Medicações
voltadas à fertilidade podem tratar muitos problemas, aumentando as chances de
conceber e ter o sonhado bebê. Esses medicamentos visam temas específicos, portanto,
uma pessoa só deve usá-los por recomendação médica. Tomar remédios para
fertilidade sem um diagnóstico não aumentará necessariamente as chances de
engravidar.
Para se ter uma ideia de números, segundo dados da OMS
(Organização Mundial da Saúde), cerca de 15% dos casais no Brasil têm
dificuldades para engravidar. A
infertilidade pode ser um problema tanto em homens quanto em mulheres. A
maioria dos médicos recomenda a procura de tratamento se uma mulher não
consegue engravidar ou se continua a ter abortos depois de tentar durante 12
meses ou mais.
Para
as mulheres com mais de 35 anos, muitos profissionais recomendam a busca de
tratamento após seis meses tentando engravidar. Mulheres que não têm
menstruações regulares ou que tenham condições médicas que podem afetar a
gravidez devem conversar com um médico antes de tentar engravidar.
“As medicações utilizadas
nos tratamentos buscam melhorar a qualidade e o número dos óvulos, por exemplo,
embora esse aumento deva ser ponderado pelo médico e proporcional aos
tratamentos executados. Obter muitos óvulos e arriscar a gestação de múltiplos
em nenhuma hipótese deverá ser objetivo dos tratamentos. Os medicamentos podem
ser tomados por via oral ou injetável”, afirma o médico Arnaldo Schizzi
Cambiaghi, diretor do Centro de Reprodução Humana do IPGO.
Tipos
de medicamentos para tratar a infertilidade feminina
Algumas
drogas tentam estimular a ovulação em uma mulher que não está ovulando
regularmente. Outros são hormônios que a paciente deve tomar antes da inseminação
artificial. Há mulheres que ovulam irregularmente ou mesmo que não ovulam.
Cerca de 1 em cada 4 com infertilidade tem problemas com a ovulação.
Drogas
que podem tratar problemas de ovulação:
Metformina
(Glucophage):
pode diminuir a resistência à insulina. Mulheres com síndrome dos ovários
policísticos (SOP), especialmente aquelas com índice de massa corporal acima de
35, podem ser resistentes à insulina, o que pode causar problemas na ovulação.
Agonistas
da dopamina:
essas drogas reduzem os níveis de um hormônio chamado prolactina. Em algumas
mulheres, ter muita prolactina causa problemas de ovulação.
Clomifeno
(Clomid):
esta droga pode provocar a ovulação. Muitos médicos a recomendam como a
primeira opção de tratamento em casos de problemas de ovulação.
Letrozol
(Femara):
como o clomifeno, o letrozol pode desencadear a ovulação. Entre as mulheres com
SOP, especialmente aquelas com obesidade, o letrozol pode funcionar melhor. Um
estudo de 2014 descobriu que 27,5% das mulheres com SOP que tomaram letrozol
eventualmente deram à luz, em comparação com 19,% das pessoas que tomaram
clomifeno.
Gonadotrofinas: esse grupo de hormônios estimula a
atividade nos ovários, incluindo a ovulação. Quando outros tratamentos não
funcionam, o médico pode recomendar o uso de um hormônio folículo-estimulante e
um hormônio luteinizante no grupo. As pessoas recebem esse tratamento como uma
injeção ou spray nasal.
Em
cerca de 10% dos casos de infertilidade, o médico não consegue encontrar uma
causa. O termo médico para isso é infertilidade inexplicável. Drogas que
visam estimular a ovulação podem ajudar em casos de infertilidade inexplicada.
Essas drogas podem permitir que uma mulher otimize as chances de conceber
sincronizando a relação sexual. Elas também podem reduzir os efeitos de
problemas de ovulação não identificados.
Hormônios
antes da inseminação artificial
Drogas
não podem tratar algumas causas de infertilidade. Quando isso ocorre, ou quando
um médico não consegue identificar a causa da infertilidade, eles podem
recomendar a inseminação artificial. Inseminação artificial ou intrauterina
(IIU) envolve a introdução de espermatozoides diretamente no útero na época da
ovulação. Isso pode melhorar as chances de conceber quando há um problema com o
muco cervical ou a mobilidade do esperma, ou quando o médico não consegue
detectar a causa da infertilidade.
Medicações que podem ser recomendadas antes da IIU:
Fármacos
da ovulação: o
clomifeno ou o letrozol, por exemplo, podem induzir o corpo a ovular e,
possivelmente, a liberar óvulos extras.
Gatilho
da ovulação:
como o momento da ovulação é essencial, muitos médicos recomendam uma injeção
de "gatilho" da ovulação do hormônio gonadotrofina coriônica humana
(hCG.
Progesterona: esse hormônio pode ajudar a sustentar a
gravidez precoce, e uma mulher geralmente a toma por meio de supositório
vaginal.
A
fertilização in vitro (FIV) envolve a remoção de um ou mais óvulos para
que o médico possa fertilizá-los com espermatozoides. Se os óvulos se
transformarem em embriões, o médico, então, os implanta no útero.
