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segunda-feira, 22 de maio de 2017

Frutas: tome cuidado!



Convido o leitor a fazer um experimento, passe a língua na superfície dos dentes naturais e perceba a textura lisa que eles possuem. Repita após ter comido uma fruta ou tomado um copo de suco de limão ou laranja. Conseguiu perceber a diferença? Antes liso e depois “áspero”?
Muitos de nós temos o hábito diário de consumir alimentos ácidos e em grande quantidade. Refrigerantes durante as refeições, café em reuniões ou intervalos, o tempero da salada com vinagre e limão e até as inocentes frutas.

Ser saudável está se tornando prioridade na vida de muitos e isso tem elevado o consumo de frutas em geral que, em longo prazo, pode gerar desgastes incrivelmente agressivos em regiões específicas dos dentes que ficam expostas em razão de diversos problemas. Esse desgaste é chamado de erosão ácida.

Muitas vezes não percebemos quão ácidas algumas frutas são, por exemplo, a maçã e a uva podem ter acidez semelhante à laranja, ou mesmo a banana, que tem acidez equivalente a do tomate, que também é fruta.

Mas qual o mal dessas agressões? Basicamente, o dente é composto por quatro estruturas: o esmalte, camada externa que fica exposta na boca; a dentina, camada abaixo do esmalte; o cemento, camada que reveste a raiz; e polpa, composto por nervos e vasos sanguíneos que dão a sensibilidade aos dentes. O consumo de alimentos ácidos faz com que as regiões de cemento e dentina expostas, se desmineralizem microscopicamente e, após anos de agressão, gera cavidades. Os desgastes são nítidos e em quadros avançados há a exposição e contaminação da polpa, necessitando de tratamento de canal.

Para saber se possui problemas com erosão ácida, a primeira forma é realizar o autoexame da boca, procurando por regiões amareladas nas pontas dos dentes e buracos em regiões próximas à gengiva. O sintoma mais comum desse tipo de agressão é a sensibilidade ao consumir alimentos e líquidos gelados ou até mesmo ao puxar o ar pela boca. O grau de intensidade da sensibilidade pode variar de acordo com o nível de desgaste, proximidade com a polpa dentária e características pessoais. Em seguida, é importante passar por avaliação odontológica para diagnosticar e tratar as causas das exposições de raiz e dentina, como bruxismo, escovação agressiva, periodontite, movimentação por aparelho dentário, perda de dentes ou instabilidade de mordida e, assim, definir um plano de tratamento.  O acompanhamento com controle da alimentação, higienização adequada, uso de cremes dentais específicos, restaurações e até recobrimento cirúrgico gengival, são recursos utilizados a fim de impedir o contato dos ácidos com essas regiões agredidas e diminuir os sintomas.

Algumas medidas podem diminuir a evolução do problema como consumir menos alimentos ácidos e com menos frequência (no caso das frutas); evitar vinagre e limão nas saladas; utilizar canudos para bebidas como refrigerantes e sucos; fazer bochecho com água logo após o consumo de ácidos e aguardar no mínimo uma hora para a escovação - escovar os dentes logo após alimentação remove o restante de cristais que não foram removidos pelos ácidos. A saliva possui uma função essencial na neutralização da acidez oral, chamado de efeito tampão, assim recuperando parcialmente os minerais dos dentes em cerca de uma hora.

Algumas doenças, chamadas de fatores intrínsecos, também podem causar erosão ácida, como refluxo gastroesofágico, gastrite crônica e transtornos alimentares, como a bulimia, podendo, também, desenvolver sensibilidades.

É importante salientar que as frutas possuem valores e propriedades nutricionais essenciais para nossa saúde, porém, o que vale é o equilíbrio no consumo, sem exageros e sem esquecer de que nada substitui a higienização com escova e fio dental.





Doutor Gregório T. P. Sagara - Consultor Científico da SIN Implantes, graduado em Odontologia pela FOP-UNICAMP, residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pelo Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos.



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