Arritmia cardíaca
mais comum do mundo1 pode aumentar em cinco vezes o risco de AVC2,
complicação grave com sequelas incapacitantes
A fibrilação atrial é uma arritmia cardíaca que
atinge até 2 milhões de brasileiros3 e pode aumentar em cinco vezes
o risco de acidente vascular cerebral (AVC)de tipo isquêmico2,
popularmente conhecido como derrame. Além disso, o AVC causado pela fibrilação
atrial é um dos mais graves e pode provocar mais incapacitação e morte do que
outros tipos de AVC3.
A incidência de fibrilação atrial (FA) nos Estados
Unidos vai aumentar 2,5 vezes em 50 anos, segundo publicação recente, de
dezembro de 2018. O aumento do custo estimado de US$ 13,9 bilhões de dólares
anuais em 2010 para aproximadamente US$ 30 bilhões de dólares anuais em 20504.
Somado a isso, várias publicações evidenciam que a FA se correlaciona com
aumento dos custos hospitalares, elevadas taxas de atendimento de emergência,
aumento de ausência do ambiente de trabalho e redução de produtividade, entre
outros fatores debilitantes mais associados à FA do que a qualquer outra
arritmia cardíaca5.
O artigo "Os Custos das Doenças Cardíacas no
Brasil"6, publicado em 2018 nos Arquivos Brasileiros de
Cardiologia, avaliou o custo de quatro importantes doenças cardíacas no Brasil:
hipertensão, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio e fibrilação atrial.
A pesquisa conduzida por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP apontou
o infarto do miocárdio com o maior custo financeiro (R$ 22,4 bilhões/6,9
bilhões de dólares), seguido de insuficiência cardíaca (R$ 22,1 bilhões/6,8
bilhões de dólares), hipertensão (R$ 8 bilhões/2,5 bilhões de dólares) e
fibrilação atrial (R$ 3,9 bilhões/1,2 bilhão de dólares).
Em todo o mundo, o fardo das doenças
cardiovasculares e seus fatores de risco é um problema crescente de saúde
pública. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, as doenças não
transmissíveis, como doenças do coração, causarão uma perda global de US$ 47
trilhões nas próximas duas décadas, sendo a doença cardiovascular a maior
contribuinte para estes valores7.
Números da FA em ascensão
Arritmias cardíacas são relativamente frequentes,
podendo se manifestar de várias maneiras, com causas e consequências
diferentes. Dentre elas, a mais comum é a fibrilação atrial1. De
acordo com a American Heart Association, pelo menos 2,7 milhões de americanos
convivem com FA. Cerca de 15% a 20% das pessoas que sofrem AVC têm FA8.
Já no Brasil, estima-se que 13% da população com 80 anos ou mais apresenta este
tipo de arritmia. A presença de FA está relacionada a uma mortalidade de 24% e
uma em cada quatro pessoas com mais de 40 anos está sujeita a desenvolver a
doença9.
De acordo com pesquisa do Ibope Conecta, 63% dos brasileiros
nunca ouviram falar em fibrilação atrial, enquanto 99% já ouviram falar em
trombose1. Embora possa ocasionar palpitações, dores no peito,
tontura e falta de ar, muitas vezes a FA passa despercebida por não apresentar
sintomas10. Metade dos pacientes sequer sabe que tem a doença11.
A prevalência é maior em indivíduos de 75 a 80 anos, diabéticos, hipertensos,
obesos, sedentários, portadores de apneia do sono e pessoas com histórico
familiar12.
Em agosto de 2018, o Brasil, juntamente com 11
países da América Latina, assinou a Carta de Gramado durante o XXI Congresso
Iberoamericano de Doenças Cerebrovasculares. A cooperação foi firmada por
Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México,
Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. O compromisso engloba desde a conscientização
da população sobre essas doenças até estratégias de detecção de fatores de
risco tratáveis como hipertensão, fibrilação atrial, diabetes e dislipidemias13.
Opções de tratamento
O cardiologista Pedro Schwartzmann explica que
parte do tratamento da fibrilação atrial tem como objetivo restaurar a
frequência e o ritmo cardíaco do paciente. Outra parte importante, segundo o
especialista, é o uso de medicamentos anticoagulantes, aqueles que se diz
popularmente que "afinam" o sangue, para evitar complicações como o
AVC.
Existem tratamentos modernos disponíveis como uma
nova classe de anticoagulantes orais, da qual faz parte a dabigatrana, indicada
para a prevenção de AVC isquêmico e embolia sistêmica em pacientes com fibrilação
atrial. O medicamento tem dose fixa e é o único que conta um agente reversor
específico, o idarucizumabe, que age revertendo o efeito do anticoagulante do
medicamento em poucos minutos. O seu efeito é momentâneo, e é indicado para
pacientes que apresentam sangramentos incontroláveis ou passarão por cirurgias
de emergência, que são situações em que há necessidade do restabelecimento do
processo normal de coagulação do sangue.
Referências
1. Pesquisa "A percepção dos brasileiros sobre
doenças cardiovasculares", Ibope Conecta em parceria com a Boehringer
Ingelheim.
2. Zimerman LI, Fenelon G, Martinelli Filho M,
Grupi C, Atié J, Lorga Filho A, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Diretrizes brasileiras de fibrilação atrial. Arq Bras Cardiol. 2009;92(6 supl
1):1-39 http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2009/diretriz_fa_92supl01.pdf
3. Pollack C. V. et al. Idarucizumab for dabigatran
reversal. NEJM. 2015 June 22 (Epub ahead of print). Available at http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1502000
4. Bimal R. Shah, Eva Scholtus, Catherine Rolland,
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7. Pessoas com doenças cardíacas não se exercitam o
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8. Fibrilação atrial não valvular obtenha os fatos.
Disponível em http://ptmedbook.com/fibrilacao-atrial-nao-valvular-obtenha-os-fatos/. Último acesso em 30 de julho de 2018.
9. Fibrilação atrial: coração fora do compasso.
Disponível em http://saude.abril.com.br/medicina/fibrilacao-atrial-coracao-fora-do-compasso/. Último acesso em 28 de novembro de 2018.
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