neste caso a arteterapia que utiliza a criatividade e técnicas expressivas como pintura, desenho, música e expressão corporal, facilita a comunicação trazendo mais segurança e leveza para que a pessoa conte a sua história de forma lúdica e colorida contribuindo para o autoconhecimento”, revela.
Jaqueline Comazzi destaca que 2020 foi um ano de reflexões e aprendizados. “Tivemos perdas significativas em todos os sentidos, individualmente e coletivamente. Isso tem mobilizado as pessoas para uma nova postura de vida, rever valores e necessidades essenciais para viver bem, cuidar do corpo e mente com práticas criativas humanizadas que contribuam para a ampliação de percepções sobre si mesmo, sobre o outro e o mundo. Um convite para a solidariedade e para o bem comum”, salienta.
A psicóloga Ana Lídia Agel, que também possui um consultório no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, destaca a importância de falar sobre saúde mental durante todo o ano. “Infelizmente nossa cultura ainda é resistente no cuidado à saúde mental, quando se procura uma ajuda profissional é porque a situação chegou no extremo da necessidade. De forma preventiva e no início dos sintomas realmente é raro haver a procura, mas é o melhor caminho”, destaca.
Sobre 2020, a psicóloga ressalta que foi
totalmente atípico e afetou muito a saúde emocional da população de forma
global. “Aumentou muito a procura por atendimentos psicológicos e
psiquiátricos, principalmente pela queixa de transtorno de ansiedade e crise de
pânico. Muitos tiveram que se render à medicação para sanar os prejuízos
emocionais decorrentes da crise na saúde e na economia, que afetou muitas
pessoas de forma considerável”, revela Ana Lídia.
Para viver com equilíbrio
Para manter a saúde mental neste novo normal, as profissionais deixam
dicas simples, porém de fundamental importância. Para a arteterapeuta Jaqueline
Comazzi não se pode abrir mão do autocuidado e do autoconhecimento. Veja as
dicas:
1- Identifique crenças limitantes que geram estresse e frustrações;
2- Reconheça suas vulnerabilidades e utilize suas maiores forças e talentos a
seu favor;
3- Pratique o autocuidado com meditação, artes, atividade física e boa
alimentação;
4- Tenha sempre um projeto de vida que contribua para o seu crescimento e
para o mundo;
5- Faça terapia com abordagens criativas e humanizadas.
A psicóloga Ana Lídia também ressalta a prática
regular de atividades físicas, cuidar da alimentação e dá mais algumas dicas:
1 - Se observar melhor;
2 - Banho de sol semanal e suplementos vitamínicos;
3 - Fazer exames regulares;
4 - Inserir técnicas de meditação para regular a respiração;
5 - Procurar um psicólogo para fazer uma avaliação da necessidade de
acompanhamento regular.
Para finalizar, Ana Lídia ressalta a importância
de manter a mente com a expectativa de se melhorar em todas as áreas da vida.
“Uma pessoa que gera planejamentos, que tem expectativas de melhorias terá um
nível de estímulo motivacional que irá dar mais sentido e resiliência à vida.
Busque fazer planejamentos anuais, mensais, semanais e diários para se manter
estimulados a viver!”, salienta a psicóloga.
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