É claro que a recomendação da Academia Americana
de Pediatria sobre o tempo de tela para crianças menores de 2 anos não
tem sido seguida. Aproximadamente 40% das crianças já estão assistindo TV aos 3
meses de idade e cerca de 90% estão assistindo TV aos 24 meses. A idade mediana
de início da visualização é de 9 meses
Não
dá para fugir da tentação de interagir com telas em torno da casa. Elas estão
em toda parte; nas cozinhas, nas salas de estar, nas salas de televisão e até
mesmo em nossos banheiros e camas. Com a conveniência de programas de streaming
como Netflix e You Tube e a portabilidade e acessibilidade de iPads,
smartphones e smart TVs, estamos constantemente inundados com imagens, sons e
uma série de distrações multimídia.
E
as crianças? Podem se tornar vítimas dessa multiplicidade de telas? “A criança
americana média assiste mais de quatro horas de TV por dia, apesar de uma
recomendação da Academia Americana de Pediatria (AAP) para que crianças com 2
anos de idade ou mais não assistam mais do que uma ou duas horas por dia. E
para as crianças menores de dois anos? A AAP, juntamente com a Sociedade Canadense de Pediatria, recomenda que não assistam TV”, afirma o
pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Mais fácil dizer do que fazer, certo?
Para
os pais, o tempo de tela é muitas vezes uma distração bem-vinda, permitindo que
eles façam coisas que seriam incapazes de fazer com crianças pequenas. A tela
do celular é, às vezes, uma pausa necessária! Muitos pais admitem a utilização
da TV ou de um iPad como uma "babá temporária" ao fazer o jantar, a
limpeza ou enquanto respondem e-mails.
“A
AAP destaca que as crianças menores de dois anos não obtêm nenhum benefício
intelectual ao assistir à TV e que assistir demais pode realmente atrasar o
desenvolvimento da linguagem e causar problemas relacionados à atenção. Uma
equipe de pesquisadores da Universidade de
Washington descobriu
que, a cada hora, por dia, que passavam assistindo DVDs e vídeos, as crianças
aprendiam menos palavras novas (entre seis a oito palavras) do que as que nunca
assistiam aos vídeos”, destaca o pediatra, que é membro do Departamento de
Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São
Paulo.
Um
artigo publicado no Scientific American abriu um vislumbre de esperança
para a televisão condenada, revelando como alguns estudos têm mostrado que
certos programas educacionais de TV podem realmente melhorar o vocabulário das
crianças mais velhas. Infelizmente, isso ainda não se aplica aos que têm menos
de dois anos.
Como podemos evitar os efeitos prejudiciais da TV e do tempo na
tela?
Não
é preciso ser cientista para saber que brincar no parque é mais benéfico para a
saúde da criança e o desenvolvimento do que ser sedentário e assistir TV. “Mas
para alguns pais, ir ao parque não é uma possibilidade a toda a hora. Há muitos
fatores complexos que governam a vida e limitam as habilidades como pais. Ao
mesmo tempo, eles se preocupam com o fato de que ver televisão demais vai
diminuir a capacidade de pensamento criativo das crianças. Eles têm vontade, de
todo coração, de se envolver e brincar com os filhos longos períodos do dia, esperam
cancelar quaisquer efeitos negativos que a exposição da tela possa causar. Os
pais de hoje são mais engajados do que nunca na criação de seus filhos,
especialmente quando comparado com gerações mais velhas”, afirma o médico.
Bom senso
Como
conciliar tantos interesses? Usando o bom senso. Embora menos seja melhor
quando se trata de tempo de tela, às vezes, ela é inevitável. Assistir uma ou
duas horas de TV por dia pode prejudicar intelectualmente seus filhos?
Possivelmente não. E cinco a seis horas por dia? Muito mais provável.
O
pediatra Moises Chencinski lista, a seguir, algumas dicas úteis para lidar com
o tempo de tela em casa:
·
Qualidade ao invés da quantidade – “Em
vez de permitir que o seu filho apenas se sente e assista a tudo o que está na
TV, cuidadosamente selecione um programa adequado à idade dele. Escolha
programas que sejam envolventes, estimulantes e educacionais”, recomenda o
pediatra;
·
Tempo marcado é fundamental –
“Defina limites de tempo e siga-os. Use um temporizador para gerenciar as
expectativas das crianças em relação ao que estão assistindo e informá-las
quanto tempo falta para desligar a TV. Evite filmes longos até que seu filho
possa realmente compreender o que está acontecendo neles”, diz o médico;
·
TV como companheira, fazendo barulho –
“Evite que a TV fique ligada o tempo todo. O aparelho não deve ser utilizado
como ‘ruído de fundo’. Em vez disso, coloque uma música apropriada e permita
que as crianças se envolvam e se concentrem em uma atividade específica, quer
você esteja envolvido ou não. Permitir que os filhos se concentrem em jogos
imaginativos, sem distração, é crucial para o desenvolvimento criativo”, conta
o médico;
·
Torne a TV um evento familiar – “Se
você puder, sente-se e desfrute de algum tempo de tela com seus filhos.
Envolva-se com eles, faça perguntas e estimule as habilidades de pensamento
crítico enquanto assistem TV”, recomenda o pediatra.
Moises
Chencinski
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