Entenda como o tabagismo pode
prejudicar seu cérebro
Todos conhecemos a
relação entre fumar cigarro e o aumento do risco para doenças cardiovasculares
e cerebrovasculares, como o AVC. Entretanto, o cigarro também tem uma
relação com doenças neurodegenerativas, menos conhecida,
que discutiremos abaixo.
Primeiro, sabemos
que o envelhecimento é o principal fator de risco não modificável para doenças
neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. Quando analisamos
Alzheimer, entretanto, além da questão "idade" fatores de risco
clássicos para doenças vasculares como tabagismo, hipertensão arterial,
diabetes e dislipidemia são também fatores de risco que podem deflagrar doenças
neurodegenerativas, como Alzheimer.
Segundo, sabemos
que existem aqueles indivíduos em uma zona de fronteira conhecida por
"comprometimento cognitivo leve", quando o indivíduo tem normalmente
um problema cognitivo importante, mas que não o impede de exercer suas
atividades de vida diária. A importância de fatores de risco como fumar cigarro
neste contexto é que indivíduos com comprometimento cognitivo leve terão mais
chance para converter em Alzheimer se fumar um cigarro que indivíduos
não-tabagistas. Assim, evitar o cigarro é uma atitude essencial para diminuir
as chances de Alzheimer.
Em relação à
doença de Parkinson, paradoxalmente, estudos em modelos animais e estudos
epidemiológicos em humanos já demonstraram que a nicotina pode ter um efeito
neuroprotetor. Isto mesmo, neuroprotetor. Este mecanismo é complexo e envolve
liberação de neurotransmissores, modulação de apoptose e necrose, função imune
e aumenta produção fatores tróficos (Trends in Neuroscience v. 27, p.561-8;
2004). Na vida real isto não é tão simples, uma vez que junto com a nicotina
centenas de outros produtos extremamente tóxicos/cancerígenos são aspirados em
um cigarro e não se recomenda, em hipótese alguma, fumar cigarro para evitar ou
atrasar doença de Parkinson.
Como na própria
doença de Alzheimer, o tabagismo associado a outros fatores de risco para
doenças cerebrovasculares acaba contribuindo para piora dos sintomas
parkinsonianos, em particular, no surgimento de sintomas não-motores como a
própria demência associada à doença de Parkinson.
Evitar o
tabagismo, mesmo passivo, é uma atitude importante para se ter um cérebro
saudável por bastante tempo. Mais do que isto, evitar o tabagismo pode
influenciar no desenvolvimento ou no surgimento de complicações relacionadas a
doenças neurodegenerativas.
Dr Andre Felício - Coordenador do Curso de
Pós-graduação em Neurologia da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas
Nenhum comentário:
Postar um comentário