“As medicações injetáveis, chamadas de gonadotropinas ou
gonadotrofinas, são as mais importantes utilizadas nos tratamentos de
fertilização, pois são as que levam aos melhores resultados. Esses medicamentos
contêm o hormônio FSH, que no corpo humano é fabricado pela hipófise e age
diretamente sobre o ovário”, afirma Cambiaghi.
A
FIV requer vários medicamentos, incluindo:
Supressão
da ovulação: se
uma mulher ovula cedo demais, a fertilização in vitro pode não funcionar.
Muitos médicos prescrevem hormônios antagonistas da gonadotrofina para prevenir
a ovulação precoce.
Medicamentos
de ovulação: é
mais provável que a FIV tenha sucesso, como IIU, se os ovários liberarem vários
óvulos. O médico irá prescrever clomifeno ou letrozol para provocar isso.
Disparo
do gatilho da ovulação: a FIV também tem uma chance maior de
sucesso se o médico puder controlar o momento da ovulação usando um gatilho com
o hormônio hCG.
Progesterona: uma mulher que recebe fertilização in
vitro terá progesterona para ajudar a apoiar a gravidez precoce.
Ao
tratar a infertilidade, o médico pode recomendar o controle hormonal da
natalidade temporariamente para ajudar a regular o ciclo menstrual. Também pode
ajudar a preparar o corpo para inseminação artificial.
O
que esperar
Antes
de recomendar medicamentos de fertilidade, o médico deve diagnosticar o
problema, usando exames de sangue e de imagem do útero, das trompas de Falópio
e testes de ovulação. Ele também pode pedir para a paciente traçar seus ciclos
menstruais e medir sua temperatura corporal basal todas as manhãs. Se o
diagnóstico não for uma condição que responda à medicação, o médico pode
recomendar IIU ou FIV. Pode ser que a paciente precise esperar alguns meses
antes de iniciar o tratamento, pois é essencial tomar medicamentos para
fertilidade em dias específicos do ciclo. Se o primeiro tratamento não
funcionar, o médico pode recomendar mais testes, outro ciclo de tratamento ou
um procedimento diferente.
Efeitos
colaterais
Muitas
mulheres experimentam efeitos colaterais ao utilizar medicamentos para melhorar
a fertilidade, especialmente aqueles que contêm hormônios.
Os
efeitos colaterais mais comuns são:
= alterações no
estado de espírito, incluindo alterações de humor, ansiedade e depressão;
= efeitos
colaterais físicos temporários, incluindo náuseas, vômitos, dores de cabeça,
câimbras e sensibilidade mamária;
= nascimentos
múltiplos;
= aumento do
risco de perda de gravidez.
Algumas
pesquisas sugerem que certos medicamentos para fertilidade aumentam o
risco de câncer de ovário e endométrio, entre outros.
Considerações
Apesar
de no Brasil existir uma lei, desde 2009, que obriga os planos de saúde a
cobrirem tratamentos de reprodução humana (11.935), isso não ocorre com
frequência. No entanto, se a infertilidade resultar de um problema médico
sério, como uma infecção ou SOP, o seguro pode cobrir parte do tratamento. Por
tudo isso, para muitas pessoas, o custo é um fator significativo. Decidir sobre
o tratamento correto significa pesar custos e benefícios potenciais.
Algumas
perguntas que devem ser feitas ao médico:
= Qual é a taxa
de sucesso deste tratamento entre pessoas com o meu diagnóstico?
= Qual é a
duração média do tratamento antes de uma gravidez bem sucedida?
= Quanto custa
este tratamento?
= Existe um
tratamento menos dispendioso?
= Quais são as
minhas chances de engravidar se eu não usar drogas para fertilidade?
= Há mais alguma
coisa que eu possa fazer para aumentar minhas chances de gravidez?
Se
uma mulher está tentando engravidar de um parceiro, ele também deve fazer
testes de fertilidade. Em alguns casos, tanto a mulher quanto o homem têm
problemas de fertilidade, e tratar apenas a mulher pode não ser suficiente.
Drogas não podem tratar todas as causas de infertilidade. Por exemplo, as trompas
de Falópio bloqueadas são uma causa comum, e um procedimento chamado
histeroscopia pode muitas vezes tratar a doença.
“A escolha do tratamento deve ser centrada na paciente,
adaptando-se de acordo com cada perfil. Essa abordagem individualizada é especialmente
relevante para otimizar a probabilidade de um ciclo de tratamento bem-sucedido
e para prevenir os riscos de cancelamento do ciclo e complicações. Como foi
citado acima, não podemos nos esquecer do fator econômico. Os custos dos
medicamentos são altos, e isso também deve pesar na hora de escolher o
protocolo de estimulação. Com todos esses cuidados, conseguimos maximizar os
resultados, minimizar os riscos e tornar o tratamento o mais tolerável e
acessível possível”, finaliza Cambiaghi.
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