Atletas
recreacionais e de alta performance podem ter problemas no quadril. Confira
quais os sintomas e doenças mais comuns:
Um homem praticante de jiu-jitsu começa com dor
na região lateral do quadril após preparação para o campeonato mundial em Las
Vegas. Uma mulher de 39 anos apresenta dor na virilha, de forte
intensidade, durante a preparação para a Maratona de Curitiba. Um tenista de
final de semana não consegue mais sacar porque tem dor ao rodar o quadril. O
que esses atletas podem ter em comum?
As três breves histórias relatadas acima são
casos reais de pessoas que apresentaram dores de origem no quadril durante a
prática esportiva. No consultório médico, são cada vez mais frequentes os
atendimentos aos esportistas com dores no quadril. Sejam atletas de final de
semana ou atletas de competição, todos estão vulneráveis a apresentar algum
tipo de dor no quadril.
O quadril é uma articulação de carga, que é
submetido a forças que podem chegar de 3 a 5 vezes o peso corpo durante a
prática de atividade física. As disfunções musculares decorrentes de fraqueza
ou encurtamento são uma causa muito comum de dores que limitam a atividade
física. No caso apresentado do paciente praticante de jiu-jitsu, a investigação
apontou para uma doença dos tendões da região lateral do quadril, os chamados
“glúteo médio” e “glúteo mínimo”. Conversando com o paciente, descobrimos que
os treinamentos estavam focados na técnica da luta, porém havia uma deficiência
na preparação física, que é fundamental para prevenção de lesões. Essa
deficiência pode ser tratada com a adaptação das atividades físicas e inclusão
do atleta em um programa de preparação física com ênfase em fortalecimento e
alongamento dos músculos ao redor do quadril.
Por outro lado, atletas que apresentam dores na
virilha merecem uma investigação muito minuciosa, porque a dor nesta região
pode significar lesões mais graves relacionadas ao osso do quadril ou à
cartilagem. Atletas corredores de longas distâncias, como a atleta citada no
primeiro parágrafo, podem sofrer o que chamamos de fratura por estresse. Na
articulação do quadril, o colo do fêmur pode apresentar lesão por estresse devido
a dois fatores: sobrecarga de treinos ou qualidade ósseo insuficiente (devido a
osteoporose por exemplo). Independentemente da causa, a fratura por estresse do
colo femoral é uma condição grave, que nos obriga a retirar o atleta
temporariamente das suas atividades e que dependendo da região do fêmur
acometida, pode necessitar de tratamento cirúrgico. Corredores de longas
distâncias devem procurar auxílio médico já nos primeiros sintomas de dores na
virilha.
Por fim, nosso atleta que joga tênis e não consegue
mais sacar. A investigação clínica apontou para uma lesão de cartilagem do
quadril: o lábio acetabular. Esta lesão foi a que retirou Gustavo Kuerten das
quadras e realmente pode causar bastante limitação ao tenista. A dor típica é
na região da virilha, e que piora com os movimentos de rotação dos quadris.
Qualquer lesão desta cartilagem deve ser investigada quanto à sua causa, já que
na maioria das vezes há alguma alteração na anatomia do osso, que leva à rotura
do lábio acetabular. Quanto mais cedo essa condição for tratada, melhor é o
prognóstico. Nos últimos anos a forma de tratamento desta lesão evoluiu muito.
Um estudo da Steadman Hawkins Research Foundation em Vail, nos Estados Unidos,
apontou que quase a totalidade dos atletas (93% deles) retornaram ao mesmo
nível de competição após o tratamento desta lesão. O que sabemos é que quanto
mais precoce tratarmos esta lesão, maior é a chance de obtermos bons resultados
Como vimos, a articulação do quadril está
suscetível a diversas causas de dores durante a prática do exercício físico. As
duas principais mensagens aos leitores são: 1) realizar uma boa preparação
física para prevenção de lesões e; 2) procurar um médico especialista já nos
primeiros sintomas para que ocorra melhor resultado no tratamento.
Dr. Christiano Saliba Uliana
- médico ortopedista do Hospital VITA, especialista em quadril e trauma
ortopédico.
Hospital VITA
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