Demanda Pesquisa e
Desenvolvimento de Marketing também entrevistou médicos em um estudo
qualitativo que mostra grande preocupação da pandemia refletir no agravamento
de outras doenças, como o câncer
A Demanda Pesquisa e Desenvolvimento de Marketing
realizou em julho sua terceira edição da pesquisa Coronavírus e seu Impacto no
Brasil. Esse levantamento foi realizado por meio de questionários online, entre
os dias 16 e 21/07, e obteve 1.090 respostas, de todas as regiões do Brasil. O
foco desta terceira onda era abordar o sentimento geral da população em relação
ao momento atual e à retomada das atividades, principalmente olhando para os
setores do Trabalho, Turismo, Saúde e Lazer.
A maior parte das pessoas (65%) acredita que sua
Saúde permanece nas mesmas condições pré-pandemia, enquanto para apenas 19% ela
piorou neste período recente. No entanto, quatro em cada 10 (42%) precisaram de
alguma ajuda média neste período e não foram ao médico por medo de contágio. Os
motivos relacionados a esta necessidade variam muito, desde problemas
dermatológicos (23% dentre os que precisaram e não foram), dores na coluna
(21%), crises de ansiedade ou agravamento de depressão (15%), entre muitos
outros. Para quase metade destas pessoas (44%), o problema que a teriam feito
ir ao médico em condições normais persiste ou está piorando na falta de cuidado
especializado.
A telemedicina, recentemente regulamentadas
no Brasil, não encontram rejeição conceitual neste novo ambiente pós-pandemia.
Apenas 6% dizem que não gostam dessa ideia e não fariam uma consulta assim.
Outros 29% não simpatizam muito com a ideia, mas recorreriam a ela se houvesse
necessidade. Já os demais 55% de entrevistados são simpáticos a essa nova
modalidade de atendimento médico. Apesar disso, a maioria ainda não
experimentou a nova tecnologia – somente 1 em cada 5 entrevistados (22%) já
esteve numa consulta por vídeo.
“Assim como em todos os campos da vida, médicos e
pacientes também se viram na necessidade de trazer a tecnologia para suas
relações. E essa é uma notícia boa. Abre-se um campo muito interessante para
ampliar e diversificar o alcance da medicina por caminhos que até ontem eram
cheios de barreiras, inclusive legais”, opina Gabriela Prado, diretora
executiva da Demanda.
O que dizem os médicos
Além do estudo com a população, em junho a Demanda
também fez um levantamento com médicos, para entender como estão lidando com as
mudanças de rotina e o estresse que a pandemia trouxe para seu trabalho e vida
pessoal. Doze médicos de diferentes especialidades passaram por entrevistas em
profundidade com cerca de 1h cada, e é quase unânime o testemunho de que estão
sobrecarregados e emocionalmente expostos diante de toda a situação vivida.
Entre os principais relatos, destacam-se as
jornadas extensas para estudar e se apropriar de todo conhecimento novo que o
enfrentamento ao vírus requer. “É muito pesado, defino novos protocolos
regularmente. Além de um cuidado intensivo dos pacientes, temos que aprender o
tempo todo, isso esgota os profissionais”, afirma um médico infectologista participante
da pesquisa.
Muitos, ainda, enfrentam problemas estruturais e
condições inadequadas em seus locais de trabalho. Falta apoio aos médicos que
estão lidando com o problema na ponta, e nesse contexto eles ficam
emocionalmente fragilizados, procurando ser o suporte uns dos outros. “A gente
dá o ombro um para o outro para chorar, quem estiver melhor, dá uma palavra de
positividade. Temos amigos com Covid, temos medo de nossas famílias pegarem”,
relata outro participante.
Além dos cuidados consigo mesmos, também afetam os
médicos os problemas de saúde que vão se agravando em seus pacientes, ainda que
sem relação direta com a pandemia. O isolamento e o medo do contágio têm feito
muitas pessoas deixarem de procurar os médicos, e isso pode ocasionar problemas
graves num futuro próximo. Um urologista destaca que “sem vir às consultas,
muitos deixam de diagnosticar um câncer, por exemplo. Vai haver outra epidemia”
Para Gabriela Prado, o momento é de amparar os
profissionais de saúde, tão expostos e ao mesmo tempo imprescindíveis para que
o Brasil supere o difícil momento atual. “Como sociedade, precisamos cuidar dos
médicos e todos os profissionais de saúde, para que eles possam continuar
cuidando de nós. Isso envolve governos, entidades de classe, indústrias parceiras,
sociedade civil, enfim, todos nós”, conclui a executiva.
Pandemia desanima, mas não impede brasileiro de
planejar o futuro
O sentimento geral das pessoas
com o momento da pandemia é de desânimo. Cerca de 3 em cada 4 (73%) se diz
desanimado atualmente. Ao serem perguntados sobre o que mudou para pior ou para
melhor do início da pandemia para cá, metade deles (49%) afirma que a vida
mudou para pior no que diz respeito à vivência social e às oportunidades de
lazer. Outros 37% sentiram piora no estado psicológico, em seu equilíbrio
emocional. Em outro sentido, 41% observaram que melhorou seu engajamento em
ações solidárias e 53% estão se relacionando melhor com suas famílias.
Muitos brasileiros fazem planos para quando a
pandemia acabar e somam 70% os que pretendem viajar assim que possível. Outros
planos muito presentes são rever familiares ou amigos (58% dos entrevistados) e
retomar ou iniciar a prática de algum esporte (42%). Enquanto isso tudo não é
possível, boa parte deles admite ter incorporado ou intensificado alguns maus
hábitos. A ingestão de chocolates ou doces em geral brotou ou cresceu em nada
menos do que 38% do público pesquisado. E o hábito de beber álcool agravou-se
ou incorporou-se à rotina de 20% dos internautas brasileiros participantes da
pesquisa.
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