Pesquisa revela
que tristeza não está entre os principais sintomas da doença nessa parte da
população
Atualmente, a depressão é considerada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) o quinto maior problema de saúde do mundo e
deve se tornar a doença mais comum do mundo nos próximos 20 anos, além de ser
considerada a principal causa de incapacitação mundial. Pensando nisso,
Isabela Gil, estudante do 12º período do curso de Medicina da Universidade
Positivo, resolveu fazer um estudo sobre o estado de saúde mental de estudantes
de Medicina, uma vez que há uma estimativa de que mais da metade dos alunos que
ingressam no ensino universitário enfrentam dificuldades neste período - e esse
pode ser o motivo pelo qual há um aumento nos níveis de psicopatologias nessa
parcela da população.
O estudo, que utilizou o Inventário de Depressão de
Beck para entrevistar cem estudantes do primeiro ano de Medicina, observou
diferentes níveis de depressão, concluindo que 19% deles apresentaram depressão
leve, 5% revelaram depressão moderada e 2% sinalizaram depressão grave. Entre
os sintomas depressivos, foi encontrada incidência de 43% de sentimento de
fracasso e de culpa, 72% com auto acusação e fatigabilidade, 52% com insônia, e
51% com irritabilidade e mudança da imagem corporal. E, contradizendo o rótulo
de quadro depressivo popular, 76% deles não apresentam sinais de
tristeza.
Para o orientador pedagógico do Curso Positivo, Ivo
Carraro, são inúmeros os fatores que levam os estudantes ao quadro depressivo.
“A primeira questão a ser considerada é verificar se seria realmente o curso de
Medicina que o estudante tinha como profissão idealizada ou se ele começou por
status, influência familiar, influência social, etc. Porque ele pode chegar lá
e ver que não é aquilo que esperava”, explica. Além disso, o orientador lembra
que a exigência intelectual em um ambiente de universidade é bem diferente do
que a que o estudante está acostumado no Ensino Médio e é necessária preparação
para a mudança de rotina. “O aluno está diante de um grande obstáculo, e ele
não está preparado psiquicamente para dar conta de uma realidade nova na vida
dele. Porque quando ele vai para o Ensino Superior é outra realidade, ele
precisa ser mais responsável e mais autônomo, por isso é necessária uma
preparação prévia”, explica.
Para preparar o estudante para a vida acadêmica,
Carraro expõe que é preciso mostrar que a vida é um desafio atrás do outro e
que eles podem ser vencidos. “Bons pais, boas mães, bons professores são
aqueles que mostram aos estudantes que eles têm que vencer desafios e precisam
acreditar que o mundo é deles e eles podem construir o mundo para eles. Um
mundo que vai exigir muita persistência e vai exigir muito deles, mas um mundo
criado no presente, sem medo do futuro”, orienta.
Como auxiliar os estudantes na graduação
Segundo a professora de Psiquiatria da Universidade
Positivo, Raquel Heep, a universidade também deve se preparar para oferecer
todo o suporte que o aluno precisa nessa nova etapa da vida. “Temos feito um
trabalho interdisciplinar com a Psicologia, que tem trazido muito crescimento,
disponibilizando atendimento de terapia individual, além de termos o Núcleo de
Atenção à Crise que, junto com o Serviço de Informação e Apoio ao Estudante,
identifica situações de emergência e oferece psicoterapia, conversa com
família, e monitora os alunos com sofrimento”, expõe.
Além disso, a especialista indica que a
participação dos professores é fundamental, uma vez que eles têm um
relacionamento mais próximo dos alunos. “Temos feito uma sensibilização junto
aos professores, porque muitas vezes algum aluno é muito próximo de algum
professor e ele vai se sentir confortável para se abrir com ele. Então, esse
professor nos leva o problema - claro que isso dentro de uma ética,
dentro de um sigilo, para que a gente ofereça caminhos de tratamento,
alternativas - para que esse aluno possa ser adequadamente tratado”, conta a
psiquiatra.
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