Quando a imunidade está baixa, o organismo fica mais exposto às chamadas doenças oportunistas
Segundo a pesquisa de mercado “Hábitos de Consumo de Suplementos Alimentares no Brasil”, promovida pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais (ABIAD), os suplementos alimentares estão presentes em 59% dos lares brasileiros. A pesquisa aponta ainda para um crescimento no consumo consciente, visto que os cuidados com a alimentação correspondem à preocupação de 72% dos entrevistados.
Outro estudo recente, publicado pela Future Market Insights (FMI), apontou que o mercado global de suplementos alimentares deve ultrapassar US$ 252 bilhões (R$ 1,25 trilhões) em 2025. Segundo a estimativa, o setor deve crescer 7,5% no valor de CAGR, Taxa de Crescimento Anual Composta, em um período de dez anos, entre 2015 e 2025.
Segundo Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP e diretora técnica da Formularium, o mercado vem crescendo não só pela maior preocupação com a saúde, mas também pela dificuldade de manter a ingestão adequada de alimentos em meio a correria do cotidiano, sendo possível consumir todos estes nutrientes sob a forma de suplementos e complexos vitamínicos.
“Já havíamos notado um crescimento na busca de maior qualidade de vida. Com a pandemia, essa preocupação foi intensificada, principalmente em relação ao desenvolvimento do sistema de defesa natural do organismo”, afirma Paula, que também é especialista em Atenção Farmacêutica pela USP e Membro da ANFARMAG (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais).
Segundo ela, o sistema imunológico é composto por uma série de células que mantêm a defesa do corpo, protegendo o organismo contra doenças e infecções causadas por agentes externos como bactérias, vírus e parasitas. Quando a imunidade está baixa, o corpo encontra dificuldade para se proteger, deixando o organismo mais exposto às chamadas doenças oportunistas.
Daí a importância de adotar hábitos saudáveis, incluindo o consumo
de vitaminas e ativos que sejam específicos para o bom funcionamento do sistema
imunológico. Confira os principais:
Zinco
A deficiência do zinco no organismo é um convite para infecções
virais, já que ele atua diretamente na manutenção do sistema imunológico, desde
a barreira da pele até na síntese das hemoglobinas. Também um aliado da
cicatrização de feridas, o zinco é encontrado em alimentos como ostras,
camarão, carnes, cereais, grãos, castanhas, frutas secas, legumes, hortaliças e
tubérculos.
Selênio
Por ser um importante antioxidante, protege o corpo contra o estresse oxidativo. Dentre suas funções, faz o controle dos radicais livres, atuando na resposta do sistema imunológico a infecções. Castanha-do-brasil, nozes, castanha-do-pará, cogumelos e abacate são alimentos ricos em selênio.
“Lembrando que o consumo em excesso do selênio pode ser tóxico ao
organismo, sendo indicado somente cerca de 50 microgramas ou uma a duas
castanhas-do-pará ao dia”, alerta Paula Abdo.
Vitamina A
Dentre suas propriedades, a vitamina A é anti-inflamatória e
possui a função de modular a imunidade. É essencial para a manutenção de
estruturas externas, como a pele e mucosas. Pode ser encontrada em alimentos de
origem vegetal (carotenoides) como espinafre, abóbora, batata-doce e cenoura, e
também em alimentos de origem animal (retinoides) como fígado bovino e ovos.
Vitamina B6
Também conhecida como piridoxina, a vitamina é necessária para a
manutenção das células no sangue, sendo que sua deficiência pode ocasionar
doenças cardiovasculares. Principais fontes alimentares: frango, peixes, nozes,
grão-de-bico, milho, banana, batata, abacate, atum, salmão e semente de
girassol.
Vitamina B12
Assim como a B6, também é fundamental para a formação de células
sanguíneas, além de auxiliar no funcionamento do sistema nervoso e na síntese
do DNA. A B12 é encontrada em alimentos como frutos do mar, fígado bovino,
leite e sardinha.
Ômega 3
Trata-se de um ácido graxo responsável por combater a baixa imunidade e estimular o bom funcionamento do sistema nervoso e imunológico, além de proteger a saúde cardiovascular. Também potencializa a atividade das células brancas do sangue, impedindo que bactérias patógenas causem doenças e infecções.
O ômega 3 está presente em peixes como salmão, atum, sardinha,
truta e cavala. “Neste caso, o consumo diário recomendado é de cerca de 1,8
gramas, ou seja, 300 gramas de peixe por semana”, diz Paula Molari Abdo.
Vitamina C
Pela sua função antioxidante, ela protege o organismo dos radicais
livres, responsáveis pelo envelhecimento das células. Além disso, possui papel
preventivo contra doenças que afetam o sistema respiratório. Os alimentos ricos
em vitamina C são frutas como abacaxi, laranja, acerola, goiaba, limão,
tangerina, morango, caju e kiwi, e nos legumes e verduras, como pimentão,
rúcula, alho, cebola, tomate, agrião e alface.
Vitamina D
Muito além da saúde óssea, essa vitamina é essencial para diminuir
o risco de doenças que afetam o trato respiratório e infecções que atingem o
sistema imune. Pode ser obtida por meio da exposição solar e em alimentos como
atum, salmão e ovos.
Vitamina E
Assim como a vitamina A, ela modula as funções do sistema imune, atuando no combate a doenças infecciosas. Além disso, a vitamina E possui um antioxidante (α-tocoferol) que retarda o envelhecimento das células, auxilia na cicatrização dos tecidos do corpo e previne doenças do sistema nervoso, como Parkinson e Alzheimer.
A vitamina pode ser obtida em óleos vegetais (soja, amendoim,
palma, milho, girassol e oliva), nozes, amêndoas, sementes de girassol, kiwi,
abacate, espinafre, grãos integrais, peixes e leite de cabra.
Cobre
O mineral ajuda na produção de glóbulos brancos e vermelhos na
defesa do organismo, além de propiciar o transporte de ferro no sangue e
oferecer uma defesa natural contra os radicais livres. Exemplos de alimentos
ricos em zinco: frutos do mar, sementes e nozes.
Folato
Atuando em conjunto com a vitamina B12, o folato também auxilia na
formação de glóbulos vermelhos, sendo fundamental para a atividade das células
do sistema nervoso. Pode ser encontrado em feijões, lentilha, aspargos e
morangos.
Ferro
O mineral é fundamental no transporte de oxigênio pela hemoglobina no sangue, no metabolismo energético das células e no desenvolvimento dos organismos de defesa imunológica. Neste caso, a boa aliada é a vitamina C, que ativa a absorção do ferro, aumentando a prevenção do envelhecimento precoce das células e a propensão de doenças oftalmológicas.
O ferro está presente em vários alimentos como carnes vermelhas, gema de ovo, ostra, tofu, cereais, vegetais verde-escuros, como alface, espinafre e brócolis, frutas secas, oleaginosas como castanhas e nozes e grãos como a ervilha, feijão e o milho.
“Vale lembrar que. Entretanto, busque antes o acompanhamento de um
médico ou nutricionista. Estes profissionais podem ajudar a descobrir suas
deficiências nutricionais e os suplementos indicados para você”, finaliza Paula
Molari Abdo.