Desde as primeiras confirmações do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil, milhares de empresas precisaram adotar medidas de prevenção, controle e gerenciamento de casos entre seus colaboradores. Para reduzir o risco de contágio, visando a proteção e o cuidado com a saúde de seus funcionários, muitas organizações adotaram algumas práticas de distanciamento, entre elas, o home office.
Embora o sistema de home office tenha ganhado
adeptos nos últimos anos, o mercado não havia planejado essa transformação em
larga escala e repentinamente, em especial por um período tão longo e carregado
de incertezas. Foi preciso, e continua sendo, agir com resiliência,
criatividade e capacidade de adaptação à essa nova realidade.
Uma das primeiras atitudes tomadas para o início do
trabalho remoto envolvia o levantamento de informações em relação à estrutura
física e às necessidades individuais dos colaboradores, a fim de proporcionar
os recursos adequados para o exercício da função direto de sua casa. Na Paraná
Clínicas, emprestamos computadores aos que precisavam, reembolsamos as taxas
proporcionais de energia elétrica e internet e, pensando nos cuidados com a
ergonomia e o conforto, disponibilizamos as cadeiras do escritório, para
aqueles que estão 100% do tempo em casa.
O próximo passo foi construir um manual do home
office, fundamental para orientar os profissionais que nunca lidaram com essa
modalidade de trabalho. Neste manual, orientamos desde a organização do espaço
à importância da manutenção da rotina e cumprimento da jornada habitual – tudo
para reduzir os impactos da mudança brusca e garantir bem-estar e a manutenção
da produtividade dos colaboradores.
Para alguns cargos específicos em que o home office
não é viável, passamos a oferecer Equipamentos de Proteção Individual (EPIs),
como máscaras, protetores faciais e álcool em gel para higienização das mãos.
Criamos também uma escala diferenciada para garantir o distanciamento adequado
entre os colaboradores e reforçamos a limpeza das estações de trabalho. Diante
desse cenário, a área de Marketing foi essencial. Desenhamos de forma conjunta
um plano de comunicação interna que proporcionasse a uniformidade do discurso,
garantindo a entrega das mesmas informações e orientações preventivas para os
colaboradores em home office e para os que continuam se deslocando até a sede
da empresa diariamente.
Depois de todo esse processo de adaptação
organizacional, nos deparamos com outro importante desafio: como lidar com a confirmação
de casos de Covid-19 entre a equipe? Sendo uma operadora focada em prevenção e
promoção de saúde, é lógico que temos um plano de gerenciamento estabelecido e
atualizado de forma constante desde o início da pandemia. Todos os protocolos
de testagem, diagnóstico, afastamento e acompanhamento médico foram desenhados
por um comitê de crise montado há mais de 100 dias e com a função específica de
conduzir demandas relacionadas ao novo coronavírus.
Caso apresente sintomas respiratórios ou febre,
nosso colaborador passa por avaliação médica, realiza a testagem e é afastado
de suas atividades presenciais, com orientações de isolamento social, até que
se tenha acesso ao resultado do teste para a Covid-19. A partir do resultado,
aplicam-se outras recomendações adicionais, principalmente nos casos positivos,
que passam a receber monitoramento da sua evolução clínica.
Todo o processo de gerenciamento dos casos
suspeitos visa direcionar o cuidado adequado aos sintomáticos respiratórios e
preservar a saúde e segurança dos demais colaboradores, ao mesmo tempo em que
se atenta à produtividade das equipes para manutenção da prestação adequada dos
serviços. Essa abordagem abrangente e com processos bem desenhados é
fundamental para o controle da doença no ambiente organizacional.
É necessário acolher, cuidar e oferecer não só
suporte médico, mas também psicológico e profissional. A área de RH carrega a
missão de estar atenta a todos os sentimentos que surgem dentro da empresa em
função das confirmações de casos e de encontrar a melhor maneira de acalmar e
conscientizar as equipes sobre o diagnóstico e a prevenção da Covid -19,
levando informações claras e atualizadas aos colaboradores, para que eles sigam
tranquilos.
Pensando nisso, foi criado um canal de atendimento
psicológico gratuito direcionado ao colaborador, visando amenizar as questões
emocionais causadas pela pandemia. Nesse canal, são realizados atendimentos
pontuais e breves para ajudar nossos funcionários neste momento tão delicado.
É preciso ainda ter empatia e fomentá-la, pois, o
momento também exige muito cuidado com o outro, seus sentimentos e emoções. Se
o processo é conduzido corretamente, conseguimos garantir que, no retorno, o
colaborador recuperado seja acolhido, sem enfrentar distanciamento ou rejeição
dos demais. Combater atitudes de exclusão e preconceito passa a ser um dos
papéis fundamentais do profissional de RH dentro da empresa junto às demais
equipes. Hoje, mais do que nunca, temos a obrigação de estar de portas abertas,
ouvir sem receios nem julgamentos e enxergar as pessoas de forma mais
humanizada.
Aila Lorena Cardial -
psicóloga e especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho com 15 anos
de experiência em gestão de pessoas e clínica psicanalítica. Desde janeiro de
2020, atua como gestora de Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO) da
Paraná Clínicas, operadora de saúde empresarial com sede em Curitiba (PR).
Paraná Clínicas
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