Medições
específicas viabilizam a gestão da microgeração de energia elétrica e facilitam
a pulverização da geração de energia limpa
O mercado de energia elétrica tem sofrido uma grande
evolução nos últimos tempos. A maior utilização de sistemas de tecnologia da
informação, em conjunto com as redes de transmissão e distribuição de energia,
tem o objetivo de elevar substancialmente a automação e a eficiência
operacional. Esse é o principal racional por trás do termo smart grid.
No âmbito da TI, os sistemas atualmente utilizados e
dominados pelo mercado de telecomunicações têm se demonstrado com alta
correlação e sinergia com a demanda das redes elétricas inteligentes. Como
exemplificação de algumas funções amplamente utilizadas no mercado de telecom e
que possuem paralelo ao smart grid, podemos citar a medição e análises de KPI’s
(indicadores de performance) individuais de cada consumidor e em tempo real.
Tais indicadores não se restringem à sua unidade consumidora como um todo, mas
podem ser refinados com medições de dispositivos individuais de clientes, sejam
varejo ou indústria.
No caso de grandes consumidores, são incluídas medições
específicas e relevantes (ex: balanceamento de carga/fases, energia reativa
etc). Tais medições, além de dar real visibilidade às companhias de energia e
aos próprios consumidores, viabiliza ainda a gestão de microgeração de energia
elétrica, facilitando a pulverização da geração de energia limpa.
O aprovisionamento do serviço nos clientes e sua gestão
própria (ex: facilmente o cliente pode solicitar ativação de uma unidade
consumidora temporária, como uma casa de praia ou de férias), é também uma
possibilidade dessa convergência. Além disso, a companhia de distribuição pode
criar modelos de negócios avançados, como "energia pré paga" –
novamente outro recurso de grande domínio pelo segmento de telecomunicações.
Outra possibilidade são os cortes de energia de maneira remota, reduzindo os
elevados custos de equipes de campo. Não restritos a questões comerciais, como
falta de pagamento, mas em casos de emergências, como incêndios, desastres e
outros.
Mais uma funcionalidade convergente é a modulação do valor
da tarifa dependendo da hora do dia e dia da semana, beneficiando clientes que
consumam em horários de menor demanda e, assim, otimizando as redes. Viabiliza
a concessão de bônus e promoções individualizadas para unidades que consumam de
forma mais consciente e eficiente do ponto de vista da rede.
A eficiência operacional também pode ser atingida pela
análise e incentivos ao consumidor para “planificar” o gráfico de consumo,
trazendo mais consumo dos horários de pico para horários de baixa demanda. Isso
só é possível com o entendimento refinado do comportamento de cada cliente, de
forma individualizada.
Funções de analytics para, entre outros, apoiar no
marketing, educação do consumo e eficiência operacional, apresentando ao
cliente seu consumo instantâneo, comparativos entre vizinhos, informação a
respeito de consumos elevados de dispositivos eletroeletrônicos (ex:
identificação de geladeiras antigas com alto consumo comparado com modelos
recentes e ganhos alcançados), entre outros. Além de entender de forma mais
granular cada cliente e incentivá-lo de formas mais assertivas ao pagamento de
faturas atrasadas - ao invés de suspender o serviço.
Novas oportunidades de negócios
A imensa capilaridade das distribuidoras de energia e o
acesso a informações muito valiosas das unidades consumidoras, permitem agregar
maior variedade de produtos e serviços ao cliente, não apenas a energia em si,
incluindo o cross selling. Mais recentemente, com a popularização e
barateamento de dispositivos IoT, utilizando, ou rede própria das
concessionárias ou outras como LORA/5G, trazem maior necessidade de gestão, mas
também muito mais possibilidades de novos negócios.
A eficiência operacional também é alcançada com a
proliferação do uso de tais dispositivos, automatizando chaveamentos de rede,
isolamento de circuitos, monitoramento e diagnósticos, todos de forma remota e
o mais automatizado possível.
A identificação, em tempo real, de problemas e elevar o
percentual de soluções remotas faz com que o OPEX com técnicos em campo seja
reduzido substancialmente, além do incremento na satisfação dos consumidores e
redução de perdas devido a interrupções do serviço.
Outro ponto importante é a maximização da identificação de
fraudes mais rapidamente e com atuações direcionadas – uma problemática elevada
no setor de telecomunicações, mas com tecnologias muito difundidas –
possibilita a redução de custos.
Assim, com tais
exemplos, podemos ver que sistemas que suportam fortemente o setor de
telecomunicações podem apoiar muito bem o desenvolvimento de smart grids,
beneficiando toda a cadeia de valor, desde a geração, transmissão e
distribuição de energia, além, claro, do consumidor final com redução de custos
e ampliação e serviços agregados.
Sérgio Penna - gerente de pré-vendas e projetos especiais
da Open Labs.
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