Ablação por
radiofrequência em nódulos de tireoide é uma tecnologia minimamente
invasiva que não deixa cicatriz e segue uma tendência da medicina internacional
em diminuir cada vez mais o número e o trauma de intervenções cirúrgicas
O Brasil está entre as quatro maiores referências
mundiais em Ablação por Radiofrequência em nódulos de tireoide segundo
a Universidade de Columbia, em Nova York (EUA). A citação faz parte de um
estudo da professora de cirurgia endocrinológica Jennifer Kuo, que analisa a
experiência brasileira e busca saber mais sobre os resultados do procedimento
na população norte-americana para avaliar a qualidade de vida dos pacientes
submetidos ao método, em comparação às operações tradicionais com corte.
Dr. Leonardo Rangel é um exemplo de pioneirismo
brasileiro na técnica. O cirurgião de cabeça e pescoço, especialista
em tireoide, médico e pesquisador da UERJ, é um dos três convidados do país a
participar de um webinar gratuito sobre o tema
com grandes profissionais da Universidade de Stanford (Estados
Unidos), no dia 30 de agosto. Será um evento em conjunto com
outros experientes no método, destinado a públicos de todas as
disciplinas, para esclarecer o assunto que ainda é novidade para muitos
médicos.
O Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ), no
Rio de Janeiro, foi o primeiro hospital público do país a oferecer a nova
técnica à população e hoje tem fila zerada para o tratamento. Essa
tecnologia minimamente invasiva segue uma tendência da medicina internacional
em diminuir cada vez mais o número e o trauma de intervenções cirúrgicas. A
doença atinge 300 milhões de pessoas no mundo e no Brasil mais de 60% da
população irão desenvolver o problema em algum momento da vida, segundo a
Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM). Em todas as faixas de idade as
mulheres são até quatro vezes mais afetadas que homens.
Nódulos na tireoide - Apesar
do conhecimento dos fatores de risco, as causas dos nódulos não são bem
determinadas. Quando a tireoide não está funcionando bem os sintomas podem
incluir, além do hipotireoidismo (baixa produção de hormônios), dificuldades
para engolir, falar e aumento da glândula (bócio); o que incomoda
principalmente a estética. De todos os casos diagnosticados anualmente quase
90% dos nódulos são benignos. Esse importante problema de saúde pública leva
dezenas de milhares de pacientes às salas de cirurgia para a remoção total ou
parcial da glândula a cada ano. A tireoidectomia tradicional, apesar de ser bem
estabelecida e com taxas de complicações baixas, causa hipotireoidismo quando
se realiza a remoção total da glândula. A deficiência do hormônio tireoidiano
tem grande repercussão clínica, uma vez que está envolvido com diversas reações
metabólicas. O cérebro, o coração e o tecido adiposo são alguns dos órgãos mais
afetados pelo hipotireoidismo, que se caracteriza pelo ganho de peso, edema
difuso, pensamento mais lento, depressão, diminuição da capacidade de atividade
física e aceleração de ateroesclerose. Quando o diagnóstico é
câncer, a cirurgia é sempre o tratamento indicado.
Ablação por Radiofrequência sem cicatriz - A
grande inovação dessa técnica é a aplicação da radiofrequência para destruir
nódulos tireoidianos benignos, reduzindo seu volume e assim, eliminando os
sintomas compressivos e alterações estéticas. O método é realizado guiado por
ultrassom, com a introdução de uma agulha fina no nódulo sob anestesia local
mais sedação leve por via oral e os pacientes são liberados no mesmo dia. Nos
estudos mais recentes, a incidência de complicações é menor do que os procedimentos
cirúrgicos convencionais.
Contudo, o maior benefício da Ablação através da
radiofrequência é a destruição de tecido nodular com a preservação do tecido
normal, o que confere ao método uma característica única que é tratar, mesmo
nódulos grandes, sem alterar a função hormonal. Outras vantagens são
menor risco de problemas na voz, não é preciso fazer reposição hormonal o resto
da vida, além de não deixar cicatriz no pescoço.
“A redução do volume dos nódulos tratados com
a ablação por radiofrequência ocorre ao longo de seis meses, pois não retiramos
tecido nodular e contamos com o processo de fagocitose (absorção por glóbulos
brancos) para remoção dos tecidos tratados pela radiofrequência. Essa
reabsorção gradual do nódulo alcança uma média de 80% até o sexto mês e pode
continuar até o primeiro ano após o procedimento”, explica Dr. Leonardo.
Apesar da pandemia, até o fim de 2020 quase
cem pacientes da fila do SUS no HUPE terão sido beneficiados pela nova
técnica.
=> Vídeo com o relato da Dra. Jennifer Kuo,
professora da Universidade de Columbia, em Nova York: https://youtu.be/tPJmwbso07Q
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