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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

‘Cinquenta Tons Mais Escuros’: psicóloga analisa comportamento das personagens



 Prática ou jogo sexual, sadomasoquismo só pode ser avaliado como doença quando estiver impondo conflito, sofrimento, dor psíquica ou infelicidade, explica especialista


Jogos de dominação, sadomasoquismo, quarto da dor, romance e sexualidade são alguns dos elementos contidos na famosa trilogia “Cinquenta Tons de Cinza”. Após dois anos do lançamento do primeiro filme, a continuação “Cinquenta Tons Mais Escuros” chega aos cinemas nacionais. A adaptação é baseada no livro homônimo da escritora britânica E.L. James e os fãs do romance, grande parte formado por leitoras, poderão acompanhar uma nova etapa do relacionamento da estudante Anastasia Steele (interpretada pela atriz Dakota Johnson) com o empresário Christian Grey (vivido pelo ator Jamie Dornan).

Lançado nacionalmente no dia 9 de fevereiro – aproveitando o clima do Valentine’s Day, celebrado internacionalmente pelos namorados no dia 14 do mesmo mês –, o filme está novamente entre os mais comentados do momento, principalmente pelas cenas de sexo, que envolvem sadomasoquismo e submissão. Dividindo a opinião dos leitores, o comportamento dos protagonistas pode passar de aventuras sexuais até situações consideradas “anormais” por serem física e psicologicamente dolorosas.

No entanto, de acordo com a psicóloga do Hapvida Saúde, Lívia Vieira, nem sempre é possível dizer o que é “normal” em um relacionamento. “Os comportamentos só se tornam anormais ou patológicos a partir do momento que causam sofrimento, dor psíquica, influindo na qualidade de vida das pessoas e em suas necessidades biofisiológicas, como, por exemplo, causando insônia ou inanição”, explica.

De qualquer forma, segundo a especialista, é preciso ter atenção ao começar um relacionamento, preocupando-se com limites e respeito ao espaço do outro. Porém, as restrições variam de acordo com o casal e os desejos de cada um. “Ninguém é dono ou propriedade de ninguém, não vale tudo no relacionamento, mas não podemos condenar aqueles que precisam se sentir dominados e que se saciam disso”, afirma Lívia.

Esse comportamento de dominação na história também é refletido no relacionamento sexual das personagens, que tem como base o sadomasoquismo – junção das palavras “sadismo”, para aquele que sente prazer ao fazer outra pessoa sofrer, e “masoquismo”, isto é, indivíduo que tem prazer ao sentir dor –, cujo prazer está ligado às questões de poder e domínio. A psicóloga explica que o sadomasoquismo é considerado por alguns pensadores um distúrbio, por outros, uma prática ou jogo sexual e, na abordagem científica, como disfunção sexual.

De acordo com Lívia, o sadomasoquismo possui implicações mais amplas do que o prazer sexual. “Para diagnosticar alguém como sádico ou masoquista, primeiro se investiga as manifestações sexuais em toda a vida sexual da pessoa. Os sádicos sentem prazer em mandar e, muitas vezes, o que não é feito com os seus parceiros sexuais acaba sendo levado para outros momentos da vida”, esclarece.

Segundo a psicóloga, o sadomasoquismo só pode ser avaliado como doença quando estiver impondo conflito, sofrimento, dor psíquica ou infelicidade. Ou seja, quando o parceiro não está aceitando esse tipo de relação é que se constitui o conflito e, por consequência, a doença é diagnosticada.






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