No dia 26 de abril, é comemorado o Dia Internacional do Cão-Guia,
uma data que nos convida à reflexão sobre a realidade desses animais no Brasil.
Segundo dados divulgados em 2015 pela Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS), realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, o país
possui aproximadamente 7 milhões de habitantes com algum tipo de deficiência
visual, sendo que 1 milhão têm limitação intensa ou muito intensa e são
impossibilitados de realizar atividades rotineiras.
Apesar da extrema necessidade, a Secretaria Especial de Direitos
Humanos, do Ministério da Justiça, estima que existam apenas cerca de cento e
sessenta cães-guias espalhados por todo o território nacional. Esse número
reduzido se deve à ausência dessa cultura, motivada por fatores como o baixo
investimento para o treinamento dos animais e, principalmente, pela falta de
famílias voluntárias para recebê-los durante o período de Socialização.
Embora a maioria das pessoas não saiba, a preparação desses pets
vai muito além de um simples treinamento temporário: são necessários meses de
convivência com as chamadas “famílias socializadoras”. Desde os três meses de
vida até por volta de um ano e meio, o animal passa por uma socialização com
essas pessoas, que ficam responsáveis por apresentá-lo às mais diversas
situações do dia a dia, como lazer, viagens, transporte público e a convivência
com crianças.
As famílias acolhedoras precisam seguir uma série de procedimentos
e, principalmente, passar grande parte do dia com os cães. Isso é fundamental
para que a sociabilização seja feita da maneira correta e o deficiente visual
receba um animal capacitado a guiá-lo em todas as situações.
Ao final do período de adaptação, o cão
é devolvido para o centro de treinamento, onde aprende os comandos básicos para
assumir o seu papel junto ao deficiente visual. A partir daí, ele passa a usar
a guia e peitoral com alça rígida, que serve para comunicação com o humano.
Dessa forma, o pet vai assimilar que está trabalhando quando usar o acessório e
que, quando não estiver, pode brincar à vontade.
Depois de habituado com os novos
equipamentos e com os comandos, o fiel amigo já começa a adaptação junto ao seu
futuro dono, o deficiente visual, com quem vai conviver muitos e muitos anos –
há casos de animais que atuaram como guias até os 12 anos.
George Harrison - especialista do Instituto Magnus, organização sem fins lucrativos
voltada à criação e ao treinamento de cães terapêuticos e cães de assistência.
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