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sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Cuidado com os 'super sarados'


Com o verão, muitas pessoas começam a buscar o corpo perfeito para exibir nas praias nos dias quentes. Além dos cuidados básicos com a exposição solar e todos os riscos que podem ocasionar à pele, é preciso tomar cuidado com os 'super sarados', aquelas pessoas que exageram com as dietas radicais, a fim de obter o corpo perfeito a qualquer custo e em tão pouco tempo.

A preocupação exagerada com a estética induz as pessoas a seguirem aquilo que podemos chamar de alimentação científica: em que o paladar não é um guia autêntico para o que se deve comer; que não se deve comer simplesmente o que se gosta; que os componentes importantes dos alimentos não podem ser vistos nem saboreados, mas são discerníveis apenas em laboratórios; e que a ciência experimental produziu regras de nutrição que evitarão doenças e encorajarão a longevidade. Alguns exemplos desses hábitos são: restringir alimentos se amparando na moda; confiar na promessa do "suco detox"; crer na necessidade de refeição imediatamente após o treino; e adotar jejum intermitente.

Fazer dieta sem glúten e sem lactose atualmente é uma nova entidade que inclui indivíduos que relatam sintomas quando expostos ao glúten e se beneficiam de dieta sem glúten, porém não possuem doença celíaca. Essa sensibilidade não celíaca ao glúten é um conceito ainda controverso, com falta de consenso em relação aos critérios diagnósticos, e por isso tem gerado muitos diagnósticos falso-positivos, condição ajudada pela complexidade da dieta que geralmente é sobreposta com outros constituintes baseados em glúten, que também podem desencadear sintomas clínicos similares.

Algumas pessoas evitam companhias e eventos sociais para serem fiéis à posturas alimentares restritas. Seja qual for sua eficácia biológica, todos esses exercícios alimentares citados acabam excluindo a alimentação da vida social e o prazer do ato de comer. Apesar dessas abdicações se revestirem de uma proposta comportamental inovadora, voltada para o futuro e potencialmente longeva, tornar as opções alimentares mais científicas é esvaziá-las de seu conteúdo étnico e de sua história. Lembremos que a maneira de comer é um dos meios mais poderosos que um povo tem de expressar e preservar sua identidade cultural. E o conceito moderno de saúde a coloca como dependente de fatores mistos, como os comportamentos individuais que dependem de nós mesmos, mas que também são amplamente influenciados e modelados por normas sociais, pelas comunicações (mídias) e pelas culturas.

Hoje a fonte de mídia mais prevalente é a internet, quase onipresente, que traz consigo um fornecimento aparentemente infinito de dados verbais e visuais focados na imagem. Nela, as redes sociais são diferentes dos meios de comunicação tradicionais, uma vez que uma grande proporção do conteúdo é autogerada. Os usuários são simultaneamente criadores de informações e consumidores, influenciadores e seguidores. Dado que o comportamento alimentar situacional pode ser modificado ou constrangido de acordo com a impressão a qual alguém está motivado a transmitir, a internalização de estereótipos específicos de consumo e estilo de vida também pode perpetuar (em público ou não) padrões de ingestão restrita de alimentos ou outros hábitos alimentares pouco saudáveis.

Para se alcançar o equilíbrio na boa alimentação é preciso mudar o comportamento frente aos hábitos alimentares. Coma uma variedade maior de alimentos. Fuja dos produtos alimentícios industrializados. Não coma irrefletidamente, às pressas, por compulsão. Coma por decisão. Cozinhe e, se puder, plante alguns itens do seu cardápio. Dê preferência à qualidade sobre a quantidade, à experiência do alimento em face das meras calorias.




Vítor Fernandes Bersot - coordenador do curso de Nutrição da Faculdade Pitágoras de Guarapari.

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