Em meio a campanha
Setembro Amarelo, é importante falar em suicídio, de vida e da qualidade e
importância da vida. A morte por suicídio é um tema instigante que traz à tona
diversas reflexões a respeito da vida e da morte. A neuropsicóloga Leninha
Wagner propõe a reflexão nas motivações e a tentativa de compreender
psicologicamente as razões pelas quais o indivíduo realiza esse ato contra a
sua própria vida.
A palavra suicídio deriva do latim, sui (si mesmo) e caederes (ação de
matar). Iniciada em 2015, a campanha Setembro Amarelo escolheu este mês porque,
desde 2003, o dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao
Suicídio. A neuropsicóloga Leninha Wagner explica o sentimento de uma pessoa
que comete este ato contra a própria vida. “O suicídio é uma manifestação
humana, como uma “bala de prata” que a pessoa pensa em utilizar quando as dores
da vida tornam essa existência insuportavelmente amarga e dolorida. O ser
humano é a única espécie que atenta contra a própria vida, que elege a morte
como uma escolha, para cessar a dor da alma. Por possuir racionalidade e fazer
uso do intelecto; e de escolhas para si, pensa estar escolhendo o melhor”.
No entanto, a pessoa acaba fazendo a pior escolha. “O sujeito que
escolhe morrer, como saída para um momento ruim, por via de regra está
afundando numa corrente emocional negativa, submerso em uma angústia
avassaladora. Há de fato momentos empobrecidos na vida, onde nem temos o
recurso do amor que ampara, da condição financeira favorável, da situação
profissional confortável, etc”, conta Leninha.
No entanto, ela lembra que a vida é sempre feita de momentos, de fases e
de dias, e por isso é importante pensar que: “A vida é sempre maior que esse
momento adverso. É um equívoco enorme, escolher morrer na tentativa de dar
sentido a uma vida que aparentemente está sem significado. A saída correta
deste emaranhado psicológico é buscar apoio, desabafo, amparo, combater a depressão,
não sucumbir à tentação de anestesiar tantas emoções negativas, com uso de
substâncias entorpecentes, e sim buscar por ações positivas na busca dar valor
e sentido à vida. A sua própria vida. Toda vida importa, e a sua deve ser a
mais preciosa para você”, aconselha.
A neuropsicóloga recomenda também que a acolhida é tão fundamental que
pode salvar a vida da pessoa: “Se você conhece alguém que está em situação de
vulnerabilidade, que esteja dentro de um dos grupos de risco, que possui
comportamentos autodestrutivos, incentive-o a buscar ajuda. Caso seja você a
perceber esse comportamento em si, não hesite em passar por uma avaliação
psicológica/psiquiátrica”. Assim, dar vez e voz àqueles que precisam de amparo
pode ser uma atitude simples, mas certamente fará a diferença para a pessoa que
esteja em um momento de crise, detalha Leninha: “Dê sentimento de pertença.
Pode ser o suficiente para prevenir e impedir esse ato de desespero. ”
E, carinhosamente, ela deixa alguns conselhos: “A vida é grande! A vida
é sempre maior que um momento (ruim). O momento passa, mas vida continua!
Enquanto há vida, há o que fazer, a quem recorrer, pedir socorro. Busque
tratamento! ”, finaliza.
Saiba como
reconhecer uma pessoa que decide morrer:
Quem é esse
sujeito que decide morrer?
Os fatores de
maior risco de suicídio são transtorno psiquiátricos, entre eles:
Depressão,
transtorno bipolar, abuso/dependência de substâncias, transtornos de
personalidade e esquizofrenia.
Outros fatores de
vulnerabilidade:
Idade: jovens
entre 15 e 30 anos e idosos;
Gênero: homens
suicidam três vezes mais que mulheres, mas elas tentam três vezes mais do que
eles.
Também há a
presença de conflitos em torno da identidade sexual;
Doenças clínicas
crônicas debilitantes;
Populações especiais:
Imigrantes, indígenas, alguns grupos étnicos;
Perdas recentes.
História familiar
e genética: Risco de suicídio aumenta entre aqueles com história familiar de
suicídio ou de tentativa de suicídio;
Componentes
genéticos e ambientais envolvidos:
Risco de suicídio
aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou.
Eventos adversos
na infância e na adolescência:
Maus tratos, abuso
físico e sexual, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar, etc;
Entre
adolescentes, o suicídio de figuras proeminentes ou de indivíduo que o
adolescente conheça pessoalmente.
Conflitos
familiares, incerteza quanto à orientação sexual e falta de apoio social;
Sentimentos de
desesperança, desespero, desamparo e impulsividade:
Impulsividade,
principalmente entre jovens e adolescentes, figura como importante fator de
risco. A combinação de impulsividade, desesperança e abuso de substâncias pode
ser particularmente letal;
Viver sozinho:
divorciados, viúvos ou que nunca se casaram; não ter filhos.
Desempregados com
problemas financeiros ou trabalhadores não qualificados:
Maior risco nos
três primeiros meses da mudança de situação financeira ou de desemprego;
Aposentados;
Moradores de rua;
Indivíduos com
fácil acesso a meios letais.
Algumas expressões
que denotam ideação suicida:
“Nada mais parece
fazer sentido, há apenas uma dor tão pesada que carrego e que não consigo mais
suportar...”
“Não aguento mais
viver assim, eu gostaria de viver, mas não assim...”
“Não há mais nada
que eu possa fazer, seria melhor morrer...”
“Parece
simplesmente não existir nenhuma luz no fim do túnel...”
A vida ainda o bem
mais precioso que recebemos, viva de maneira saudável e busque pelo seu
bem-estar.
A vida sempre vale
a pequena!