Estudo mostra que a estatina não substitui os
colírios, mas reduz em até 21% o risco de cegueira. Entenda.
A população brasileira tem pouco o que comemorar
no Dia Nacional de Combate ao Glaucoma celebrado no próximo domingo, 26 de maio. O oftalmologista Leôncio Queiroz
Neto do Instituto Penido Burnier explica
que o glaucoma é uma doença crônica que
degenera as células do nervo óptico e
causa a perda da visão periférica. Em
90% dos casos, observa, resulta do aumento da pressão interna do olho. A doença
não tem cura e exige uso contínuo de colírio para baixar a pressa
intraocular. É causada por uma falha na
drenagem do humor aquoso que preenche o globo ocular. Apesar dos danos no nervo
óptico serem irrecuperáveis, não apresenta sintomas logo no início, porque a perda
da visão acontece na periferia e passa despercebida. salienta. Isso explica porque no Brasil
metade dos portadores nem desconfia que tem glaucoma e quando recebe o primeiro
diagnóstico precisa usar mais de um colírio. Foi o que aconteceu com Luiz Ramos.
“Além de usar dois colírios várias vezes ao dia, já precisei tomar um
comprimido para controlar a pressão do olho que chegou a 39”, desabafa. Para se
ter ideia, o médico diz que a pressão intraocular normal varia de 10 a 21,5
mmHg.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) o
glaucoma é a maior causa global de cegueira definitiva. Queiroz Neto ressalta que está entre as
doenças que mais crescem no país. Isso porque, hoje o Brasil tem uma população
em torno de 8 milhões de pessoas com 40 anos ou mais e a estimativa do CBO
(Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que 3% desta faixa etária têm
glaucoma, ou seja, 2,5 milhões de
brasileiros. Pior: No Brasil os portadores com mais de 50 anos convivem com,
pelo menos, outras 4 doenças crônicas e
algumas podem agravar a evolução do glaucoma.
Colesterol alto e glaucoma
Este é o caso do excesso de colesterol no sangue.
Prova disso é o resultado do estudo https://bit.ly/2LjB2MS publicado este mês no JAMA Ophthalmology. O
estudo avaliou três pesquisas realizadas com 136 mil pessoas na faixa etária de
40 anos ou mais que foram acompanhadas por 15 anos. Os pesquisadores concluíram
que o uso por cinco anos de qualquer uma das opções disponíveis de estatina,
medicamento criado para baixar o colesterol alto, diminuiu em até 21% o risco
de glaucoma primário de ângulo aberto. Já o aumento de 20 mg/dl no colesterol
sérico foi associado à elevação de 7% na pressão intraocular.
Para Queiroz Neto é importante saber que a
estatina diminui o risco do glaucoma, mas é preciso ter cuidado com esta
informação. “Sobretudo porque os colírios permanecem sendo a primeira terapia
para controlar a pressão intraocular com 91% de sucesso”, pondera.
As estatinas, ressalta, também funcionam com
o um
potente anti-inflamatório e antioxidante, além de melhorar a circulação,
variáveis que afetam o resultado do tratamento do glaucoma glaucomatosos.
Outros fatores de risco
Queiroz Neto destaca que o glaucoma primário de
ângulo aberto que responde por 90% dos casos e surge após os 40 anos pode estar
relacionado à herança genética, diabetes ou outros problemas de circulação que
dificultam o escoamento do humor aquoso. Quanto mais a idade avança maior é a incidência.
Outro tipo de glaucoma bem menos frequente é o
primário de ângulo fechado. O especialista diz que é mais frequente em altos
míopes, asiáticos, hipermétropes e usuários de medicamentos que dilatam a
pupila. “Caracterizado por forte dor nos olhos e súbita o aumento da pressão
intraocular é uma emergência oftalmológica,” alerta.
“Doenças autoimunes, lesão nos olhos e o uso
contínuo de corticóide causam o glaucoma secundário de ângulo aberto que pode
surgir em qualquer idade e também é tratado com colírio hipotenso”, explicar.
Hereditariedade e malformação fetal podem causar
em bebês o glaucoma congênito. O oftalmologista afirma que as características
são a olhos excessivamente grandes e pressão intraocular alta. O tratamento é
sempre cirúrgico.
Erros no tratamento
Os prontuários do hospital mostram que 20% dos
portadores de glaucoma não fazem o tratamento corretamente ou simplesmente
abandonam o uso dos colírios. Os erros no tratamento mais frequentes apontados
pelo oftalmologista são: usar mais de
uma gota de colírio em cada aplicação, pingar fora do olho, contaminar o
medicamento encostando o bico dosador na mucosa ocular ou esquecer de instilar
.
As principais recomendações do oftalmologista para
fazer o tratamento correto do glaucoma são:
• Lave as mãos antes de aplicar o colírio.
• Verifique no frasco se é recomendado agitar o
produto antes de usar.
• Incline a cabeça para trás.
• Flexione a pálpebra inferior com o
indicador.
• Com a outra mão segure o dosador
• Coloque o medicamento sem relar no bico dosado,
evitando a contaminação.
• Pressione com o polegar o canto interno do olho
para reduzir efeitos colaterais
• Feche os olhos por 3 minutos para garantir o
efeito
• Se usar lentes de contato retire-as antes da
aplicação
• Recoloque as lentes de contato depois de 10
minutos da aplicação
• Em caso de prescrição de mais de um colírio
aguarde 15 minutos entre um e outro