Existem
consultorias especializadas que podem avaliar a exposição aos riscos e proteger
os profissionais envolvidos
Uma dublê morreu nesta
segunda-feira (14) durante as gravações do filme Deadpool 2. Ela sofreu um
acidente enquanto participava de uma cena em uma motocicleta. O estúdio não
divulgou a identidade da vítima. O ator Ryan Renolds, que interpreta o
anti-herói lamentou a morte da colega.
Pouco mais de um mês
atrás, o dublê John Bernecker também sofreu um acidente fatal durante as
filmagens da série The Walking Dead. Ele caiu de uma altura de sete metros e
teve um ferimento sério na cabeça. Depois do acidente, a produção da oitava
temporada da série foi adiada.
Além deles, o ator Tom
Cruise se machucou durante as gravações do filme Missão Impossível 6. Conhecido
por dispensar dublês nas cenas de ação, Tom não conseguiu realizar um salto
entre dois prédios. O ator, que estava equipado com cabos de segurança,
conseguiu se segurar na beirada do prédio, mas ao se levantar, saiu mancando.
Esse tipo de acontecimento
reforça a importância do gerenciamento de riscos nas produções televisivas e
cinematográficas. Existem consultorias especializadas que podem avaliar a
exposição aos riscos e proteger os profissionais envolvidos. Existem também
corretoras de seguros e seguradoras para proteger os produtores dos impactos
financeiros que esses acontecimentos podem causar.
Em geral, as produções de
Hollywood já contam com esse tipo de proteção. Agora, essa consciência está se
desenvolvendo também no cinema nacional.
Em julho entrou em cartaz
nos cinemas brasileiros o novo filme protagonizado por Selton Mello:
Soundtrack. A obra tem o apoio da consultoria e corretora de seguros Aon. Ao
invés de oferecer apenas um apoio financeiro para a realização do filme, a Aon
fez um estudo dos riscos envolvidos nas etapas de pré-produção, produção e
pós-produção e desenhou o pacote de seguros. A seguradora escolhida foi a
Chubb, uma das pioneiras no segmento.
“Nossa primeira
preocupação foi entender, em termos gerais, como os diretores pretendiam
executar o filme. Precisávamos conhecer o cenário de riscos, a equipe
envolvida, equipamentos, objetos cenográficos, condições e locações onde as
cenas seriam filmadas. Todo o briefing da produção, desde a pré-produção até a
pós-produção”, explica Midiã Borges, especialista em Riscos e Seguros para
Entretenimento e Eventos na Aon Brasil.
O desenho do pacote de
seguros do filme reuniu coberturas como seguro de acidentes pessoais para a
equipe e os prestadores de serviço, morte acidental e por qualquer causa,
invalidez permanente total ou parcial, além de assistência médica e
odontológica. “Diante de um projeto cinematográfico, do seu gênesis até seu
último momento, que é após o seu lançamento, nós estamos sempre administrando
riscos”, analisa Julio Uchoa, Produtor Executivo do SoundTrack.
Com o objetivo de dar
tranquilidade aos produtores, também foram consideradas outras coberturas
importantes que muitos não se atentam na hora da contratação como: o seguro de
responsabilidade civil, que cobre reembolso por danos involuntários, materiais
e corporais, causados a terceiros, decorrentes de acidentes relacionados com as
atividades exercidas para produção e realização da filmagem; o seguro de não
comparecimento, que serve para reembolsar os custos de produção caso um artista
fundamental, ou até mesmo o diretor do filme, não possa comparecer à gravação
em um determinado dia; o seguro designado como suporte, para indenizar o
segurado caso algum acidente provoque a perda do HD onde o filme está
armazenado; e proteção de equipamentos cinematográficos, para ressarcir o valor
de equipamentos de gravação, sonorização e projeção, objetos cenográficos,
figurinos ou veículos de cena que por algum motivo sejam danificados durante as
filmagens ou até mesmo roubados.
“Proporcionalmente, o
custo do seguro é tão barato comparado ao custo da produção cinematográfica,
que a exposição aos riscos não compensa, mas ainda é preciso quebrar alguns
paradigmas e desenvolver uma cultura de seguros no segmento audiovisual
brasileiro. Esse é o nosso papel como consultoria: analisar e cuidar dos riscos
dando tranquilidade para os produtores realizarem sua arte”, acredita Midiã.
Acidentes durante
gravações resultam no pagamento de grandes indenizações
Infelizmente, acidentes no
estúdio são relativamente comuns e podem resultar em ferimentos e fatalidades,
multas e indenizações. “Nos Estados Unidos e Europa, poucas produtoras se
arriscam a iniciar projetos sem coberturas completas para as mais variadas situações.
Com o amadurecimento do cinema nacional, essa percepção também está se
desenvolvendo no Brasil”, afirma a especialista em Riscos e Seguros para
Entretenimento e Eventos da Aon Brasil.
Algumas das principais
empresas cinematográficas do mundo compilaram dados de acidentes em estúdios
desde o ano 2.000 até hoje. Ao todo, foram registradas 37 mortes. “Mesmo que a
produção seja muito cuidadosa e os riscos extremamente bem gerenciados,
acidentes acontecem”, diz Midiã Borges.
De fato, existem diversas
histórias públicas de acidentes em grandes produções. Durante a filmagem de
Guerra nas Estrelas: O despertar da Força, uma porta hidráulica da nave
espacial Millenium Falcon foi fechada no momento errado e quebrou a perna
esquerda do ator Harrison Ford. O evento desencadeou uma investigação do
departamento de Saúde e Segurança do Reino Unido, que aplicou uma multa de £
1,6 milhão na produtora do filme. Na época, o responsável pela apuração disse
que havia “risco de morte”. Felizmente, Harrison Ford sobreviveu.
O ator britânico Roy
Kinnear não teve a mesma sorte na filmagem de O retorno dos Mosqueteiros. Ao
filmar uma cena com um cavalo, ele sofreu uma queda, quebrou a bacia, teve uma
hemorragia interna e morreu no dia seguinte em um hospital em Madri. A família
do ator processou a produtora e recebeu £ 650 mil de indenização.
Durante a gravação de uma
sequência de ação para o filme Cyborg, de 1989, o ator Jean-Claude Van Damme
acidentalmente acertou o colega Jason Rock Pinckney no olho esquerdo. Pinckney
perdeu a visão daquele olho e Van Damme teve que pagar uma indenização de quase
US$ 500 mil.
“Na medida em que a
indústria amadurece, seus riscos vão se tornando mais complexos. A produção
audiovisual brasileira está em transformação e agora precisa desenvolver um
olhar de gerenciamento de riscos”, conclui Midiã.
Aon Plc (NYSE: AON)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirnice blog.
Excluir