O escritor e
palestrante, Roberto Shinyashiki, destaca como a espiritualidade oriental e o
encontro com três gurus indianos transformaram profundamente sua vida e seu
trabalho
Em um vídeo disponibilizado em seu canal no
Youtube, o psiquiatra, palestrante e escritor de best-sellers no segmento de
autoajuda, Roberto Shinyashiki, afirma que viver de maneira bem-sucedida não é
colecionar números na conta bancária, tampouco acumular bens na declaração do
Imposto de Renda. Para ele, viver de maneira bem-sucedida é realizar aquilo que
prometemos a Deus que iríamos fazer. “O grande barato da vida é sempre estar ao
lado de Deus”, entusiasma-se Shinyashiki. Neste pequeno trecho, torna-se evidente
a importância dada pelo palestrante à espiritualidade.
Na biografia sobre Shinyashiki, “O Mentor – A
Jornada Inspiradora de Roberto Shinyashiki, Um Homem Movido por Transformar a
Vida das Pessoas”, o autor, jornalista e professor da Universidade de São Paulo
(USP), Edvaldo Pereira Lima, relata o momento em que o escritor de best-sellers
se inclinou mais fortemente à questão espiritual. Esta mudança está relacionada
ao movimento de Contracultura surgido nos EUA na década de 1960 e que durou até
a década de 1970, em que pessoas, principalmente jovens, começaram a contestar
os valores culturais e sociais vigentes.
Um dos pontos levantados por esses jovens era de
que a sociedade da época se calcava muito em bases materialistas e de que a
vida humana não poderia se restringir a isso. Neste sentido, a ênfase do
movimento de Contracultura na espiritualidade, entendida não como religião
apenas, mas como conhecimento mais profundo de si e da natureza, da existência
humana e do destino do homem na Terra.
Segundo Edvaldo, a procura por essa espiritualidade
não seria realizada traçando o caminho das religiões ocidentais – católica e
protestante –, mas sim das orientais. Por isso, muitas pessoas se voltaram à
Índia naquele momento, assim como Shinyashiki. Nas viagens ao país, em busca de
integrar o profano e o sagrado dentro de si, o escritor encontrou três grandes
mestres, que o remeteram ao reino da espiritualidade. “Mostraram-lhe com
clareza, contudo, que o caminho do espírito é viver o cotidiano do mundo, não
mais o distanciamento monástico longe dos afazeres da realidade mundana. É
sacralizar a Terra, no aqui e agora. Na medida e no alcance de cada um.”,
destaca Edvaldo.
Osho, por exemplo, é o mestre da desconstrução das
defesas do ego que a pessoa monta para se esconder de si própria. Shinyashiki
conta em sua biografia uma história que diz muito sobre o pensamento do guru
indiano, líder do movimento Rajneesh. “Certa vez, um garoto escreveu ao
mestre indiano. ‘Tenho 22 anos, mas resolvi me iluminar. Abandonei a
universidade, abandonei o trabalho e estou aqui’. E Osho respondeu: ‘Você não
abandonou nada, na verdade você é um preguiçoso. Você é uma pessoa que não teve
coragem de enfrentar os desafios da vida. Não quero ser mestre de alguém que
está fugindo da vida. Então volte, construa sua carreira. Viva nesse mundo que
a humanidade construiu e nesse mundo você vai se iluminar’”, descreve.
Da coordenadora mundial do movimento espiritualista
Bhrama Kumaris, Dadi Janki, o escritor diz ter aprendido que é “um ser da paz.
Conforme Shinyashiki, o pensamento corrente é de que “somos um corpo que tem
uma alma”, mas Dadi ensina ao contrário, que “somos uma alma que tem um corpo”,
dando, assim, prevalência da alma sobre o corpo. “Se você se identifica muito
com as urgências do corpo, o corpo quer as coisas na hora, quer isso, quer
aquilo, pode ter um inimigo na sua frente, magoando você, querendo se vingar.
Mas se você se lembra permanentemente: ‘Eu sou uma alma e essa alma tem um
corpo’, você se desapega, a vida começa a fluir com serenidade, alegria e
leveza.”, afirma o palestrante.
Já com o mestre Vedanta, Ramesh Balsekar, o
escritor deu formas mais maduras ao seu pensamento. Shinyashiki sempre se
considerou um mestre em inspirar os outros à superação de obstáculos e
realização de objetivos, mas Ramesh é de uma linha que afirma não existir a
vontade pessoal. Seguir os ensinamentos daquele homem, então, era
contradizer-se, para Shinyashiki.
Após um diálogo com o mestre, no entanto, o
escritor chegou à conclusão de que acreditar na sorte não exclui a crença de
que podemos traçar nosso destino. Aliás, é uma forma de buscar o contentamento.
“Se você lutar com a determinação de um leão, mas, na hora da angústia e do
desespero, se colocar no topo de uma montanha e vir a cena lá de cima, com
desapego, vai perceber que pode ter paz e viver a vida com plenitude. Na
alegria e na dor”, diz.
Shinyashiki é católico, tem uma Bíblia na cabeceira
e adora ler o Novo Testamento, mas a sua relação com a espiritualidade
ocidental não passa pela Igreja Católica. “Eu sou um católico que procuro me
lembrar sempre que minha conexão é com o Cristo interno. Em momentos de
angústia, digo: ‘Me oriente, diga o que é para eu fazer, me pegue no colo’”,
declara o escritor.
Munido de um conceito de espiritualidade, que bebe
muito mais na cultura oriental do que na cultura ocidental, Shinyashiki busca
difundir seus ensinamentos motivacionais para o ambiente corporativo, em
palestras para executivos e funcionários de empresas. Conforme Edvaldo, o palestrante
e escritor de livros no segmento de autodesenvolvimento pessoal instrui que ser
espiritualizado é entender a função da própria vida, ter respeito pela natureza
e pelo ser humano, por si próprio.
Para o autor da biografia, o diferencial de Shinyashiki,
neste segmento, é mostrar para quem contrata suas palestras motivacionais com o
objetivo de tornar funcionários mais confiantes e assim aumentar a produção,
por exemplo, que estes trabalhadores devem ser vistos de uma maneira global,
não apenas como partes de uma engrenagem, mas também e principalmente como
seres humanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário