Dados mais recentes serão divulgados
após término das coletas e avaliações das informações de uma pesquisa realizada
pelo Ministério da Saúde neste ano com crianças menores de 5 anos de idade. A
pesquisa de campo está sendo coordenada pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e foi encomendada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Também
participam a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade
Federal Fluminense (UFF) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Estudos estimam que 95% dos casos de
excesso de peso em crianças estariam relacionados à má alimentação, os outros
5% seriam resultado de fatores orgânicos. Em função de sua crescente influência
e autonomia na escolha dos produtos adquiridos pela família, as crianças estão
assumindo um papel cada vez mais importante nas decisões de consumo, o que as
tornam um segmento de mercado cada vez mais visado nas estratégias de marketing
das empresas de produtos manufaturados.
Estudos revelam ainda que as crianças
brasileiras influenciam cerca de 80% das decisões de compra da família. As
categorias de produtos mais suscetíveis à influência infantil são os produtos
alimentícios industrializados. Destes, estão no topo da influência a compra de
biscoitos e bolachas (87%), refrigerantes (75%), salgadinhos (70%), seguidos de
achocolatados, balas, chocolates, iogurtes, macarrão instantâneo, cereais e
sorvetes.
Os alimentos industrializados induzem
ao consumo excessivo de calorias, pois apresentam alta densidade energética,
alta palatabilidade, baixo custo, fácil acesso e alto marketing. Aliás, os
índices de crianças com sobrepeso acompanham o crescimento do volume investido
no marketing infanto-juvenil pela indústria alimentícia.
A alta ingestão de energia desencadeia
o desenvolvimento da obesidade e, eleva o risco de diversas outras doenças,
como as cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. A análise dos
ingredientes de alguns produtos mostra a presença de conservantes e
edulcorantes (adoçantes) em sucos industrializados e gelatinas, que não é
indicado para crianças que não apresentam diabetes.
Analisando os rótulos, é possível
perceber que o sódio está presente em quantidades excessivas nas porções de
bolos e sucos industrializados, achocolatados, cereais matinais, empanados,
salgadinhos, macarrão instantâneo e fast foods. Com relação ao biscoito
recheado, se nos basearmos na rotulagem nutricional obrigatória recomendada
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para crianças de sete a
dez anos, a ingestão de todo o pacote fornece 96% da quantidade recomendada
diária para sódio.
Nota-se ainda alta densidade energética
nas porções de bolos, biscoitos industrializados, cereais matinais, frangos
empanados, salgadinhos, macarrões instantâneos, fast foods, normalmente
consumidos em quantidades superiores às porções apresentadas em suas tabelas de
informações nutricionais. A densidade energética é definida como a caloria
disponível por unidade de peso.
A rotulagem nutricional dos alimentos
permite o acesso às informações nutricionais e aos parâmetros indicativos de
qualidade e segurança do consumo. Apesar da legislação brasileira de rotulagem
de alimentos ser abrangente, há necessidade de maior fiscalização para
cumprimento das normas estabelecidas. Outro ponto a ser discutido é a adequação
da informação nutricional presente nos rótulos à idade do público-alvo ao qual
o alimento se destina.
Flávia da Silva Santos - professora do
curso de Nutrição da Anhanguera de Niterói
Nenhum comentário:
Postar um comentário