O quadro mais leve e transitório de depressão, conhecido como “maternity blues”, chega a acometer 60% das mulheres no pós-parto. Os sintomas, como tristeza, choro fácil, labilidade das emoções e desânimo; são sentidos nos primeiros dias, logo após o parto, mas desaparecem com o tempo, em questão de uma ou duas semanas.
Já a depressão pós-parto é mais grave, e pode surgir antes mesmo do parto, no final da gestação. Os sintomas são similares aos da depressão comum, como tristeza, apatia, ideias de culpa, insônia e até desinteresse pelo bebê.
Nos quadros mais críticos, podem ocorrer ideação suicida, havendo também o risco de infanticídio, o que, felizmente, é raro. A frequência de ideação suicida é de cerca de 2% nos primeiros seis meses pós-parto.
A tendência à depressão pós-parto depende da interação de vários fatores, incluindo genética; alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez e no pós-parto; fatores sociais e culturais; além do estresse natural da maternidade.
Mulheres que tiveram depressão pós-parto podem ter novamente em uma gestação subsequente. Sendo assim, é preciso ficar alerta aos sintomas que, possivelmente, podem se manifestar de novo.
O tratamento, dependendo do caso, pode incluir medicação antidepressiva, sempre com orientação médica, principalmente se a mãe estiver amamentando o bebê. Além da medicação, a psicoterapia pode auxiliar a mãe a lidar com as dificuldades e responsabilidade da nova vida.
Fica claro que, neste cenário, o cuidado com o recém-nascido fica prejudicado por parte da mãe. Por isso, a ajuda da família e a intervenção terapêutica são fundamentais. Reconhecer que a depressão é uma doença como outra qualquer, e incentivar o tratamento, ajuda na recuperação da mãe.
Prof.
Dr. Mario Louzã - médico psiquiatra e psicanalista. Doutor em Medicina pela
Universidade de Würzburg, Alemanha. (CRMSP 34330)
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