Professor de Medicina do Esporte dá dicas de como evitar problemas causados por essa combinação
Exercitar-se ao ar livre é uma boa oportunidade para se conectar
com a cidade e observar pessoas e cenários urbanos, além de ser uma atividade
democrática e de pouco investimento. Basta ter um tênis, uma roupa confortável
e disposição. Mas, praticar exercícios físicos durante este período de verão
fora de época, o chamado “Veranico”, pode ser um risco à saúde, em caso de
exposição ao calor, ao clima com pouca umidade e especialmente à baixa
qualidade do ar.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 13 milhões
de pessoas morrem por ano devido à exposição aos fatores de risco
ambiental. E o que é ruim deve ficar pior, porque as mudanças climáticas
podem agravar ainda mais essa situação.
O coordenador do curso de Medicina do Centro Universitário São
Camilo e professor de Medicina Esportiva, Raphael Einsfeld, explica que alguns
cuidados devem ser tomados para que uma atividade prazerosa não se transforme
em um problema. “O ar possui 21% de oxigênio e, à medida em que são adicionadas
partículas inaláveis finas, fica mais difícil de os pulmões absorverem o
oxigênio necessário para as funções do corpo, ou seja, quanto mais poluição, menos
oxigênio chega ao organismo e com isso menos o indivíduo fica capaz de
performar”, explicou.
As partículas inaláveis finas são poluentes com um diâmetro de
menos de 2,5 micrômetros que podem entrar nos pulmões e na corrente sanguínea.
Além delas, o monóxido de carbono, gás invisível e inodoro expelido pelos
veículos automotores, é um risco para quem se exercita nas proximidades de
áreas de grande trânsito, porque podem causar dor de cabeça, náusea, tontura e
vômitos.
Einsfeld explica que, a partir desses fatores poluentes, a pessoa pode apresentar mais dificuldade para respirar e se sentir mais cansada e assim ficar mais predisposta a ter um mal súbito, “principalmente aqueles que já têm alguma patologia, como doença coronariana ou diabetes. Então, a probabilidade de um problema cardiovascular é muito alta, sem sombra de dúvida”, afirmou.
A poluição também aumenta os riscos de problemas respiratórios, como tosse, dificuldade de respiração e infecções. A dica para pessoas mais sensíveis é que nesse caso o tempo destinado à prática esportiva seja reduzido. “Essa mistura de calor, baixa umidade e poluição faz com que contraindiquemos atividades ao ar livre, principalmente quando as temperaturas externas fiquem acima dos 25 graus. As atividades físicas devem ser feitas quando o sol não está a pino, no início da manhã ou no fim da tarde. Também recomendamos os parques, que são áreas mais arborizadas. Exercitar-se à noite, quando não há uma irradiação direta, é outra opção”, finalizou.
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